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Bolsa, Investimentos, Política
Fusões e negócios com estrangeiros disparam no Brasil em crise
27 de novembro de 2015 at 13:42 0

fusões e negócios

O dólar alto tem atraído para o Brasil investidores estrangeiros que enxergam, em meio à instabilidade política e econômica, uma oportunidade de obter rendimentos. Aparentemente as empresas estrangeiras estão apostando mais no Brasil do que as nacionais, como falei no meu artigo anterior sobre investidores estrangeiros que desembarcam no país atraídos pelo dólar.

Segundo a Pricewaterhouse, desde o ano 2000, é a primeira vez que as empresas internacionais fazem mais negócios com o país do que as locais. Basta vermos o número de grandes fusões que aconteceram ultimamente, como por exemplo a Coty que comprou a Hypermarcas. A Price diz que em 2015, já foram fechados por estrangeiros 285 negócios de fusões e aquisições no Brasil, o que significa 5% a mais do que 2014. Já os negócios brasileiros representam 26% a menos do que no mesmo período do ano passado, sendo 275 negócios neste ano.

O que preocupa é que este ano foi péssimo para o mercado de capitais em geral. Aqui dentro as nossas empresas têm sentido o forte impacto da inflação e da instabilidade econômica, enquanto – apesar do entusiasmo – os investidores estrangeiros foram impactados com a nossa perda de grau de investimento pelas agências de rating, a economia chinesa e a perspectiva de alta dos juros americanos.

A queda nos negócios este ano, representam 35% em relação ao ano passado. A Bovespa, a BM&F estão trabalhando com um volume inferior. O pior desempenho desde 2008, quando a crise internacional estava no auge. Todas as transações foram afetadas, incluindo renda fixa, debêntures, CRIs e FIDCs.

O que podemos ver é que foram feitas mudanças para fortalecer o mercado de capitais, que tem sido uma alternativa de crédito para empresas. Mas ainda a maior fonte de renda para empresas abertas tem sido o mercado internacional. E temos agora a padronização das debêntures, que podem ser uma saída, com maior liquidez.

A aquisição da Alpargatas pelo grupo J&F na segunda-feira por R$ 2.6 bilhões mostra que o mercado nacional ainda se movimenta, mas para quem acostumou a ver empresas brasileiras em constante expansão interna e externa, como a compra do Burger King ou da Budweiser, o momento atual é de angustia.

Os boatos de que mais uma agencia reduzirá o rating nacional contrastam com as expectativas de que o Brasil saia da recessão na metade do ano que vem. Como eu já disse antes, ao investidor sábio e preparado resta uma única estratégia: esperar e observar com calma, para não ser pego desprevenido e ficar atento para fazer bons negócios que aparecerem.

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10 de setembro de 2015 at 16:49 0
S&P rebaixou a nota de investimento do Brasil

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Nos últimos dias, eu já vinha alertando sobre a possível perda do selo de confiança ou Grau de Investimento (veja no artigo: O impacto da perda do Grau de Investimento), que chegou mais cedo do que imaginávamos. O rebaixamento pela Standard & Poor’s (S&P) se antecipou ao movimento, dado o erro estratégico do Executivo em apresentar um déficit no orçamento de R$ 30 bi para o ano que vem. Além do imbróglio político/econômico causado principalmente pela queda de braço entre os poderes partidários, ficamos observando as idas e vindas do Executivo em apresentar uma proposta plausível de equilíbrio orçamentário através do aumento de impostos e corte de despesas. Isso faz com que as agências de rating percebam que há grande dificuldade de o governo optar pelo corte de benefícios sociais - que é o pilar da sua política e que foi responsável pela eleição da presidente. E para avaliar o Grau de Investimento, as agências observam todo o conjunto. Ora, se o Executivo não pode cortar benefícios sociais como Bolsa Família e outras verbas de comprometimento com o PT e seu eleitorado, sobra o aumento de impostos, o que também encontra forte resistência pela população, pelos outros partidos políticos e, principalmente, pelo PMDB que não quer levar o carimbo de ser o algoz da economia, pagando o preço político nas próximas eleições. Este jogo de empurra é o que está emperrando a solução do déficit orçamentário e as agências de rating já perceberam que a solução, sem algum evento traumático, não sairá da retórica. No fundo eles não querem saber de onde sairão os recursos e sim como vamos resolver o equilíbrio fiscal, para reavaliar o nosso Grau de Investimento. Acredito que ontem o cristal foi rachado e teremos pouco tempo para evitar um rebaixamento geral de todas agências internacionais. Por que não resolvemos o assunto de forma pragmática e voltamos a falar claramente de colocar o Estado na função para a qual ele foi criado, que é cuidar dos assuntos e serviços básicos (educação, saúde e segurança)? O inchaço da máquina pública é notório, tendo em vista a quantidade de ministérios sem função objetiva, uma série de benefícios sociais que foram feitos sem cuidados orçamentários, etc. Assim fica difícil para o cidadão comum aceitar o que o governo diz: que já cortaram tudo que podiam. Será? Na Europa, a Grécia acabou se rendendo à imposição fiscal dos países que compõem o Euro. O governo eleito recentemente, que tinha o compromisso de fazer mudanças históricas com o movimento social que o elegeu, acabou se rendendo à sua realidade fiscal: se comprometeu aos ajustes sociais e fiscais, além de privatizações. É óbvio que a nossa situação é diferente, pois temos reservas e uma situação econômica melhor que a da Grécia, mas a essência é a mesma: o desequilíbrio entre receitas e despesas. A única palavra que ainda não ouvimos claramente é "privatização", em vez de “concessão”, pois não é nenhuma vergonha para os governos vender. De verdade. Até para cortar custos é melhor sair de algumas atividades que não são essenciais, como petróleo e energia elétrica. O Estado precisa ser, sim, o órgão regulador. Talvez essa deva ser a maior sinalização de que o governo realmente quer resolver a atual situação, sem soluções simplistas como elevar a carga tributária. Enfim, temos de manter a confiança e seguir em frente, pois às vezes é mais danoso prolongar o impasse. O pior cenário, se os lados em questão tiverem uma ação traumática como a perda total do selo de bom pagador, talvez se reverta em benefício: o país poderá ter atitudes e resoluções positivas para todos nós. Amém.
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