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Excelência na Bolsa de Valores: O Novo Mercado no Brasil
20 de outubro de 2016 at 16:49 0
card_sauls_20_10 Todos sabem que defendo a reforma do modelo de negócios brasileiro da Bolsa de Valores, por isso venho acompanhando atentamente as discussões sobre as mudanças no Novo Mercado. Ainda é cedo para formar uma opinião mais contundente, entretanto já é possível visualizar o impacto de alguns pontos que estão sendo debatidos. Para quem ainda não conhece, o Novo Mercado é uma importante classificação e que indica as empresas com melhores práticas de governança corporativa. Transparência na gestão, metodologia de redução de riscos aos investidores, prestação de contas e especialmente equidade com os minoritários são recorrentes neste segmento e vão além do que é exigido na legislação. Como consequência, as empresas que estão inseridas nesta listagem detêm mais credibilidade e uma maior percepção de confiança por parte dos investidores. É preciso lembrar que até chegar ao Novo Mercado as empresas devem atender os itens dos níveis I e II, todos relacionados com a construção de um mercado forte e confiável. Quando foi criado o Novo Mercado no ano 2000, alguns requisitos que eram diferenciais de alta qualificação hoje são obrigatórios. Essa evolução tem relação com o amadurecimento do mercado e é preciso registrar que a CVM vem fazendo um bom trabalho de ajustar a legislação e as normativas à nova realidade, tornando obsoletos alguns desses requisitos. Um dos pontos de maior contenção prevê a saída voluntária ou decorrente de reorganização societária. A proposta feita pela BM&FBovespa condiciona a saída das empresas do Novo Mercado à aceitação da OPA (oferta pública de aquisição de ações) e concordância expressa de mais de 50% dos acionistas titulares das ações em circulação, para combinarem o preço mínimo das ações. Essa é uma proposta ousada, pois dá voz aos minoritários, já que hoje a única condicionante é a OPA e a saída da listagem é muito mais fácil que a entrada, o que prejudica os pequenos investidores. A proteção dos minoritários é primordial para dar ao mercado a credibilidade necessária a aumentar o aporte de capitais no país, mas não podemos esquecer que estimular mecanismos de fiscalização e controle também é. Em tempos de operação Lava-Jato, ter um conselho administrativo que passe segurança de suas decisões é essencial para se alcançar um novo patamar de qualidade em administração. Já mencionei aqui sobre o Índice de Sustentabilidade e agora a responsabilidade socioambiental também deverá se tornar requisito para a excelência em governança para a Bolsa. Apesar de esperada há muito tempo, essas mudanças vêm causando debates intensos e colocando em aberto questões que estiveram adormecidas por anos. A própria CVM caminha na direção de criar um código de governança corporativa único para todas as empresas no mercado o que deve fazer com que o Novo Mercado tenha outra reviravolta.  Os próximos encontros sobre a questão devem ocorrer no início de novembro e em fevereiro de 2017. Sigo acompanhando e aspirando por uma mudança significativa que leve o mercado de capitais brasileiro ao patamar de excelência das maiores Bolsas do mundo.
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Bolsa, Câmbio, Finanças, Investimentos, Política
A relação entre EUA, Europa e Brasil nos investimentos
14 de julho de 2016 at 15:59 0
A relação entre EUA, Europa e Brasil nos investimentos

Para quem não é do meio, fica muito difícil acompanhar os acontecimentos mundiais que impactam as moedas, os investimentos, a Bolsa. Então, decidi fazer um paralelo entre esses assuntos que acontecem ao mesmo tempo e que estão criando expectativas no mercado financeiro do mundo todo.

Nos EUA, se aguarda o resultado das eleições presidenciais que acontecem esse ano. A disputa tem sido cheia de polêmicas, inclusive com discursos extremistas. A cada notícia de força entre os adversários, o mercado reage. Há uma expectativa de que se a Hilary vencer, o mercado terá mais conforto. E se o mercado dos EUA estiver confortável, o resto do mundo é afetado positivamente.

