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Saul Sabbá

Finanças, Política
Independência do Banco Central
29 de abril de 2016 at 13:25 0
independência do banco central Durante a campanha eleitoral de 2014, falou-se muito sobre a independência do Banco Central. Com a crise econômica e a deterioração da nossa moeda, o assunto voltou às manchetes dos jornais como uma medida possível em um provável governo Temer. Cotado como Ministro da Fazenda do novo governo, o ex-ministro Henrique Meirelles defendeu semana passada a independência do BC. Há de fato benefícios em deixar que o Banco Central corra solto às políticas do governo? Desde que foi fundado, em 1964, o Banco Central nunca foi independente, pelo menos no papel. Porém, alguns governos o deixaram funcionar com bastante autonomia, como durante a implementação do Plano Real, na década de 90. Durante a implementação do Plano Real, que acabou com a hiperinflação e estabilizou nossa economia em 1994, o Conselho Monetário Nacional deixou de possuir inúmeros membros, passando apenas a três: o Ministro da Fazenda, do Planejamento e o presidente do Banco Central. Essa tríade passou a controlar com lupa os gastos públicos e guardar a estabilidade monetária do país. Nos governos seguintes, houve mudança de diretrizes e o Banco Central passou a responder ao Ministério da Fazenda. Em resumo, o BC passou a acompanhar as políticas fiscais do governo, como por exemplo: a redução da taxa de juros para aumentar a oferta de crédito à população e estimular o consumo. Essas políticas, apesar de estimularem o crescimento do PIB, foram causadoras da alta da inflação, que é um dos efeitos da expansão monetária. A estratégia do governo, que pretendia impulsionar a atividade econômica acabou por, além de aumentar a inflação e diminuir o consumo, criar os chamados pibinhos. A diminuição do PIB brasileiro afetou famílias e empresas. Hoje, qualquer governo que queira seguir rumo à retomada econômica deverá repensar as políticas fiscais e fazer muitos ajustes. A possibilidade de Henrique Meirelles novamente no governo anima o mercado, pela sua biografia e seu grande conhecimento do mercado financeiro e experiência na vida pública. Um BC independente pode ser uma possibilidade de menor pressão política e talvez possamos pensar de verdade nas soluções a longo prazo. O Brasil deve começar a trabalhar com os olhos nas próximas décadas, não somente no dia de amanhã. Seguimos na esperança de que as coisas mudem e comecemos a navegar sempre para o futuro.  
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Política, Tecnologia
I’m watching you e milhões de outros eleitores também
25 de abril de 2016 at 11:02 0
política na internet

A primeira parte do processo de impeachment foi marcada por uma grande demonstração de mudança de conduta política. Essa metamorfose comportamental ficou extremamente clara no posicionamento de diversos deputados que, ao se posicionarem pelo impedimento ou não da presidente, deixaram claro que seu voto não era pelo que acreditam, mas pela necessidade de atender aos apelos das ruas e do eleitorado que, em sua grande maioria, apoia o processo de impeachment da presidente.

A pressão da sociedade em torno de um fato político não é notícia, mas o fato destes apelos terem sido ouvidos é uma novidade. O grande agente dessa mudança foi a tecnologia, que proporcionou ao povo as redes de relacionamentos. As plataformas sociais impulsionaram a disseminação de informação, o que deu aos movimentos como MBL, Vem para Rua e inúmeros outros uma importância jamais vista pelos políticos. Antes acostumados a ver o eleitor à distância, eles perceberam a vontade e a participação do povo de forma objetiva e direta.

Os dedos ágeis dispararam milhares de e-mail, tweets, posts de Facebook e mensagens de WhatsApp. Esses terabytes de cobrança massacraram e colocaram um holofote sobre os deputados, inclusive alguns que, em algum momento, chegaram a pensar que, assim como no passado, talvez houvesse espaço para negociação de benefícios. Pela primeira vez no Brasil, as redes sociais falaram mais alto que os interesses próprios, mostrando poder de organização na convocação espontânea para as manifestações como também para pressionar a classe política pelos direitos e vontade da maioria.

O megafone digital do povo surpreendeu até mesmo o Partido dos Trabalhadores, aquele com melhor compreensão sobre mobilização social e que, em seus 36 anos de vida, aprendeu como ninguém a arte do marketing ideológico. Mas nem toda essa experiência foi suficiente, e os profissionais ficaram muito atrás dos movimentos espontâneos. Comandados por meninos com discurso de homens, esses movimentos são movidos pela vontade de mudança, e deixaram claro que a política vai mudar pela governança da informação.

Antes isolada em Brasília, a classe política de agora em diante é monitorada a todo minuto e suas atitudes políticas e pessoais são avaliadas como decisões de estado. A participação proporcionada pelas redes sociais colocará Facebook, WhatsApp e as outras redes, daqui para frente, em pé de igualdade com as grandes mídias na balança da importância.

O distanciamento ficará cada vez mais difícil de ser atingido e os partidos e políticos que não mantiverem coerência partidária e de governança política de suas propostas e projetos terão problema. O que antes levava anos para vir a público hoje leva minutos. A participação proporcionada pela tecnologia trouxe um contingente gigante ao fórum de debates ideológicos, partidários e sociais.

