X

inflação

Finanças, Política
Os mercados e as eleições – Parte 2
6 de junho de 2018 at 10:53 0

Falei em meu último artigo sobre a volta da volatilidade aos mercados. Esperávamos um viés de baixa na bolsa, causado pelo momento externo americano e a situação eleitoral brasileira. Os preços não refletem a realidade do cenário externo e isso teria rescaldo em nossa economia.

Só que tudo foi antecipado pela greve dos caminhoneiros. É necessário cautela e poucos movimentos direcionais, pois a chance de se errar agora é maior. A cautela é necessária pois a volatilidade atrai o capital de maior teor especulativo, principalmente junto aos grandes players, ou quem tem apetite para assistir e digerir prejuízos com maior naturalidade.

Os maiores vencedores serão aqueles que mantiverem posição neutra, isto é, com operações com componente de maior hedge ou mesmo com limites de perdas controladas pela maior liquidez de ativos. Por sinal, a liquidez também cobrará um preço e um bom médico financeiro recomendaria cautela com a segunda e a terceira linha de bolsa. Em momentos de estresse a liquidez desaparece.

Para não me repetir, sugiro a leitura dos meus artigos anteriores em que faço a relação entre economia e política. Eles mostrarão como as tendências de mercado serão dadas pelos boletins de pesquisas eleitorais. No campo macroeconômico externo, o principal fator de influência serão os Estados Unidos, já que se fizermos uma análise 360º do mundo veremos que a política Trump continua a ser a grande novidade e atua como trigger do mercado. Quanto mais o presidente americano se movimentar para implementar seu programa de crescimento e melhoria das condições do mercado interno, maior será a pressão do dolad nas moedas locais dos mercados emergentes.

A volatilidade e a volta da concentração do fluxo de investimentos na América são muito ruins. A proteção de capital em ativos menos voláteis e vulneráveis à piora doméstica começa a se tornar estratégica. Como o consumo interno não terá grande crescimento devido à queda do índice de confiança, uma boa alternativa para os investidores em bolsa é a mudança de capital para empresas exportadoras.

O câmbio deverá seguir pressionado até que a situação eleitoral brasileira se mostre mais clara. Uma super desvalorização é improvável, mas a incerteza poderá funcionar como combustível para piora do cenário interno.

Pontos de atenção:

  • O governo é frágil e demonstrou isso cedendo às demandas feitas pelos caminhoneiros;
  • Fluxo cambial desfavorável e com política intervencionista, que controla os fluxos desfavoráveis e aumentam o pessimismo;
  • A situação econômica ruim é boa para os candidatos de extrema esquerda e extrema direita, conforme exposto em meu último artigo;
  • Interrupção no ciclo de baixa do juros e possível viés de alta;

O cenário internacional também deve contribuir com a turbulência brasileira. A zona do Euro terá a Itália como novo protagonista nos noticiários, já que as eleições acenderão novamente a questão da política econômica ortodoxa, com controle do déficit e manutenção de estabilidade em detrimento do chamado bem-estar social. Isso fará com o que debate sobre a saída de alguns países da zona do Euro reacenda. A Grécia é sempre uma lembrança.

Tivemos grandes avanços econômicos, dentre eles a reforma trabalhista, mesmo com um presidente campeão da impopularidade e com pouca margem de manobra. A situação política traz o ceticismo quanto à viabilidade das reformas mesmo após as eleições, afinal o desgaste da classe política dará ao futuro presidente pouca margem de manobra para implementar as reformas estruturais que o país precisa.

O Brasil deverá crescer 2% este ano, já que o ano político econômico acabará este mês. O segundo semestre estará reservado à Copa do Mundo e eleições.

Apesar de todas essas questões, o cenário brasileiro ainda é positivo e as conquistas deste governo em relação ao controle da inflação e ao juro baixo são inegáveis.

Leia mais
Finanças, Política
Os mercados e a eleição presidencial brasileira
14 de maio de 2018 at 16:00 0

Os mercados dão sinais claros que os tempos fáceis acabaram. Daqui para frente o grau de incerteza tende a aumentar consideravelmente, o que elevará a volatilidade consequentemente.