Na Europa, o assunto é o Brexit, que causou uma tempestade de incertezas na zona do Euro. As consequências, com as quedas consecutivas da Bolsa, ainda são uma incógnita aos investidores. As incertezas e a volatilidade do mercado podem causar retração da economia europeia, o que causaria consequências negativas no mundo todo.

Já no Brasil, a expectativa é a consolidação do impeachment. O mercado tem reagido positivamente às posições do governo Temer e sua equipe econômica, com reais expectativas de recuperação, mesmo sabendo que é um processo lento e difícil. A incerteza que paralisa é a dúvida se a presidente afastada retorna ou não ao comando do país.

Como podemos observar, a política afeta a economia em todos esses cenários. E, em qualquer dos ambientes, o que precisamos para que voltem os investimentos é de solução, conclusão, definição. A partir da definição de todos esses assuntos é que começaremos a ver os resultados.

Ao Brasil interessa tanto a estabilidade interna quanto externa, pois isso tem reflexo direto nas exportações. Em um país com câmbio elevado como agora, a exportação é uma ferramenta importantíssima para captação de recursos e equilíbrio da balança comercial.

Para se ter ideia, só nas duas primeiras semanas de julho, a balança comercial teve um superávit de US$ 1,48 bilhões (fonte: MDIC). As exportações têm tido uma média diária de mais de 800 milhões de dólares, o que significa aumento de 2,9% em relação a 2015. Já as importações tiveram um recuo de 17,2%.

Hoje tivemos a notícia de que o PIB de maio teve um tombo em relação ao mês anterior. A queda do PIB em relação ao ano passado é de 3,8%, caracterizando a forte recessão: desemprego, inadimplência, queda de consumo e produção. E, como nosso mercado interno não está aquecido, nossas indústrias têm se mobilizado para atender o mercado externo. A estabilidade americana e europeia são essenciais para continuarmos vendendo e, consequentemente, administrando a crise e trabalhando para reconstruir a nação.

Como podemos ver, no mercado de investimentos não há independência. Os três assuntos são relevantes para a relação de fluxo de capitais no Brasil.

Resumindo, a eleição de Donald Trump significa para os EUA o mesmo impacto que o Brexit tem para os europeus e a volta de Dilma para o Brasil. Espero que não tenhamos uma pororoca tríplice, seria uma catástrofe. Que Deus nos abençoe. Amém!

