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SOMA

Bolsa, Finanças, Investimentos
Procura-se uma bolsa de startups
31 de maio de 2016 at 12:04 0

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Apesar dos noticiários estarem com a atenção voltada para os acontecimentos políticos e econômicos, o que temos de certeza é que viver e empreender, a vida pessoal e corporativa, continuam a ser o nosso grande desafio. Seja qual for a sociedade, a questão central passa pelo capital, pela renda, pelo emprego e consequentemente pelas grandes corporações e por milhares de pequenos empreendedores de todos segmentos. Se analisarmos o impacto da atuação dos pequenos empresários e startups podemos ver que, sem dúvida, são eles que mais geram emprego, fomentam a competitividade e oxigenam saudavelmente a economia por meio da descentralização de investimentos.

Grandes cartéis deixam a sociedade estruturalmente na mão de poucos. Podemos afirmar que vários segmentos mantém a concentração econômica bastante elevada. A tendência é aumentar cada vez mais essa predisposição, caso não sejamos capazes de revitalizar ou gerar oportunidade para o pequeno empreendedor e o capital de risco, por meio dos venture capital.

Atualmente, apenas pela via de fundos especializados as pequenas e médias empresas, PME, e startups tem acesso ao capital. Esse único sistema de acesso é muito pouco  em relação à demanda de capital por parte de empresários de negócios, principalmente tecnológicos. A política do último governo foi bastante incentivadora para grandes grupos e despejou bilhões de reais nas mãos de poucos, por intermédio de bancos governamentais. Esta má-formação do capital vem desconstruindo uma melhor distribuição de resultados corporativos.

Por mais de 10 anos a Bovespa tenta implementar sem sucesso o mercado de ações para este grupo, o de startups e PME. Apesar de possuir praticamente o monopólio deste mercado, não consegue atrair nem o capital e nem o empresário, devido a complexidade do sistema desejado e entendido como o justo e o correto para os participantes.

Reepensar no SOMA, com algumas pequenas alterações de uma forma a modernizá-lo para que seja um ambiente que facilite a vida dos empreendedores e investidores, com regras simples e sem grandes burocracias, é uma opção para a Bovespa. Empresas de menor porte teriam um mercado em que possam acessar capital de uma forma mais moderna. O Fintech é um dos exemplos de que a desintermediação  bancária já começou, com empréstimos pessoais em cartões de débitos. Outros sites estão começando a simular levantamento de capital por vias diversas como crowdfunding, por exemplo. Sem dúvida que estes modelos serão mais difundidos, pois a demanda de pequenas empresas e principalmente startups de área tecnológica de aplicativos são a nova tendência.

O brasileiro é um povo muito criativo, ele não pode ter somente um sistema bancário de 5 bancos que detenham 80% e só sabe falar a linguagem do juros. Um artigo no Estadão, demonstra que esses mesmos cinco bancos dominam as OPAs no país. Segundo a reportagem, uma das consequências dessa concentração é a elevação do tíquete médio, inviabilizando a entrada de pequenas e médias empresas no mercado financeiro.

A Bovespa poderia fazer bem mais, nesse aspecto. O “I do my best” não parece ser a sua principal preocupação pois, além de não sair dos mesmo 500 mil investidores, ainda se tornou a campeã em fechamento de empresas. A meta de 5 milhões de investidores alardeada no passado ficou para trás. Esses dados demonstram que o fracasso da Bovespa em abrir o mercado de ações para pequenas e médias empresas é incontestável e deveria ser uma lição para quem trabalha com mercado financeiro. Regras complexas afastam os investidores e mantém o mercado congelado.

Acredito que poderíamos ser bem mais do que somos em mercado de ações. Aproveitando o squeeze de crédito que temos e a alta demanda pelas empresas startups de tecnologia, deveríamos reunir investidores de capital de risco em torno da mesa para entender e tentar usar este momento como o começo de uma nova bolsa que está incubada e adormecida dentro da própria  Bovespa. O SOMA um sistema descomplicado e rapidamente teremos as Fintechs da Bolsa, em que a relação de interesse predomina sobre o monopólio de mercado.