O governo já admitiu que o processo de impedimento iniciado pela câmara dificilmente será parado no Senado, e a adesão constante de novos Senadores pela aceitação do impeachment deixa claro que o processo construído pelas ruas continua em funcionamento. Não tenho dúvida alguma de que as redes sociais sejam a razão desse posicionamento do Senado. Nossos parlamentares não devem esquecer do conceito “I'm watching you", e nem dos milhares e-mails e WhatsApps recebidos das duas partes do processo.

Espero que o engajamento social pelo impeachment abra uma nova janela de esperança, com a melhora substancial da qualidade de nossa classe política, que deverá se ater mais ao compromisso com a verdade e com a sociedade, e não somente à ideologia partidária. Brasil deve ser governado para o cidadão e não para os partidos, como vimos até hoje. Se essa pressão popular continuar, há sim um veio de esperança.

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Bolsa, Câmbio, Finanças, Investimentos, Política
Day after econômico
12 de abril de 2016 at 14:37 0
impeachment

Cada dia que passa os cenários ficam mais confusos, pelas apostas em ambiente político e econômico. O desemprego aumentando a passos largos, inadimplência da cadeia organizada de fornecedores e dívidas bancárias, assim como a inadimplência em todos segmentos estão se acentuando com o passar dos dias. Desta forma, onde iremos ancorar as nossas expectativas de uma solução econômica que está a reboque da solução política sobre quem governa o país? Cada vez mais se acumula um grau maior de incerteza causada pela falta de ação governamental, o que está temporariamente paralisado pela disputa de poder.

Para o mercado em geral, a esta altura não interessa a questão da discussão sobre o contexto Jurídico e sim o que pode vir a impactar a vida de modo geral, pois alguns consensos já estão formados em relação ao que precisa mudar para que a economia volte a sinalizar confiança e que possamos voltar a rodar com perspectiva futura e os investimentos voltem a se normalizar.

A única certeza que temos é que para qualquer projeto econômico que dê perspectiva econômica para o país mudar sua rota de colisão, teremos de passar por reformas estruturais no Congresso, como a questão da previdência e até cortes nos benefícios sociais, além de outras que estão travadas. Essas medidas têm custo político de implementação pela impopularidade.

O embate do governo se cristalizou neste momento entre Dilma e Temer, juntamente com ala do PMDB que saiu da base aliada. O seu programa econômico batizado Plano Brasil, sem dúvida não apresenta grandes novidades, mas é um plano bem coerente e cola mais com o mercado embora também precise de apoio político, pois só será factível com medidas de aprovação junto ao Congresso. E é neste fato que o mercado enxerga maior probabilidade de reorganização econômica, dada a maior capacidade do partido em trazer o PSDB para apoiar o projeto junto ao Congresso.

A expectativa política e econômica, principalmente câmbio e bolsa estarão ancoradas nas votações da Câmara sobre o impeachment em todos os estágios, primeiro sobre a aprovação do encaminhamento do voto do relator que ontem foi aprovado, tendo agora o embate final no domingo próximo pelo Congresso. Mas acredito que o mercado já precificou grande parte do rito do impeachment dentro da velha máxima de mercado, que é: "sobe no boato e cai no fato".

Em um cenário onde o atual governo vença a disputa no Congresso, sem dúvida o novo governo Dilma deverá tentar reorganizar as suas bases políticas com partidos de menor expressão, como PCdoB, PSOL, PP e outros partidos menores de um governo mais à esquerda, além dos movimentos sociais como CUT, MST e outros que ganharão peso e tenderão a exigir um plano econômico que atenda ainda mais as demandas sociais deles em seu governo. Eles se fortalecerão e cobrarão a conta da salvação do seu governo. Sem dúvida será uma grande dor de cabeça para o novo governo Dilma/Lula.

Lula tem dito que a prioridade será novamente o emprego e crescimento e é deste discurso dissonante da realidade fiscal que o mercado não gosta, apesar de saber que normalmente o discurso de rua é repactuado com a realidade econômica. E Lula sabe bem como a economia funciona e também sabe que precisará acalmar os mercados novamente, como foi o caso quando se elegeu pela primeira vez. Assim, possivelmente tentará a mesma fórmula que deu certo em outros tempos e apresentará o nome de um Ministro da Economia que gere uma expectativa positiva, tentando induzir o mercado e a economia a superar este momento de crise aguda econômica.

Sem dúvida a tarefa do atual governo em caso de vitória será mais árdua do que a do Vice-presidente, pois o cacife de credibilidade está muito pequeno para dar a volta por cima de todos os problemas que não são apenas políticos, como os outros escândalos que vêm assolando o partido do PT.

Assim, para contextualizar os dois cenários: o atual governo deverá  gerar maiores expectativas econômicas, dadas as dificuldades em recompor a sua base política, além de o próprio PT não conseguir acomodar todos interesses suprapartidários e próprios em relação à ocupação de cargos deixados pelo PMDB. Neste ponto, tanto dólar como a bolsa deverão sentir o impacto negativamente.

Já um novo governo assumido pelo Vice-presidente Temer, que será mais previsível e menos compromissado com qualquer ala, poderá gerar acordos mais "easy way" no mundo político, necessários para implementar reformas no Congresso.

Não adicionei mais pontos de imprevisibilidade de cenário alternativo, pelas variáveis como a Lava Jato e o TSE. Isso nos faria perder o foco no curto prazo.