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Finanças, Investimentos, Juros, Política
A situação atual do mercado imobiliário no Brasil
20 de junho de 2016 at 15:48 0
mercado imobiliário Com a crise econômica e política assolapando em cheio o segmento imobiliário, o setor passa por uma profunda e tenebrosa recessão, sendo que a falta linha de crédito e os juros aos patamares atuais deixam o setor em "stand by". A curva atual dos juros inibe os empreendedores e incorporadores de investir em novos projetos. Crédito e juros a patamares saudáveis são fatores que andam juntos e eu diria que estes dois fatores são sócios diretos na descontinuidade do processo de crescimento do setor imobiliário. Custo projeto + custo do juros+ margem do projeto = preço de venda (com prazo e juros) oferecido ao consumidor final. Quando esta equação não se encaixa, fica muito difícil o mercado funcionar a pleno vapor. Incorporadores e empreendedores do setor estão com muita dificuldade para equacionar os juros e o crédito ofertados pelos principais agentes econômicos. Como pano de fundo temos como grande responsável pela situação atual do setor a alta participação da Caixa Econômica Federal, que detém o maior market share do segmento de crédito. O crédito foi largamente utilizado como uma das alavancas de programa de sustentação política e econômica, principalmente no projeto 'Minha casa minha vida" que foi um dos pilares de sustentação social do PT. Grande parte deste crédito é responsável pelo problema atual da Caixa Econômica, pois os juros ofertados - principalmente às classes C e D, acabam sendo subsidiados. Além disso, a alta inadimplência fez com que a Caixa neste cenário de altas taxas de juros tivesse um déficit operacional entre a captação e a aplicação dos recursos. A alta dos juros impactando diretamente o custo de toda cadeia, desde do incorporador ao tomador final do crédito, fez com que o sistema irrigado pela caderneta de poupança perdesse a atratividade junto a outros investimentos, pois o rendimento oferecido é muito baixo - principalmente junto a títulos do tesouro, LCI, CDB. Assim, os déficits entre passivos e ativos foram gerados. Hoje temos um descasamento entre caderneta de poupança e saques na ordem 60 bilhões, fazendo com que a Caixa tivesse de cobrir a diferença de fluxo negativo através de outras fontes de recursos como CDB e LCI. Como consequência destes descasamentos houve retração da oferta do crédito, tanto às construtoras e incorporadoras, como ao consumidor final de imóvel. Os grandes Bancos, sem dúvida, responsabilizam a alta dos juros pela crise do setor. Pela diminuição da demanda do crédito por parte do comprador de imóvel, com medo da crise econômica, tivemos uma desaceleração no consumo bastante relevante. Como consequência, uma onda de devolução de imóveis sangrou ainda mais o caixa das incorporadoras. O efeito foi duplo: a devolução dos recursos dos mutuários e o pagamento da dívida do empreendimento, deixando em dificuldade a grande maioria das construturas e incorporadoras em um cenário  econômico bastante complicado pela crise política e econômica que se misturam neste contexto. Se feitos adequadamente, os ajustes e impactos no segmento vão levar ainda alguns anos para reorganizar toda a cadeia dentro do setor imobiliário. Primeiro, precisaremos da volta dos juros a um patamar saudável para que o segmento reaja e, a reboque, o crédito voltará a ser ofertado de acordo com a demanda que deverá crescer e ser acompanhada da volta da confiança na economia. O setor privado voltará com maior reticência, mas a tendência será de uma retomada com maior qualidade na escolha do banco de terreno e dos projetos. Se realmente estivermos no fundo do poço, o que muitos acreditam, acho que em 3 anos a retomada plena poderá ser constatada, caso comecemos agora com um governo e equipe econômica que possam trabalhar sem sustos políticos e escândalos da Lava Jato. Caso não seja possível, podemos pensar em prazos para retomada de 3 a 5 anos. Enfim, nada é previsível. Sob o aspecto positivo, a regulação da alienação fiduciária facilitou a nivelação das garantias e trouxe uma gama de investidores no setor pela garantia de legislação em relação à retomada do ativo em caso de inadimplência. Isso fez com que o setor seja ainda um dos mais procurados por investidores, principalmente estrangeiros, que têm apetite em investir com prazos de mais de 10 anos no segmento imobiliário através de fundos, pois apesar da crise eles sabem que todo mercado imobiliário, historicamente, encontra seu piso de oferta e procura. Além disso, o nosso mercado imobiliário teve um curto período de alta alavancagem do setor (não mais de 7 anos) e ainda por ser um mercado patrimonialista, não é tão alavancado como nos países desenvolvidos. O tombo poderia ser maior, como foi nos EUA quando milhares de pessoas ficaram sem residência pelo alto índice de alavancagem via "Home Equity", mais conhecido aqui como empréstimo pessoal usando a casa própria como garantia. Aqui, esse mercado ainda é incipiente. A vida não está fácil para o setor, mas ainda não é dos piores cenários. Da mesma forma que voltamos para trás economicamente, o antigo e velho conceito de valor e investimento em ativo real continuará nossa mentes. Um bom ensinamento diz: "Hedge bom em tempo de crise é comprar ativo barato, pois se você compra barato terá duas oportunidades: vender barato e vender caro".
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Investimentos, Política
A cara do novo governo
18 de maio de 2016 at 14:06 0
equipe econômica

O criterioso processo de escolha da nova equipe econômica do governo foi baseado na meritocracia. A escolha do Ilan Goldfajn para presidir o BC não foi nenhuma surpresa, assim como o anúncio da Maria Silvia para o BNDES também constituiu uma boa escolha, além de outras, todas baseadas no conhecimento técnico e experiência institucional que, sem dúvida, é muito importante no momento.