Pressionado por vários motivos e variáveis que poderão impactar em seu preço, o dólar americano já deu a cara de como vai começar a se comportar. A cotação do dólar oscila por diversos motivos, como as variáveis externas que fogem ao controle brasileiro. É o que está acontecendo atualmente já que a política de Donald Trump tem afetado as economias emergentes.

Uma das promessas de Donald Trump foi valorizar a indústria americana. Com isso, políticas protecionistas foram implantadas nos EUA, o que certamente tem contribuído para o aquecimento da economia norte-americana. Pesa também a redução de impostos corporativos com maior controle da inflação, o que consequentemente gera maior expectativa no aumento da taxa de juro americana. Estes fatores por si só já têm capacidade de apreciar o dólar, consequentemente desvalorizando as moedas emergentes.

Uma das economias que têm sofrido com isso é a argentina, nem tanto pelo efeito externo, mas pela anemia de sua economia, combalida desde os anos 2000. Ajustes fiscais e econômicos foram feitos na Argentina, mas muito ainda precisa ser feito para que os hermanos consigam sair da armadilha inflacionária. Para se ter uma ideia, a expectativa de inflação oficial foi revista de 15% para quase 25% a.a, e a taxa de juros que aqui no Brasil está em 6,25% foi a 40% na Argentina.

Diferentemente do Brasil, a Argentina não possui uma grande reserva cambial que sirva de firewall aos ataques especulativos. Isso fez com que os argentinos pedissem um empréstimo de mais de US$ 30 bilhões ao FMI, contrariando uma promessa de campanha do presidente Mauricio Macri. Além da Argentina, Turquia, Rússia e Brasil agora sofrem com a desvalorização de suas moedas em um efeito que se estenderá por todos os emergentes. O grau de impacto deverá variar de acordo com a confiança externa e a solidez de cada nação. 

O mercado está otimista em relação ao Brasil, e isso me preocupa. Embora com taxa de juro historicamente baixa e inflação no piso, não podemos imaginar um cenário onde o Brasil volte a surfar em céu de brigadeiro, como foi durante a crise global de 2008. Qualquer análise deve sempre levar em conta o cenário interno, mais especificamente o eleitoral, que certamente impactará a economia a depender do eleito e da base partidária que o acompanhará.

Dentre os candidatos viáveis, podemos traçar as seguintes hipóteses:

Uma vitória da centro-direita com Alckmin, Álvaro Dias, Flávio Rocha ou Henrique Meirelles trará poucas mudanças na política econômica. Neste caso teremos uma manutenção do cenário financeiro, com dólar abaixo dos parâmetros já antes da eleição e juros no patamar atual. Isso se deve à crença do mercado na manutenção das reformas econômicas, o que segurará o dólar estável, juro baixo e bolsa em alta.

Caso a centro-esquerda vença com Ciro Gomes, um candidato do PT ou Marina Silva, que se posiciona um pouco mais ao centro, teremos maior indefinição econômica. A tendência pela suspensão das reformas e incerteza de cenários pressionará o dólar que, com a taxa de juro indefinida, fará com que a bolsa entre em queda.

Candidato de extrema-direita líder das pesquisas atuais, Jair Bolsonaro fará os mercados reagirem com bastante volatilidade em caso de vitória. Tudo dependerá da equipe econômica escolhida por ele e qual base eleitoral sustentará seu governo na Câmara e no Senado. Assim como Ciro Gomes, Bolsonaro será questionado pelo mercado por suas políticas na economia e na área social. Neste caso, o dólar deverá extrapolar os preços habituais e o juro deverá subir ligeiramente, em uma tentativa de segurar a especulação no dólar.

Levando todas essas alternativas em consideração, caso tivesse que decidir hoje por um curso de ação eu ficaria fora da bolsa, neutro na questão do juro, ou levemente comprado, e com maior posicionamento no dólar. Não é possível avaliar um cenário de curto prazo com grandes ou pequenos ganhos na compra em bolsa ou juros.

Há pouco para se ganhar e muito para se perder, apesar dos fundamentos financeiros do Brasil ainda estarem estáveis.

E lembre-se do velho ditado, eu sou você amanhã, hermano.

Leia mais
Política
Economia reage, inflação cai e PIB cresce. Fim da crise à vista?
16 de maio de 2017 at 17:58 0

Economia reage, inflação cai e PIB cresce. Fim da crise à vista?