Assim, a melhor parte do "day after" é termos alguma definição de para onde o país irá se dirigir, sem desconsiderar as dificuldades e desafios de ambos os lados, o que será sinalizado nesses próximos dias de definição, pois o país não aguentará por mais tanto tempo a disputa de poder.

 
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Finanças, Juros, Política
A concentração bancária e a crise no Brasil
29 de março de 2016 at 12:22 0
concentração bancária

O segmento bancário brasileiro está seguindo cada vez mais a tendência do “Too big to fail” (grande demais para falhar). Isso fortalece o sistema, mas ao mesmo tempo deixa o mercado financeiro vulnerável a um número reduzido de Bancos, a chamada concentração bancária.

Ontem lemos no Jornal Valor Econômico uma matéria que fala justamente dos efeitos negativos causados pela concentração bancária às empresas. A matéria nos conta que as empresas brasileiras já passaram por várias crises, mas nunca tendo uma concentração bancária tão grande. A dificuldade em conseguir crédito, complica a vida dos empresários. Houve um êxodo dos bancos estrangeiros, encolhimento dos médios bancos e os bancos públicos estão sem capital, o que agrava ainda mais a crise que vem se instalando no Brasil há dois anos, refletindo diretamente na geração de emprego e renda da população.

As notícias são preocupantes. As manchetes desta segunda-feira também nos mostram o fechamento de mais de 4 mil fábricas no estado de São Paulo em um período de um ano, o que é o retrato do desemprego no país. As empresas que conseguiram tomar empréstimos estão tendo dificuldades para honrar com suas dívidas e a inadimplência também tem sido crescente. Por isso muitas são obrigadas a demitir ou até mesmo fechar as portas.

Neste cenário de incertezas, os bancos – especialmente os menores - não emprestam para as empresas que estão em situação grave e indefinida. Passamos a enfrentar uma crise de liquidez e muitos dos bancos menores estão sendo absorvidos pelos grandes, através da compra de títulos de crédito por exemplo, que começou quando o BC liberou os compulsórios, numa manobra de tentar salvar os pequenos.

Mas como melhorar o patamar e ajudar a economia neste cenário da concentração bancária? O ideal seria que tivéssemos mais espaço para o trabalho dos bancos segmentados, que atuariam em setores específicos como, por exemplo, as microempresas. Seria bem melhor que cada setor do mercado tivesse uma opção de instituição financeira que o atendesse com os olhos voltados aos seus problemas específicos. Em outro artigo eu disse que já passamos da hora de repensarmos o modelo dos bancos pequenos e médios.

Por sorte temos visto um movimento incansável da sociedade para que o governo tome posições econômicas consistentes e é o que esperamos que aconteça, pois apenas isso poderá recobrar a credibilidade e começar a mudar o panorama para melhor.

***

Leia mais no meu artigo sobre concentração bancária no Brasil.

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Investimentos
Estímulo ao mercado imobiliário
9 de março de 2016 at 17:44 0

mercado imobiliário As notícias de que o mercado imobiliário e a construção civil estão passando por uma crise muito difícil têm saído nos jornais diariamente. Hoje mesmo vimos a notícia de que lançamentos de imóveis em São Paulo caíram 37% em 2015.

Por isso, o governo e o Banco Central precisam pensar em algo para estimular a economia. Percebemos que não estão tão avessos a esses estímulos lendo a notícia de que estudam novas medidas para estimular o setor imobiliário.

De acordo com a matéria do jornal O Globo, o Banco Central criou um grupo de trabalho que vai estudar a redução dos compulsórios, a pedido de empresários que têm sofrido principalmente com os distratos (desistência dos compradores), que atingiram 40% em 2015.

A matéria diz que “de acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), o valor dos financiamentos com dinheiro da caderneta caiu 30,9% em janeiro na comparação com dezembro. Foram financiadas no período menos 135 mil unidades (queda de 38,5%).

O GT criado vai estudar, principalmente, o impacto que essa redução pode ter na dívida pública. A escassez dos recursos da poupança e o travamento do crédito habitacional estão deixando a construção civil à beira de uma crise irrecuperável e o aumento de crédito pode ajudar muito no destravamento do setor, reduzindo os distratos e a vacância.

Os compulsórios são o dinheiro captado por bancos através da Poupança e que ficam retidos no BC. Falam em injetar no mercado cerca de R$ 25 bilhões, com a redução de apenas 5% dos compulsórios, o que estimularia os bancos a ampliar o crédito imobiliário.

Eu acredito que essa seria uma boa saída, viável no momento, que ajudaria a estimular a economia e daria fôlego para o segmento. O enfoque do vice-presidente da Caixa Econômica Federal é de que as famílias, apesar do medo de contraírem dívidas durante a recessão, também continuam com o objetivo de ter sua casa própria e essa seria uma possibilidade de muitos saírem do aluguel, além de preservar empregos dos trabalhadores da construção. Faz sentido.

O maior desafio do BC, como venho dizendo nos meus artigos, é a decisão dos juros. O aumento dos juros é visto como medida para reduzir a inflação e, no caso, prejudicaria os empréstimos. Apesar das ações divulgadas pela Caixa ontem para estimular o crédito imobiliário, ainda isso é insuficiente (elevou em 70% a cota de financiamento para imóveis usados), diante da diminuição drástica dos recursos disponíveis na Poupança, apesar de positivo.

Vamos ficar atentos às decisões desse Grupo de Trabalho e torcer para que saiam propostas que façam com que o governo tome as decisões necessárias.