As escolhas para equipe econômica não poderiam ser melhores e dão um cacife de peso contra os torcedores do caos ou mesmo pessoas mais míopes que têm dificuldade proposital em enxergar que a política populista, em décadas, não teve nenhuma efetividade prática de tirar pessoas da pobreza como alardeiam.

Dar somente Bolsa Família ou casa para as pessoas não é nenhuma grande virtude. Se fosse assim, poderíamos também distribuir dinheiro para os necessitados jogando  de cima de um helicóptero e também estaríamos fazendo um bem social. Na visão deles, se jogássemos dinheiro de helicópteros nas favelas seria socialmente correto.

O mais relevante que estes governos populistas poderiam fazer para tirar as pessoas da miséria não seria distribuir dinheiro e sim colocá-las no mercado de trabalho e dar condições educacionais para que saiam da pobreza de um modo mais nobre e digno, dando condições profissionais de concorrer no mercado de trabalho.

Assim, reconstruir a credibilidade começa por uma boa equipe econômica. Num momento de transição pode-se até errar nas escolhas de alguns ministérios, mas não nesta formatação e âncora que devolverão a credibilidade ao país, fazendo com que volte a confiança e em seguida o investimento. A moeda da credibilidade na economia, sem dúvida, vem lastreada pelas escolhas e coesão. Pode até dar errado, mas sem esse primeiro passo nada acontece em seguida.

A Presidente Dilma optou por seguir a linha de atuação que pudesse agradar um pouco ao PT e a alguns setores da economia, mas não gerou credibilidade suficiente para que a confiança retornasse e o governo foi se esfacelando em todos os quesitos econômicos.

Por fim, para entendimento das pessoas que têm menos intimidade com os jargões econômicos, é bom compreender que a equipe econômica é o centro de todo governo. Basta olhar para o recente episódio do impeachment. A Dilma caiu pelas mazelas econômicas e consequentemente pela deteriorização da economia: desemprego, crescimento negativo e  tudo mais que sabemos. Ninguém cai com a economia dando resultado, com ou sem pedalada. Dilma caiu porque se não caísse a continuidade da política econômica desastrosa acabaria com as contas públicas do país e tomaríamos um caminho como o da Venezuela, sem volta, pois aqui nós temos bastante alavancagem nos mercados.

O inverso vale para o Temer, pois se ele errar na economia também não chega ao fim de governo. Por isso ele trouxe os melhores e não poderia ter escolhido melhor nome do que o Meirelles, que tem o viés econômico e o político, diferenciando-se de outros técnicos economistas.

Boa sorte ao Brasil. Que tudo corra como acreditamos e torcemos: com responsabilidade, técnica e muito trabalho.

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Finanças, Investimentos, Política
MP 694 vai acabar com a isenção de IR para investimentos
8 de janeiro de 2016 at 14:20 0

IR investimentos

Em dezembro o mercado financeiro ficou em alerta pela possibilidade da votação da MP 694/2015 no Senado Federal. Essa Medida Provisória altera drasticamente as regras de tributação dos investimentos. A votação foi adiada para fevereiro, pois há muitas divergências.

A Medida propõe aumento de tributação para aplicações financeiras como, por exemplo, as alíquotas do Imposto de Renda cobradas sobre os juros da renda fixa (como CDB e debêntures) para 22,5% no caso de operações de até 360 dias, chegando a 15% para prazos acima de 1.080 dias. Também serão criadas alíquotas de tributação que variam de acordo com prazo para os rendimentos que são isentos desde 2012, como as LHs (letras hipotecárias), LCIs (letras de crédito imobiliário), CRIs (certificado de recebíveis Mobiliários) e LIGs (letra imobiliária garantida).