O anúncio de que o IBC-Br teve uma alta de 1,12% nos três primeiros meses do ano foi motivo de comemoração para economistas. Esse indicador é construído pelo Banco Central e funciona como uma tentativa do Governo de antecipar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, já adiantando algumas decisões, especialmente em relação às taxas de juros. Confirma o que falei há algum tempo sobre a importância dos indicadores tanto na tomada de decisões quanto para acompanhar a saúde econômica brasileira.

A grande estrela do resultado positivo do IBC-Br é a safra recorde de grãos já que o levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), prevê que a safra 2016/2017 deve chegar a 230 milhões de toneladas. É um crescimento de 24,3% em relação ao período anterior e significa uma incrível movimentação econômica com geração de empregos diretos e indiretos e movimentação de várias cadeias produtivas.

Embora o resultado seja positivo, afinal significa que o país está no rumo certo, não é realista esperar um crescimento expressivo diante de tantos meses de crise. Nos últimos anos o Brasil sofreu perdas consideráveis de credibilidade: um longo processo de impeachment, a queda do grau de investimento e consequente fuga de capital.

Michel Temer e sua equipe fizeram um esforço considerável no sentido de aprovar medidas percebidas como impopulares, porém muito necessárias para a recuperação do país. A aprovação da PEC do Teto provou aos investidores que o Brasil tem a intenção em conter seus gastos públicos e, como resultado, a Moody’s alterou o rating brasileiro de negativo para estável. A própria agência afirma que a continuidade e implementação consistente dessas políticas pode afetar positivamente futuras classificações.

Uma das grandes vitórias é o controle da inflação, grande trauma para os brasileiros. Isso significa que um governo que mantém os preços sob controle e garante renda e poder de compra consegue a confiança da população. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril ficou em 4,08%, o menor para o mês desde o início do Plano Real, em 1994. As categorias que puxaram esse número para baixo, dessa vez, foram os combustíveis, energia elétrica e habitação.

Estamos apenas no começo de um longo caminho na retomada do crescimento. As reformas Previdenciária e Trabalhista estão a poucos meses de serem aprovadas e estamos a pouco mais de um ano de um processo eleitoral que não apenas promete ser um dos mais acirrados das últimas décadas, mas irá garantir a continuidade dos ganhos dos últimos meses ou colocar tudo a perder.

Como diz o ditado, esforço e trabalho duro oferecem suas recompensas. A economia brasileira agradece.

Leia mais
Finanças
Indicadores econômicos na tomada de decisões
12 de setembro de 2016 at 18:08 0
12_09_ss  
Em economia temos indicadores para tudo. Pessoas trabalhando, bens produzidos, moeda circulante, exportação, importação, taxas de juros, dívida pública, operações de crédito, volume de vendas no varejo. Pense em um assunto e provavelmente teremos um indicador econômico, oficial ou não, para demonstrar a saúde desse setor – seguramente também com "série histórica" para efeito comparativo. O acompanhamento de indicadores econômicos é parte fundamental para o sucesso no mundo dos negócios. Enquanto para a maioria da população são apenas números e letras aleatórios, para os empreendedores o fato de acompanhar esses dados pode ser a diferença entre o sucesso e a falência. Com acesso à divulgação desses indicadores conseguimos, também, traçar um panorama da saúde econômica brasileira. Os indicadores já conhecidos dos meses de julho e agosto deste ano, por exemplo, reforçam a percepção de que o terceiro trimestre de 2016 deve ser mais um período de acomodação da economia. À primeira vista e para quem não entende muito do jargão econômico parece uma notícia ruim, mas assim como a sociedade brasileira, o mercado também está se adaptando ao novo governo. Prova disso é que o Indicador de Investimento da Indústria, elaborado pela Fundação Getúlio Vargas, subiu 7,9 pontos em relação ao mesmo período de 2015. Isso significa que o investidor ainda não tem certeza de onde e como vai aplicar o capital, mas já começa a vislumbrar um cenário menos negativo para seus negócios. O Indicador de Preços ao Consumidor Amplo, IPCA, considerado o medidor da inflação no país, mostra que já houve desaceleração entre julho e agosto, apesar de ainda ser a mais alta para o mês, desde 2007. O IPCA é importante, pois calcula tudo que pagamos no dia a dia: supermercado, escola, transporte. Conseguimos até, através do IPCA, calcular o impacto que as Olimpíadas tiveram no nosso bolso e ver claramente que o preço da alimentação, bebidas e hospedagem no Rio de Janeiro teve forte impacto nos números da inflação do país inteiro. Como disse anteriormente, os brasileiros e o mercado ainda estão se adaptando ao novo governo. Ainda sentiremos durante anos o impacto dos quase 14 anos de governo do PT sobre nossa economia. E não são poucos meses de uma nova política econômica que irão corrigir mais de uma década de decisões mal planejadas. Uma coisa é certa, a cada dia que passa estamos com mais acesso à informação e menos sujeitos a sermos pegos desprevenidos. A utilização destes indicadores como suporte na tomada de decisões é importante para o investidor e, especialmente, para nortear o governo na direção de um país mais próspero para todos nós.
Leia mais
Finanças, Política
Melhoram as previsões para a economia brasileira
6 de junho de 2016 at 17:48 0