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Bolsa, Investimentos, Tecnologia
Novidade: crowdfunding para projetos imobiliários
7 de março de 2016 at 14:51 0
crowdfunding

Vejam que interessante a matéria da BBC que li hoje sobre as novas oportunidades que surgem com o avanço da tecnologia. O Synapse Development Group (SDG) decidiu investir em um novo projeto de hotel – uma nova filial do high tech Yotel em San Francisco (EUA) – através de um site de financiamento coletivo. Com a promessa de descontos em diárias e outras diversões, mais retorno anual de 18% a 20%, foram atraídos investidores do mundo inteiro, que na primeira etapa investiram em média US$ 50 mil.

De acordo com o diretor executivo do SDG, “Hotéis frequentemente são mais rentáveis que outros ativos no mercado de imóveis. Sendo assim, sob uma perspectiva de investimento, atraem bastante a atenção especialmente em mercados maiores.”.

Uma empresa especializada em financiamentos coletivos, a Massolution, estima que os investimentos para negócios imobiliários através do crowdfunding movimentaram US$ 1 bilhão em 2014 e evoluíram em 2015 para cerca de US$ 2,5 bilhões.

Vários lugares do mundo têm divulgado seus projetos imobiliários, especialmente para construção de hotéis, em sites de financiamento coletivo. Tudo começou nos Estados Unidos e expandiu para outras regiões como Emirados Árabes e Tailândia, por exemplo, variando as regras, de acordo com cada local, sobre quem pode investir.

Normalmente, a oferta é a venda de ações, podendo o investidor se tornar dono de uma pequena parte do negócio ou da companhia.

Com US$ 10 mil, em geral, você já pode fazer um investimento mínimo ou diversificar as compras dentro de vários projetos.

Mas a prudência, como em todo investimento, deve ser bem observada. Há riscos, é claro. Como no financiamento coletivo praticamente não se interage com o dono do negócio, é imprescindível a cautela de verificar como outros projetos foram geridos. A ingerência do negócio costuma ser a principal causa de perda.

Porém, ainda de acordo com a matéria, o sucesso tem sido garantido em 80% dos casos. Bacana, não acham?

Leia a matéria completa com mais detalhes e informações, que eu quis compartilhar hoje com meus amigos e leitores.

Infelizmente no Brasil ainda não temos essa modalidade de investimento imobiliário, porém estamos num momento em que podemos aproveitar o segmento. A MP 694, que tributava os lucros sobre os investimentos imobiliários, espantou investidores e derrubou preços das cotas. Muita gente saiu perdendo, mas a proposta foi retirada neste ano e tivemos uma pequena melhora no mercado. Por conta da crise e da dificuldade em repassar a inflação para os preços, ainda é um investimento arriscado. Além disso, a taxa de vacância está muito alta. Porém, para alguns especialistas o risco esse ano é menor do que no ano passado. Precisamos sempre observar a diversificação e a gestão ativa dos negócios, para correr menos riscos.

Com a maturidade do mercado de crowdfunding no Brasil, oportunidades como esta aparecerão e poderiam ajudar no crescimento do país, pois o turismo é uma ótima maneira de atração de capital. Acompanhar a tecnologia da informação e diversificar modalidades é abrir muitas novas oportunidades; e a inovação no mercado financeiro é fundamental para o sucesso de muitos.