Se aprovada a MP, todos os ativos sofrerão grande impacto. O crescimento da indústria imobiliária será diretamente afetado, para pior. E a tributação, como para qualquer setor obviamente, será repassada ao consumidor final.

O governo precisa, realmente, rever muitas coisas. Mas que seja de maneira bem pensada e planejada, pois os incentivos promoveram para o país grandes investimentos, injetando bilhões de reais em projetos prioritários, especialmente os de infraestrutura, como transporte, energia, saneamento, desenvolvimento tecnológico e outros.

Inúmeros investidores deixarão de apostar nestes projetos, caso o texto seja aprovado como está. Precisam ouvir o setor, para não piorar ainda mais a situação da economia com uma “solução” do déficit feita às pressas e descuidadamente.

Acredito que até o mês que vem percebam os enormes efeitos negativos que esse aumento na tributação pode causar, principalmente em uma economia já em recessão e com o poder de compra do cidadão comum sendo corroído por uma inflação de mais de 10% ao ano.

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Bolsa, Investimentos, Juros, Política
Um novo cenário inesperado.
3 de dezembro de 2015 at 14:20 0
crise
Está difícil fazer previsões econômicas e políticas, dado o fator de imprevisibilidade. Já começávamos a acreditar que estávamos começando a enxergar as variáveis possíveis, como comentei em outro artigo intitulado House of Cards, pois dentro do meu cenário sempre considerei a estabilidade financeira bancária, além das reservas cambiais como um diferencial na nossa crise que se aprofunda e, sem dúvida, entrará na "Hora da Verdade" no primeiro trimestre de 2016, com um aprofundamento e com acúmulo dos fatores externos que não ajudam em nada a situação.
Agora a crise será turbinada por mais desdobramentos alheios ao mercado. Mal recuperamos o fôlego sobre as notícias vinculadas à Lava-Jato e veio a notícia da aceitação por parte do Presidente da Câmara da abertura do processo de impeachment, que muda o quadro radicalmente. É certo que se desenham vários cenários, como já vínhamos comentando, de que a solução econômica passará pelo cenário político, cuja deterioração certamente acontecerá com a perda de mais um ou dois Investment Grades, em função do recrudescimento da crise no primeiro trimestre de 2016, apelidada pelos economistas de Hora da Verdade.
O que podemos esperar em relação a investimentos no curto prazo? Não está difícil apostar em uma nova alta do dólar, mesmo nestes patamares. Possivelmente poderemos vê-lo acima de R$ 4,50  já no primeiro trimestre de 2016. Quanto à situação dos juros está mais difícil de avaliar, pois o aprofundamento da recessão, quando poderemos considerar um possível PIB negativo no ano que vem por volta de até 3%, não deixa muitas opções de uma nova alta de juros, com a inflação em patamares parecidos com 2015. Uma grande dose de incerteza sobre os acontecimentos políticos, agora turbinados pela decisão de Cunha, poderá deixar o governo e o BC com pouca margem de manobra e refém da inflação em alta, desemprego em alta e aumento de déficits de todas as naturezas.
A economia será o ponto de inflexão para a presidente da República, pois a insatisfação popular será alimentada ou não pelos resultados econômicos que, em caso de piora - o que é muito provável, poderão incendiar novamente as ruas. Cunha jogou gasolina na fogueira.
Outro ponto grave é que, até então, os investidores estrangeiros efetivamente não retiraram recursos do país. Agora, em função destas variáveis internas e externas acima mencionadas, somadas à incerteza política dos nossos líderes e mais o que pode acontecer pelo lado da Lava Jato através das novas delações, serão geradas mais incertezas no mercado.
Os próximos capítulos de House of Cards mostrarão o clímax total a partir de agora, como já venho falando em outros artigos. A melhor solução será a resolução, pois o pior dos mundos seria nada acontecer.
Acho que vem chuva por aí, vamos procurar um bom abrigo para não levarmos um raio na cabeça.
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Investimentos, Política
A Síria é aqui.
9 de outubro de 2015 at 18:05 1

violência

Sem dúvida é para ficarmos chocados com o nível de violência urbana que temos visto em várias cidades brasileiras. Mas algumas têm maior impacto midiático em função da sua relevância, como é o caso do Rio de Janeiro.