Previsões para a economia brasileira

O Boletim Focus desta segunda-feira muda um pouco as perspectivas para a economia brasileira. Apesar de ainda contarmos com a inflação, os preços e os juros tendem a baixar, segundo as análises apresentadas.

As famílias brasileiras somente sentirão os efeitos de melhora, caso as previsões se concretizem, ao longo de 2017.

Enquanto isso, a nossa situação política ainda poderá nos surpreender muitas vezes positiva ou negativamente. Afinal, a nova gestão econômica do governo federal foca no investimento estrangeiro, tentando recuperar a confiança e a fatia que perdemos. O otimismo no momento está nas nossas exportações, que seguem fortes em algumas áreas como, por exemplo, a agropecuária.

A sociedade brasileira e todo mercado mundial aguardam as ações do governo para fazer os ajustes necessários. Apesar de o boletim Focus de hoje melhorar as perspectivas para até 2017, um aumento de carga tributária seria muito mal recebido por todos.

É necessário que o governo aperte mais ainda os cintos das contas públicas, que haja uma revisão verdadeira e congelamento de despesas, senão o que vai sobrar são as medidas impopulares, que causarão comoção e protestos. Isso certamente nos fará voltar à montanha-russa da desconfiança.

Acredito que os anúncios positivos da última semana, que fizeram o presidente sofrer muita pressão e recuar, deverão ser repensados e retomados.

O Brasil deve fazer o que for necessário para ajustar a nossa economia e voltarmos a crescer. Não é simples, mas é possível, caso sejamos firmes na aprovação das medidas de controle das contas públicas.

Leia mais
Bolsa, Juros, Política
Os rumos do Brasil
20 de janeiro de 2016 at 08:29 0

post_blogdosaul

Todos já sabemos que o Brasil passa por um problema sério com suas commodities, principalmente pela baixa histórica do barril de petróleo e da volatilidade da economia chinesa, responsável pela importação de 50% do nosso minério de ferro. Cada vez mais interessado por economia, muitos brasileiros já se conformaram com as projeções pessimistas para 2016. Não há remédio milagroso, e a melhora vai depender de ajustes certeiros tanto na área financeira quanto na política, que não está ajudando na suavização da crise.

As economias dos países emergentes, em geral, têm sofrido bastante com a queda generalizada dos preços das commodities e a valorização do dólar. Especialmente a Venezuela e o Brasil que, além de terem uma grande parte de sua receita atrelada às exportações de petróleo e minério, ainda passam pelos problemas domésticos – que não são poucos. Países de primeiro mundo também sofrem com esses problemas, e a moeda canadense que normalmente segue a regra do um para um, desvalorizou quase 50%, e hoje são necessários 1,45 dólares canadenses, o CAD, para comprar one dollar bill.

Preocupado com o problema brasileiro mais sentido pelos pais de família, que é a inflação que derrete a renda de famílias e empresas, o Copom fará hoje a sua primeira reunião do ano para definir se sobe a taxa de juro para 14,25%. O resultado da reunião sairá a noite, mas é provável e quase certo que sim, o BC irá manter a taxa ou no máximo subir 0,25%.

Já disse anteriormente que a subida da taxa é uma decisão necessária, mas com resultados pouco garantidos, podendo afetar ainda mais as dívidas com o percentual repassado aos preços. Já em janeiro o IPCA deu um susto na população, nos mostrando as altas nos preços dos itens mais básicos.