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Bolsa, Investimentos
Por que a Bovespa quer a Cetip?
2 de março de 2016 at 10:44 0
bovespa cetip
Após alguns meses, a Bovespa faz nova tentativa de compra da Cetip e parece que poderá ter mais sucesso, pois as péssimas condições de mercado em geral, com a conjuntura caótica dos preços das ações, favorece as fusões. O presidente do Conselho de Administração e o presidente executivo da BM&FBovespa divulgaram uma carta aberta aos acionistas explicando os principais benefícios que resultariam dessa fusão. Segundo a carta, o resultado seria uma maior eficiência operacional. Apesar das tentativas da Bovespa em aumentar o seu share, ela continua tendo dificuldades de penetração neste mercado de renda fixa. A Cetip também não conseguiu evoluir em outro mercado além do que atua, pois é a única empresa nacional que poderia se constituir de fato como uma Bolsa concorrente. Então, por que é importante a Bolsa consolidar o mercado da Cetip que domina o mercado de renda fixa ha décadas? São vários pontos positivos e outros negativos sobre essa compra que podem dizer se ela será benéfica ou não: No lado positivo, a fusão causará um fortalecimento da Bolsa brasileira, onde consolidaria os dois principais ativos, ações e renda fixa. Assim, poderá melhorar a eficiência de garantias para uma só clearing que se comunica, gerando maior possibilidade de coberturas de margens através de dois tipos de garantias: de ações e renda fixa. Isso daria um incremento de receitas de sinergias operacionais. Certamente aumentaria a lucratividade das duas através de outros serviços consolidados. Pelo lado negativo, eu diria que o ponto principal está na cultura da Bovespa em fazer os mercados baseada em sugestões teóricas, como vimos acontecer com o mercado de "over the counter" ou mercado de balcão, assim como aconteceu com a BBF - Bolsa Brasileira de Futuros. Estas duas e únicas aquisições das quais me lembro, tiveram simplesmente o objetivo de retirar o player ou concorrente do jogo, usando o argumento de que a consolidação seria benéfica ao mercado. O que vimos foi exatamente o contrário, pois a Bolsa comprou a SOMA (nome desta Bolsa de balcão, que foi desenvolvido pela Bolsa do Rio de Janeiro em comum acordo com as outras Bolsas regionais), com o objetivo de ser uma ponte para empresas que ainda precisavam de maior incentivo educacional para amadurecer como Cia. aberta, mas a SOMA foi enterrada em uma gaveta e a Bovespa patina até hoje, quase 10 anos depois, na implantação do Novo Mercado que foi idealizado pela mesma. Não quero polemizar a questão da SOMA, pois sempre fui um crítico desta aquisição pela Bovespa e o resultado fala por si só: é incontestável o fracasso do projeto da Bovespa para pequenas e médias empresas. O caso da BBF do Rio de Janeiro também teve o mesmo caminho: igual objetivo de consolidar e fortalecer o mercado, mas o projeto foi enterrado. Quero crer que o caso da  Cetip poderá ter um fim diferente das demais aquisições, embora não seja o que demonstra o passado. Se acaso for a estratégia da Bolsa somente retirar o concorrente player do mercado, poderemos ficar preocupados com as consequências do monopólio. Acredito também no fato de que a vontade da oferta de aquisição pode ter sido motivada pela percepção futura dos mercados globais, diante da situação econômica dos países que vêm se dividindo no primeiro mundo buscando equilíbrio econômico, como: EUA, Inglaterra, Canadá, Suíça, Alemanha. Esses são os chamados países desinflacionários, ou mesmo que precisam fabricar um pouco de inflação. Eles atrairão cada vez mais investidores para suas bolsas, pois cada vez menos investidores encontram razão para investir em bolsas locais e não globais, pois hoje podemos comprar empresas nacionais em bolsas de NY, Londres ou Zurique. Já nos países chamados inflacionários, como o nosso e outros latinos, a principal atratividade por um bom período será a renda fixa, pois estes tenderão a pagar taxas de juros muito mais atraentes que o chamado primeiro mundo em termos de estabilidade econômica. O mais racional é que os investidores busquem a Equity: bolsas de primeiro mundo e renda fixa de segundo e terceiro, pois como sabemos o juros negativo já é uma realidade contemporânea e acentuará esta diferença agora. Assim, pode ser que a Bovespa esteja vislumbrando perder mercado - não pela concorrência interna, mas sim pela demanda dos investidores que poderão se deslocar para as bolsas de países mais desenvolvidos podendo investir diretamente em empresas locais. Os investidores são mais atraídos pelas vantagens de se estar em um mercado com melhor qualidade de informação, mais liquidez e melhor capacidade do acionista minoritário se defender. Vejamos o exemplo do impacto da derrocada da Petrobras, cobrando indenizações via grandes escritórios de advocacia para defenderem investidores consorciados. De qualquer forma, a compra da Cetip pela BM&FBovespa poderá ser o equilíbrio entre esses pontos positivos e negativos, abrindo uma possibilidade real de que a fusão poderá ser benéfica ao mercado como um todo. Fazer o simples nos dias de hoje pode ser a maior virtude de uma empresa. Se a Bovespa adiquirir a Cetip para ganhar cultura e tiver a capacidade de entender a diferença entre as duas  empresas, poderá vir a ter sucesso. Vimos isso acontecer com algumas empresas, como exemplo o Itaú, Unibanco, Ambev e muitas outras que souberam ter a humildade do aprendizado e adaptar a realidade dos projetos funcionais e não sonhos de primeiro mundo. Welcome to the reality, Brazil.
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Bolsa, Câmbio, Finanças
Moody’s rebaixa Brasil com perspectiva negativa
25 de fevereiro de 2016 at 16:15 0

grau de investimento

Em setembro de 2015 a Standard and Poor’s rebaixou o grau de investimento da economia brasileira. Este movimento foi um choque de realidade para o governo brasileiro, que ainda não tinha assumido publicamente a gravidade da crise. Em dezembro foi a vez da Fitch rebaixar a nota brasileira. A Moody’s, única agência de classificação de risco que ainda mantinha o grau de investimento brasileiro, cortou ontem 2 níveis da nossa nota de uma só vez. O Brasil atualmente é classificado pela Moody’s como Ba2, considerado o nível "junk”, ou uma economia especulativa, não confiável para os investidores.

Uma série de fatores foi determinante para que a Moody’s seguisse esse caminho, assim como aconteceu com a S&P e a Fitch. Além da deterioração nas métricas de crédito do Brasil, o baixo crescimento e o descontrole das dívidas públicas foram determinantes. A perspectiva de que em breve a dívida pública brasileira deverá atingir 80% do nosso PIB é assustadora para os analistas de risco. A falta de credibilidade política também foi um fator determinante nesta decisão.

Segundo a agência, se continuarmos como estamos, ficaremos por dois ou três anos no chamado “crescimento anêmico”, que é quando não há crescimento significativo. A receita é simples: uma economia estagnada não produz dinheiro novo, logo o pagamento de dívidas é prejudicado. Fica também muito difícil conseguir dinheiro para que o governo promova investimentos. Com a taxa de juros se mantendo elevada, o Brasil terá muita dificuldade em pagar a dívida, porque só os juros vão representar aproximadamente 20% de toda receita do governo.