Na última semana tivemos mais um evento de violência gratuita, protagonizado por um casal de empresários do setor de turismo que conhecem as nuances da cidade, mas ainda assim foram enganados pelo sistema de GPS, porque houve situação de homônimo de ruas. Um mês antes já havia acontecido o mesmo com uma artista da Globo que caiu na mesma armadilha. E olhem que não estamos falando de pessoas que não conhecem o RJ, são pessoas com o mesmo grau de conhecimento da cidade e assim devemos rezar pelos turistas que, porventura, se aventurem a saírem andando por aí sozinhos, pois não existe nenhuma orientação indicando o grau de risco que eles correm andando pelas favelas ou bairros conhecidamente perigosos.

O absurdo destas situações é tão grande que não dá para aliviar as autoridades responsáveis de sua incapacidade em administração pública, neste quesito de segurança pública. Já é conhecido por todos que nós convivemos que temos um regime de impostos municipais e estaduais de primeiro mundo, mas com situação semelhante à de países do Oriente Médio. Se você entra por engano em uma via de favela e é metralhado, como aconteceu nestes dois casos, acredito que a Síria é aqui.

A situação é esta: pagamos impostos de primeiro mundo e recebemos serviços de quinto mundo pois a segurança inexiste. É facada em ciclista, arrastões generalizados nas praias, roubos de celulares e relógios, roubo com armas em semáforos e muito mais. Lembrem-se que não temos luta de classes, nem religiosas ou mesmo por terra, como acontece nas zonas de conflito. É Chicago mesmo, nos bons tempos da lei seca americana em que os bandidos tomaram conta da cidade. As autoridades poderiam fazer mais do que se solidarizar com as vítimas, pois arrecadar impostos é o primeiro fator de obrigação do governo para utilização nos serviços prioritários. Será que segurança nunca será prioritário? Tivemos uma falsa impressão de que tínhamos controlado a situação com a criação da UPPs, um grande engano!

Qual o trabalho e custo que um governo sério e preocupado com a segurança teria de melhorar a sinalização, mostrando onde as pessoas podem ou não podem ir como uma sinalização de perigo real do banditismo? A hipocrisia mostrada para a sociedade de que as favelas são bonitas e legais nas novelas, com uma vida feliz, é mais outra grande mentira consentida pela sociedade, que não mostra a realidade da pobreza, a falta de saneamento e o risco de vida para os moradores (com as chuvas, por exemplo). Mas continuamos a ter uma aparência de que todos são felizes.

Quando o Estado se ausenta, a bandidagem ocupa o espaço do Estado. Mas para sociedade como um todo, a situação é de consentimento consensual pois temos nos acomodado além do racional, do “por que se incomodar?”.

Para os políticos é mais fácil não olhar ao redor do problema, que de uma forma ou outra acaba explodindo, em vez de terem uma proposta honesta e efetiva para um dos maiores problemas nacionais que é a violência urbana. Aqui no Brasil morre mais gente por causa dela do que em zona de conflito do Oriente Médio.

O RJ, em especial, deveria ter esse cuidado redobrado pois a sua grande vertente econômica não voltará por um bom tempo: o petróleo. A Petrobras não se aguenta sozinha com seus problemas de investimentos para resolver, assim acredito que precisamos de uma nova vocação para a nossa cidade e, agora, a grande oportunidade serão as Olimpíadas, pois o Porto Maravilha estará pronto, podendo ser um grande receptivo de turismo. Isso dará uma nova chance à cidade de se reinventar, mas precisamos implementar.