Em tempo de crise, o capital também está a procura de oportunidade que devem ser aproveitadas sem grandes burocracias. Um bom começo é dar chance a milhares de empreendedores de ter um centro de negociação com uma instituição de respeito e competente na implantação das negociações. Uma boa semente a ser plantada é usar o clearing da Bovespa e a revitalização do Mercado de Balcão organizado, deixando a semente plantada crescer com a mesma simplicidade dos aplicativos atuais e a predominância tecnológica.

Aí sim poderemos dizer: I do my best!

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Bolsa
A liderança de Saul Sabbá na criação da SOMA
20 de maio de 2015 at 14:53 0

stock-marketNa década de 90, a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, que na época ainda negociava ações, pretendia ter um mercado de balcão organizado e esboçou o projeto de criação da Soma (Sociedade Operadora de Mercado de Ativos).

Foi então que diretores da Bolsa do Rio procuraram Sabbá, que conhecia bem a modalidade de mercado de balcão. “Falei que o projeto era muito bonito, mas que não iria funcionar.”

Havia um detalhe que o projeto não contemplava: 90% das empresas que eram negociadas no mercado de balcão provavelmente não iriam querer ser listadas na Soma. “Não tinham interesse de ir para um mercado organizado porque, para elas, era melhor que seus papeis ficassem depreciados.”, diz Sabbá.

Dessa forma, se a empresa fosse bem-sucedida, os próprios controladores poderiam recomprar suas ações por preços mais baixos.

Para resolver esse problema, Sabbá levou uma ideia à Bolsa: criar a opção de os investidores listarem as empresas no mercado. A CVM ponderou que deveria haver um responsável pelas operações e sugeriu a adoção dos Market Makers, operadores do mercado de balcão que registrariam, eles próprios, os papéis da empresa e lhes dariam liquidez sempre que um investidor quisesse comprar ou vender alguma ação. “Sem dúvida, eles estariam fazendo um benefício tanto para o investidor quando para a empresa, que ganharia liquidez”, explica Sabbá.

Ele argumentava com a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) que a Soma prestaria um serviço para os milhares de acionistas de empresas de telefonia que não eram tradicionais investidores do mercado de ações e que acabaram por deter esses papéis porque haviam comprado linhas telefônicas. “Na medida em que houver um mercado para vender papeis como os da Teleceará, Teleacre ou Telemaranhão, cria-se uma oportunidade para esses investidores”, disse Sabbá ao então presidente da CVM, Francisco da Costa e Silva.

Como não poderia esperar que os governos do Acre e do Ceará assumissem os custos da abertura de capital dessas empresas, foram criados os Market Makers.  “Assim o investidor teria a opção de vender seus papeis em um mercado em que o preço era transparente e, não mais, para os chamados “zangões’”.

Zangões eram profissionais que costumavam garimpar papeis que não tinham um mercado formado e tiravam vantagem de sua falta de liquidez e transparência, oferecendo por eles valores mais baixos do que realmente valiam.

Costa e Silva achou justa e coerente a ideia de Saul Sabbá e ela emplacou. No entanto, mesmo entre os traders havia resistência. Eles argumentavam que organizar o mercado de balcão seria ruim, porque haveria mais transparência e outros investidores também enxergariam o potencial de ganhos da empresa, o que tornaria sua vida mais difícil.

Saul Sabbá refletiu que, se por um lado esses operadores do mercado de balcão perderiam parte dos ganhos, haveria ganho em volume e, sendo especialistas nesse mercado, estariam à frente de outros traders. “Pensei que todos esses ativos, papeis bons, que estavam baratos por falta de liquidez, tenderiam a ter uma demanda maior quando fossem para o mercado regulamentado, o que possivelmente se refletiria em melhores preços”, conta Saul Sabbá.

De fato, quando o mercado de balcão foi então organizado, esses operadores viram as ações se valorizarem e não tiveram dúvidas sobre a abertura dos mercados, conseguindo melhorar seus resultados.

Confira também vídeo no qual Saul Sabbá fala sobre as tendências de mercado para 2015

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