A próxima reunião do Copom será um desafio para o BC, pois apesar do aprofundamento da recessão, a inflação não tem dado trégua como esperado. A grande dificuldade em avaliar a economia daqui para a frente, complica ainda mais a tomada de decisões. O IPCA mais recente demonstrou claramente que o efeito da queda de atividade no Brasil ainda está longe de quebrar a inércia da indexação dos preços administrados, além da inelasticidade de alguns mercados nos preços praticados, o que deixa o efeito da recessão mais rígido e o processo de recuperação mais lento.

Possivelmente seremos obrigados a aprofundar ainda mais a crise para que a inflação comece a cair, pois o efeito da força da política monetária via juros, aparentemente, continuará neutro. Mas apesar de toda dificuldade do quadro, temos de seguir em frente e nos mantermos firmes e confiantes que muitas oportunidades também deverão surgir.

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Juros
Juros negativo
17 de fevereiro de 2016 at 09:30 0

juros negativos

Sem dúvida que entramos em uma nova fase de reavaliação sobre até quando o capital injetado nas economias Americana e Europeia teve sucesso em irrigar a economia via política de compra de ativos problemáticos ou através empréstimo de linhas de capital diretamente pelo Banco Central.

O que está por trás de tantos recursos ilimitados dos tesouros e Bancos Centrais destes países?   As emissões de moedas fortes não precisam de lastro e sim de credibilidade, como no caso o Dólar e o Euro passando a ser entesouradas pelo mundo a fora, com emissão que não gere inflação. 

O Japão vem, ha alguns anos, tentando sair da deflação e produzir um pouco de inflação. Estes países, de modo geral, têm sistemas totalmente desindexados e com uma economia de mercado bem competitiva, mas também têm problemas de crescimento populacional, além de uma renda per capita bastante alta. A poupança é culturalmente alta e assim a disponibilidade de capital também é alta, mesmo sem atratividade dos juros positivos. 

Agora a Suíça também acaba de colocar os juros negativos como base de recebimento dos recursos recebidos via Bonds do Governo Suíço ou mesmo depósito de curto prazo, que começa a acompanhar o Banco Central da zona do Euro. O FED já falou que vai analisar o assunto, não porque acredita que seja uma tendência, mas porque não dá para ignorar. Após a crise de 2008 houve grandes transformações no sistema bancário mundial e, de alguma forma, o eixo dos problemas mudaram, saíram de controle de inflação via política monetária para aumento de estímulo econômico. Na tentativa reativar a atividade da economia real, o juro negativo veio a reboque. 

Os juros negativos já foram implementados em algumas economias escandinavas, como na Dinamarca que já o utiliza ha mais de três anos e mantém o sistema de juros  até hoje como uma forma de dar competitividade à sua moeda, através do enfraquecimento da mesma e gerar maior competitividade para a indústria local, porém sem grandes efeitos na expansão do crédito ou na reativação da economia. Segundo declarações de autoridades Dinamarquesas, funcionou mais para desvalorização do que estimular o crédito e, de certa forma, também trouxe no primeiro momento uma queda nas receitas bancárias, pois os juros por lá ainda estão em 0,75% negativo a.a. 

De qualquer forma, o saldo tem sido positivo na economia com juros de crédito habitacional pouco acima de zero e, consequentemente, valorizando o mercado imobiliário, pois o sistema bancário teve de se readequar através de serviços e tarifas e, em contrapartida, teve um baixíssimo índice de inadimplência. Atualmente os principais bancos já recuperaram sua lucratividade. 

Qual o significado de tudo isto?

Podemos dizer que estamos começando a fase ou a era do juro negativo, ou é um fato passageiro? Só o tempo dirá. Por que os BC estão forçando o juro negativo no mundo? 

Parte da resposta está na concentração bancária, que cada vez mais segue essa tendência do "Too big to fail" (grande demais para falhar), em que o gigantismo bancário e a concentração fortalecem o sistema, mas ao mesmo tempo deixa o mercado financeiro vulnerável a um número reduzido de Bancos.

Os BCs americano e Europeu injetaram muita liquidez ao sistema bancário para que irrigasse a economia americana e Europeia, mas o que acontece quando o sistema financeiro fica restrito a poucos bancos, como a maioria das economias? O capital não trabalha com efetividade no melhor conceito, pois a enorme montanha de dinheiro injetado - no caso americano e europeu - via compra de ativos tóxicos, além de outras linhas e até mesmo equity (como aconteceu em 2008), fica à deriva. Na maioria das vezes esse capital retorna via títulos Bonds ou mesmo depósito remunerado no BC local, gerando enormes lucros aos bancos, via arbitragem, com esses recursos empoçados no sistema financeiro. 

O que os BC estão tentando, na realidade, é colocar o capital para trabalhar mais na economia real e com menor arbitragem, pois encostar capital no sistema seguro vai custar e gerar perdas, ou seja: terão de pagar para deixar o dinheiro sem risco. 

De alguma forma, isso se aplica aqui no Brasil pela analogia da concentração bancária, onde cinco bancos dominam 80% do mercado bancário. Basta ver que quanto maior a Selic, maior a lucratividade, basta ver que mesmo com a alta da inadimplência os lucros aumentam sem parar. 

O fato de vários bancos europeus terem tido quedas consistentes na Bolsa não é só por isso, mas também pelo tombo no preço do petróleo que, sem dúvida, coloca mais uma pitada de pimenta em relação à capacidade de grandes bancos. Sem contar a China e outros eventos mundiais. 