Muitos amigos me perguntam sobre a realidade da economia brasileira e as chances de recuperação, mas tudo o que tenho são interrogações. Por mais que os especialistas tentem analisar e prever, no fim das contas ninguém consegue saber muito. Qual a eficácia da política monetária no momento? Qual o impacto de elevação dos juros no controle da inflação, se a percepção é fiscal? Qual o impacto dos juros SELIC no custo dos empréstimos, se os spreads estão exacerbados em função do risco Brasil? Quanto da inflação não está indexada aos contratos e aos indexadores que mantém/reduzem a capacidade dos juros?

Enfim, meus amigos. O negócio é torcer para que quem está no controle saiba o que está fazendo, e trabalhar muito, com muita cautela, porque este ano não será céu de brigadeiro. Isso, ao menos, é uma certeza.

Leia mais
Bolsa, Investimentos, Juros, Política
Um novo cenário inesperado.
3 de dezembro de 2015 at 14:20 0
crise
Está difícil fazer previsões econômicas e políticas, dado o fator de imprevisibilidade. Já começávamos a acreditar que estávamos começando a enxergar as variáveis possíveis, como comentei em outro artigo intitulado House of Cards, pois dentro do meu cenário sempre considerei a estabilidade financeira bancária, além das reservas cambiais como um diferencial na nossa crise que se aprofunda e, sem dúvida, entrará na "Hora da Verdade" no primeiro trimestre de 2016, com um aprofundamento e com acúmulo dos fatores externos que não ajudam em nada a situação.
Agora a crise será turbinada por mais desdobramentos alheios ao mercado. Mal recuperamos o fôlego sobre as notícias vinculadas à Lava-Jato e veio a notícia da aceitação por parte do Presidente da Câmara da abertura do processo de impeachment, que muda o quadro radicalmente. É certo que se desenham vários cenários, como já vínhamos comentando, de que a solução econômica passará pelo cenário político, cuja deterioração certamente acontecerá com a perda de mais um ou dois Investment Grades, em função do recrudescimento da crise no primeiro trimestre de 2016, apelidada pelos economistas de Hora da Verdade.
O que podemos esperar em relação a investimentos no curto prazo? Não está difícil apostar em uma nova alta do dólar, mesmo nestes patamares. Possivelmente poderemos vê-lo acima de R$ 4,50  já no primeiro trimestre de 2016. Quanto à situação dos juros está mais difícil de avaliar, pois o aprofundamento da recessão, quando poderemos considerar um possível PIB negativo no ano que vem por volta de até 3%, não deixa muitas opções de uma nova alta de juros, com a inflação em patamares parecidos com 2015. Uma grande dose de incerteza sobre os acontecimentos políticos, agora turbinados pela decisão de Cunha, poderá deixar o governo e o BC com pouca margem de manobra e refém da inflação em alta, desemprego em alta e aumento de déficits de todas as naturezas.
A economia será o ponto de inflexão para a presidente da República, pois a insatisfação popular será alimentada ou não pelos resultados econômicos que, em caso de piora - o que é muito provável, poderão incendiar novamente as ruas. Cunha jogou gasolina na fogueira.
Outro ponto grave é que, até então, os investidores estrangeiros efetivamente não retiraram recursos do país. Agora, em função destas variáveis internas e externas acima mencionadas, somadas à incerteza política dos nossos líderes e mais o que pode acontecer pelo lado da Lava Jato através das novas delações, serão geradas mais incertezas no mercado.
Os próximos capítulos de House of Cards mostrarão o clímax total a partir de agora, como já venho falando em outros artigos. A melhor solução será a resolução, pois o pior dos mundos seria nada acontecer.
Acho que vem chuva por aí, vamos procurar um bom abrigo para não levarmos um raio na cabeça.
Leia mais
Bolsa, Investimentos, Política
Fusões e negócios com estrangeiros disparam no Brasil em crise
27 de novembro de 2015 at 13:42 0

fusões e negócios

O dólar alto tem atraído para o Brasil investidores estrangeiros que enxergam, em meio à instabilidade política e econômica, uma oportunidade de obter rendimentos. Aparentemente as empresas estrangeiras estão apostando mais no Brasil do que as nacionais, como falei no meu artigo anterior sobre investidores estrangeiros que desembarcam no país atraídos pelo dólar.