Para isso precisamos implantar a tolerância zero, como foi feito em outras grandes cidades como NY. É difícil? É. Mas precisamos, no mínimo, de consciência social das autoridades e da população de que a violência urbana já é o nosso maior mal e pode engolir o cidadão no seu direito mais básico que é o de ir e vir, além de afetar os investimentos e melhorias progressivas das nossas cidades.

A violência no Brasil não é segredo e nem novidade. Em maio deste ano, a UNESCO divulgou o Mapa da Violência/2015, que diz que 42.416 pessoas morreram em 2012 vítimas de arma de fogo no Brasil, o equivalente a 116 óbitos por dia. As mortes por homicídio representam mais de 94%. Estes dados são coletados desde 1980 e este ano é o maior em número de mortes registradas desde o início da série histórica, tanto que a UNESCO decidiu desmembrar e fazer um relatório especifico sobre mortes com arma de fogo. O resultado é ainda mais aterrador quando percebemos que 59% dessas mortes ocorrem entre brasileiros na faixa entre os 15 e 29 anos. O número é 463,6% maior desde que este dado foi registrado pela primeira vez. Sem a necessidade de uma análise mais profunda, está claro que faltam políticas públicas para que essa parcela da sociedade não morra por algo que pode ser evitado.

 O que mais se ouve é: “vou me mudar para Miami”. É o começo do fim.

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Investimentos, Juros, Política
O dilema dos juros
23 de setembro de 2015 at 15:58 0
juros Com o momento político-econômico se agravando em função da queda de braço entre os poderes Executivo e Legislativo, há a possibilidade de agravamento da crise cambial e isso faz com que haja uma mudança nas expectativas em relação aos juros.

Com a curva futura dos juros apontando para 16%, começa a se delinear uma possível projeção de inflação mais aquém da meta estimada pelo Banco Central para 2016. A projeção do futuro embute um clima de descrédito quanto à possível queda da inflação dentro da meta estimada.

A corrente que está formada pelo fluxo da incerteza no âmbito político-econômico vem fazendo com que o dólar seja apreciado constantemente e, assim, acabe impactando na expectativa futura dos juros, apesar da piora considerável na demanda de consumo. O ciclo vicioso está formado.

O dilema da subida dos juros, na atual situação, pode agravar bastante o déficit brasileiro, além de colocar mais gasolina na fogueira. No caso específico do sistema de crédito de habitação, cria um descasamento fantástico. O sistema de poupança vem batendo recordes de saques, principalmente pela falta de atratividade, além de o volume de operações ter crescido de forma agressiva principalmente pela Caixa Econômica (em que saímos de 4% a uma década para 20% do sistema).

Hoje, com a subida dos juros e com os saques crescentes da poupança, os Bancos emitem CDB ou LCI para financiar este déficit, fazendo com que tenham um spread negativo em torno de 3% entre o captado em títulos fora da poupança e o crédito já dado em base de TR. Na realidade o problema é de todo sistema de poupança, apesar de a Caixa ser mais contundente, pois o programa Minha Casa Minha Vida teve uma expansão e representatividade como programa de governo.

O contexto hoje é bem diferente de outros tempos em que o crédito imobiliário não era tão significativo. A subida dos juros, caso se tenha necessidade de usar o crédito imobiliário como política monetária, fará com que o déficit orçamentário, além dos títulos públicos, aumentem significativamente.

Veja esses gráficos:

jurosgrafico poupanca 02

A dimensão do dilema: a possível alta dos juros, caso haja necessidade, poderá fazer um grande estrago nas contas públicas e o não aumento dos juros poderá ser interpretado pelo mercado, já bastante nervoso, como um certo abandono das metas de inflação.

Uma coisa é certa: especular neste momento com juros e dólar é muito arriscado. O conselho é ser conservador em relação aos seus investimentos, sem perder a visão das oportunidades.

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