Termos como fabricar inflação começa a ser usual, principalmente para países que têm pouca indexação e uma economia de mercado mais competitiva, maior eficiência tributária e menos burocracia, com boa capacidade de melhora da produtividade. Esses detalhes fazem com que inflação pareça ser um problema apenas dos países do segundo e terceiro mundos. 

De qualquer forma tudo parece problema, mas o principal é que acredito que sendo mais difundido, como parece ser uma tendência, poderemos ter benefícios importantes na nossa economia em momentos tão difíceis, como o atual. Primeiro pela maior busca de rendimento através de títulos federais e outros ativos, pelos investidores que precisaram balancear seu portfólio com algum ativo de maior risco, e em segundo pela situação de reservas de dólares do país, além de uma tendência de superávits da balança de comércio exterior positiva e o fato principal do nosso sistema financeiro ser de primeiro mundo. 

Estes fatos, sem dúvida, poderão nos beneficiar em curto prazo - dois a três anos, além do fato de termos uma janela com boas perspectivas na área política em 2018, com a possível consolidação de um governo mais coeso entre Congresso, Senado e Executivo.   

Enfim, sonhar sempre nos faz bem.

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Câmbio, Investimentos, Juros, Política
Um cenário de incertezas para 2016
11 de fevereiro de 2016 at 11:34 0

economia brasileira 2016

Começamos o ano de 2016 com algumas premissas negativas com o IGPM de janeiro, que veio bem acima do esperado. A prévia do mercado apontava para algo em torno de 0,93% e o efetivo ficou em 1,14%.  Sem dúvida que este será um ano de projeções marcadas por váriaveis econômicas complexas e com revisões bastante difíceis, assim como foi o ano de 2015.

Por que houve tanto erro nas avaliações de projeções econômicas ?

Primeiramente, a avaliação da piora econômica e a queda do índice de confiança foram fundamentais para que os números viessem com grandes desvios do projetado. O modelo moderno econômico não contempla hoje somente modelos ortodoxos, como também não só heterodoxos . Se tomarmos como exemplo a economia americana, o FED e o tesouro americano fizeram coisas impensáveis em outros tempos, como se tornarem sócios de instituições, capitalizando e injetando capital de equity nas instituições financeiras com o objetivo de dizer "não vai quebrar".

Olhando para a economia Chinesa, que contempla um modelo fechado e aberto, com políticas econômicas até mesmo agressivas e ao mesmo tempo controlando o fluxo de capital externo e investimentos, principalmente para pessoas físicas que somente têm opção de investirem lá ou em Hong Kong, com modelo híbrido de capitalismo selvagem e comunista, não sabemos dizer o que hoje se torna um modelo certo ou errado economicamente.

Também temos a zona do Euro, que tenta seguir sem sucesso a forma de reativar a economia através de alocação de liquidez abundante no sistema financeiro, além de taxas de custo de dinheiro negativa e tenta reativar a economia até mesmo para que produzam um pouco de inflação. Assim, tentando sair do alto índice de desemprego que vem ha algum tempo se mantendo acima dos 12% ao ano.

O que é então o modelo econômico certo para as nações, que contemplem a satisfação social de suas populações e deixem as contas públicas em ordem? Este é, de modo geral, o desafio de todos os governos, pois os movimentos sociais demandam sem parar e fazem com que a ordem econômica racional, que é somente gastar o que se tem, seja posta de lado pelos interesses das classes. Privados, públicos , políticos, corporativos, sociais e  assim por diante, todos querem manter prioridade em seus interesses, que no final é a procura pelo mundo economicamente  perfeito.

Este mundo não existe e nunca existiu, pois todos os conceitos macroeconômicos politicamente corretos foram quebrados nesta última década. Por isso sou contrário à política de juros ortodoxa neste momento, pois ela  somente contribuirá para agravar a situação delicada e perigosa que estamos passando no Brasil, pois não estamos em um momento de normalidade econômica. Então, medidas de soluções normais não deveriam ser aplicadas, quando nosso momento é similar ao 2008 dos EUA, sem o abalo do sistema financeiro.  Mas basta ver os números negativos e crescente dos indicadores econômicos onde, se nada for feito de concreto, a deterioração das contas serão explosivas.

Estamos passando por um momento de muita incerteza, tanto pelo lado político como pelo econômico, ainda associado aos fatores externos que poderão ser impactantes em todas economia mundial, como: a redução de crescimento ou mesmo o estouro da bolha chinesa, que poderá contaminar outros países Asiáticos, mais a crise dos preços de petróleo que afeta diretamente as Cias. deste ramo e o orçamento de vários países dependentes da receita desta commoditie, podendo o preço de petróleo significar a falência de centenas de produtores.

Até a imigração síria na Europa, que aumenta o problema do continente Europeu, pode se agravar ainda mais com o referendo britânico. Possivelmente deverão votar a saída ou não da comunidade do euro que, caso se concretize (o que acho bem provável), a Alemanha ficará em um posição bastante delicada, pois a conta ficará – em sua maior parte - para ela e poderá comprometer o futuro do Euro, gerando uma maior desvalorização. Então a dúvida sobre o futuro do Euro novamente poderá vir à tona.

O papel de locomotiva econômica volta a se fortalecer na moeda americana que, sem dúvida, continuará a se valorizar perante as outras moedas. Mas não esqueçamos que estamos diante de uma nova eleição americana para presidente e os EUA também têm seus problemas de limite de endividamento. Até quando conseguirá carregar o mundo como locomotiva se todos forem mal?

