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Política, Tecnologia
House of Cards e a realidade política brasileira
13 de novembro de 2015 at 16:58 0

HOC política

Com a crise política instalada e com a predominância fiscal como tema principal, a economia fica a reboque dos principais eventos políticos na guerra dos poderes. Ficou muito claro que as apostas para o mercado estão penduradas nos dois maiores protagonistas do poder, de um lado o presidente do Congresso e do outro lado a figura da Presidente.

Difícil pensar em algum tipo de acordo que agora possa ser costurado para que um dos dois permaneça no cenário das decisões. Com o conselho de ética pressionando o presidente da Câmara, o apoio estaria condicionado à abertura do impeachment - que seria a sustentação de Eduardo Cunha, mas como este precisa de tempo para alongar o processo de indefinição, vai trancando a pauta como pode nas decisões que impactam a economia ligadas às questões fiscais.

Assim, uma possível barganha com poder executivo em troca de uma saída honrosa, deixou cada vez mais difícil administrar a situação. Tanto, que o PSDB já se declarou a favor do expurgo do deputado presidente da casa, pois ficou à espera de uma definição do próprio Eduardo Cunha (que ficou vulnerável por ter alongado a decisão tentando ganhar tempo e uma brecha para negociar a sua situação), quanto a abertura do impeachment. Também pesou a opinião pública no que se refere a um posicionamento do PSDB como oposição, pois o tempo conspira contra todos.

Voltando ao mercado, o que temos de cenário provável? Os partidos de apoio ao Presidente da Câmara ficarão cada vez mais desconfortáveis caso não haja uma abertura imediata do processo de impeachment e tenderão a abandonar o Eduardo à própria sorte, como foi o caso do PSDB vendo que só quem ganha com o prolongamento da crise dos poderes são os próprios protagonistas.

Se de um lado o tempo esvazia o possível processo de impeachment, ao mesmo tempo a crise econômica se aprofunda, devido ao impasse das decisões sobre as pautas fiscais na câmara. E Eduardo Cunha tenta prolongar a indefinição porque sabe que virão outros escândalos da Lava Jato pela frente.

Um cenário alternativo seria a troca do Ministro Levy pelo ex Ministro Meirelles, que está sendo chamado de “Plano Lula”. Para assumir, Meirelles exige chefiar toda uma equipe econômica escolhida por ele. O que se comenta nos bastidores é que Lula teria o apoio de alguns setores econômicos e que, conduzindo essa troca, os mercados poderiam regir bem. As críticas a Levy se dão, principalmente, pela insistência na implementação da CPMF e aumento de impostos, sem atacar com consistência a redução da máquina do Estado.

Não acredito que essa mudança seja suficiente para a economia rodar novamente mas, sem dúvida, a percepção de uma mudança de equipe poderá dar a esperança de que seja melhor do que a atual. O Ministro Levy atua como Don Quixote e põe a cara no pedido dos ajustes fiscais através de aumento de impostos, como a CPMF. Os partidos PT e PMDB se preservam neste assunto, basta ver que o PMDB apresentou um programa econômico sem falar em aumento de impostos, deixando a entender claramente sua posição contrária. E deixam o desgaste para “Geni” (citando a música).

A grande vantagem atualmente é que não existe diagnóstico difícil para resolver o problema econômico e, por isso, a predominância fiscal já diz tudo, precisa acontecer tudo que ouvimos falar diariamente nos reports econômicos: cortes nas contas públicas, redução da máquina pública, reforma da Previdência e outros bla bla bla.

Mas o que prevalecerá no momento é a definição política, da medida de força entre os poderes da Câmara e da Presidência. Ou é um ou é outro, os dois não cabem juntos.

É House of Cards mesmo! Quem não viu o seriado da Netflix, deveria ver. A semelhança da ficção com a nossa atualidade política é imensa.

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Finanças, Política
Levy por Meirelles: A troca de ministros vai consertar nossa economia?
12 de novembro de 2015 at 16:09 0

troca Levy por Meirelles

Quando Joaquim Levy assumiu o Ministério da Fazenda, tentou explicar à sociedade muitos pontos errados na condução do país, em uma tentativa de educar e despertar o interesse da população pela funcionalidade complexa do “economês”. O Brasil é um caso complexo para qualquer administrador, pois nossa política é uma arena onde partidos medem forças constantemente e a população paga um preço alto por isso.

Não bastasse a dificuldade cotidiana enfrentada pela equipe econômica e pelo governo, há agora um boato de que, sob pressão, a presidente Dilma deveria trocar o Ministro Joaquim Levy, que não consegue a aprovação de suas propostas para o ajuste fiscal, pelo ex-presidente do Banco Central, o Henrique Meirelles. Esse boato circulado ontem foi o responsável pela queda do dólar, pois o mercado acredita que a entrada de Meirelles pode melhorar a comunicação entre o governo e o Congresso, para que os ajustes sejam feitos. Uma parte da crise no Brasil se deve ao governo falar A, o Congresso entender B e a população querer C. Não há consenso e nem bom trânsito.

Embora neguem o que circula à boca pequena, há quem diga que Henrique Meirelles está fazendo exigências para aceitar o cargo. Segundo notícias, ele pede autonomia com “porteira fechada”, ou seja: total controle para determinar trocas importantes, como a presidência do Banco Central e o ministro do planejamento. Analisando a troca, não podemos esquecer que foi Meirelles quem aqueceu a política de incentivo ao crédito e ao consumo que levou o país à condição atual. Acredito também que não há nada que ele possa propor de muito diferente do que o Levy está propondo. A questão da possível troca deve estar se apegando, talvez, numa facilidade maior de Meirelles se comunicar e se articular no Congresso, onde sempre teve bom trânsito.

No meio da confusão econômica, há a insistência na guerrilha política, cheia de boatos e indecisões, que prejudicam as finanças do país e da população, que não pode esperar nada além do aumento de tributos para o equilíbrio das contas. Mais do mesmo.

Indo direto ao ponto, a questão da nossa crise fiscal é profunda. Não basta trocar o técnico, precisamos enxergar além disso. A Constituição de 1988 deixou uma brecha fiscal que estourou agora. Houve uma centralização das receitas na União e ela passou a repassar recursos para estados e municípios. Isso, além de tornar menos eficiente o processo arrecadatório deu enorme poder à União. À época, a capacidade de investimento era de 5% do PIB e hoje gira em torno de algo como 2,5%. Criou-se uma série de vinculações orçamentárias que engessou o poder de distribuição dos recursos. Desde 1988 todos os governos, sem exceção, aumentaram seus gastos. Hoje vemos todos os estados dependentes da União, sofrendo prejuízos e endividados.

Precisamos pedir que os nossos parlamentares revejam a Constituição, além de emergencialmente fazerem uma trégua política, pois em um campo esburacado nenhum dos times pode jogar futebol.

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