Voltando ao plano interno, eu diria que podemos avaliar alguns cenários básicos sem nos atrever a sermos honestos com os números, mas simplesmente arriscar através da tendência objetiva e racional:

Considerando que o processo de impechement morre, teremos 3 anos de uma política econômica quase que totalmente presidencialista no sentido de que o Executivo poderá contar com pouco ou quase nenhum apoio no Congresso, exceto por alguns pontos de pauta de interesse comum não muito relevantes. E como vai se governar assim?

Ora, o governo tem de trabalhar com o que tem nas mãos e se preocupar em levar o avião com a asa quebrada para fazer o melhor pouso possível daqui a três anos, utilizando todas as ferramentas disponíveis para fazer uma gestão com o que o momento lhe permite.

Não vai ser onerando o capital, como estavam propondo até a gestão do Ministro Levy, ao tributar todos os tipos de investimentos de renda fixa que foram criados, dividendos, bolsa de valores e patrimônio, pois o cidadão já é tributado em excesso, o capital está cada vez mais concentrado nas mãos de poucos. E isto continuará a ser uma tendência no mundo e não vai mudar assim. É fundamental atrair o capital para interesses comuns, que signifiquem mais empregos e gerem mais impostos, porque o cidadão deveria ser estimulado a aplicar seus recursos aqui no Brasil, mesmo com o alto risco em que se apresenta o país, e não ser estimulado a mandá-lo para fora.

O capital público já foi maltratado ao extremo com projetos de péssimo retorno, mas poderia certamente ser melhor utilizado para reduzir alguns impactos como o crescimento da dívida pública e em outros projetos que pudessem melhorar o impacto no curto prazo.

O momento é de atração de investidores para projetos de demanda. O capital desconfia do momento, mas não para aquisições, como vem sendo demonstrado pelos inúmeros negócios que estão sendo concretizados por estrangeiros e que deveriam ser estimulados via mercado de capitais ao investidor local e externo, pois é ele quem vai investir nos veículos financeiros via mercado de capitais.

Além disso, o governo poderia propor uma desregulamentação e desburocratização de vários setores que emperram a economia, como por exemplo o que estão fazendo para o setor de aviação - poder receber capital estrangeiro e assim viabilizar as cias aéreas que precisam estar fortes, pois são fundamentais à logística das pessoas.

O caso da Petrobras é típico com o lema histórico de “o petróleo é nosso", onde esqueceram de que para ser nosso precisamos ter recursos para extraí-lo. Assim criou-se a besteira da obrigação de ter percentual de nacionalização e a Petrobras ter de ser dona de tudo. Acabamos ficando na mão.

Como estimular o capital a tomar mais risco? Somente através da confiança e credibilidade, coisas que andam bem abaladas por aqui.

O discurso continua invertido, deveria se falar e tomar atitudes claras em relação à contenção dos gastos e metas de redução da máquina governamental e não pedir somente aumento de tributação, o que gera a pior percepção possível. Novamente tenta-se ir pelo caminho mais fácil, que não gera confiança e nem credibilidade.

Falta transparência. O que foi feito de prático em relação à redução dos ministérios e como se está fazendo isso efetivamente? Acredito que 90% da pessoas não têm ideia de muitas medidas que, acredito, devem estar sendo implementadas com vista à redução e racionalização dos custos.

A única linguagem que os donos do dinheiro poderão acreditar é a de que o país está indo em uma direção minimamente coerente, trabalhando forte no corte de custeio da máquina pública. Quando o governo diz que não tem de onde cortar, dá a impressão que na realidade não quer.

Voltando aos cenários, acredito que a inflação será acima dos 10% novamente,  pela instabilidade dos preços e da economia relativamente fechada pela nossa burocracia excessiva. Mesmo com o risco da perda de mercado, o aumento de preços tenderá ser repassado mesmo com a queda de volume, pois a característica de uma lei de mercado como o nosso (fechado e restritivo) é a da ineficiência mercadológica. É assim em todos segmentos, como por exemplo o cartório que não baixa o preço do reconhecimento de firma porque dominam o mercado e o mesmo acontece em vários serviços administrados. Funciona mais ao menos assim: as taxas de cartão de crédito e cheque especial são punitivas a todos por que? Os bons pagam pelo maus pagadores e o modelo não diferencia o bom pagador do mau.

Assim, muito da inflação está na inércia dos preços com exceção das comoditties e varejo. Para dar mais ênfase ao que falo, é como o caso atual do preço do petróleo, que despencou nos mercados internacionais mas o nosso preço interno se mantém inalterado. Isto é economia de mercado fechada, para que entendam bem.

Quanto ao câmbio, acredito que só sobe se agravado por fatores externos, pois acho que vai trabalhar até o teto de R$ 4,50. O dólar é ligado mais a eventuais impactos externos do que internos. Caso aconteça algum evento extraordinário e não precificado na economia mundial, aí sim poderão impulsionar mais o preço do dólar.

Sobre juros, como já venho falando, acredito na manutenção ou até mesmo na queda, dependendo do desaquecimento da economia. Acredito num PIB de -4% ou até mais, dependendo dos fatores políticos ou do cenário de agravamento da crise, impactada pelo imobilismo do governo, se o plano for só o aumento de impostos.

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