Segundo a Pricewaterhouse, desde o ano 2000, é a primeira vez que as empresas internacionais fazem mais negócios com o país do que as locais. Basta vermos o número de grandes fusões que aconteceram ultimamente, como por exemplo a Coty que comprou a Hypermarcas. A Price diz que em 2015, já foram fechados por estrangeiros 285 negócios de fusões e aquisições no Brasil, o que significa 5% a mais do que 2014. Já os negócios brasileiros representam 26% a menos do que no mesmo período do ano passado, sendo 275 negócios neste ano.

O que preocupa é que este ano foi péssimo para o mercado de capitais em geral. Aqui dentro as nossas empresas têm sentido o forte impacto da inflação e da instabilidade econômica, enquanto – apesar do entusiasmo – os investidores estrangeiros foram impactados com a nossa perda de grau de investimento pelas agências de rating, a economia chinesa e a perspectiva de alta dos juros americanos.

A queda nos negócios este ano, representam 35% em relação ao ano passado. A Bovespa, a BM&F estão trabalhando com um volume inferior. O pior desempenho desde 2008, quando a crise internacional estava no auge. Todas as transações foram afetadas, incluindo renda fixa, debêntures, CRIs e FIDCs.

O que podemos ver é que foram feitas mudanças para fortalecer o mercado de capitais, que tem sido uma alternativa de crédito para empresas. Mas ainda a maior fonte de renda para empresas abertas tem sido o mercado internacional. E temos agora a padronização das debêntures, que podem ser uma saída, com maior liquidez.

A aquisição da Alpargatas pelo grupo J&F na segunda-feira por R$ 2.6 bilhões mostra que o mercado nacional ainda se movimenta, mas para quem acostumou a ver empresas brasileiras em constante expansão interna e externa, como a compra do Burger King ou da Budweiser, o momento atual é de angustia.

Os boatos de que mais uma agencia reduzirá o rating nacional contrastam com as expectativas de que o Brasil saia da recessão na metade do ano que vem. Como eu já disse antes, ao investidor sábio e preparado resta uma única estratégia: esperar e observar com calma, para não ser pego desprevenido e ficar atento para fazer bons negócios que aparecerem.

Leia mais
Investimentos, Juros, Política
“A Hora da Verdade”
26 de novembro de 2015 at 18:18 0

A Hora da Verdade Baseados nos últimos eventos, como a alta da inflação, a queda do PIB, a dívida pública, a expectativa de queda do Investment Grade, os juros do FED, a Selic e agora as dificuldades na conjuntura política para aprovar os ajustes, o mercado acredita que a recessão deverá se aprofundar no primeiro trimestre de 2016 e chamam este momento de “A Hora da Verdade”.

Por tudo isso e pela sazonalidade de final de ano, onde o 13º aquece a economia das vendas no varejo, acredita-se que no primeiro trimestre de 2016 a inadimplência deverá aumentar significativamente, com squeeze de liquidez de crédito.

Ontem a taxa Selic foi mantida pelo Copom em 14,25%, apesar da decisão não ter sido unânime. Dois diretores votaram 14,75%. Mas parece, pelo texto divulgado, que ela não se manterá por um período prolongado e o mercado poderá voltar a precificar mudanças nos juros, no curto prazo. Sem dúvida isso nos mostra que há uma mobilização para a contenção dos ajustes de preços.

Acho que o que acabou prevalecendo e que poderá dar continuidade à manutenção dos juros será a queda da atividade econômica como um todo.

A sensação da população sobre a economia neste primeiro trimestre, onde despesas de final de ano e as de início, como as escolares, impostos dos automóveis e outros pesam mais, foram refletidas pela Anbima para definir a preocupante previsão. O endividamento das empresas e aumento do desemprego também colaboram muito para a insegurança.

Mas o cenário é importante para as ações políticas e do Banco Central, no que diz respeito aos preços. Se o bem-estar da população piora, a pressão será enorme para que atitudes sejam tomadas mais rapidamente, pois estaremos diante de um impasse. Nos resta essa esperança de não precisarmos chegar ao fundo do poço para voltar a crescer.

Leia mais
Bolsa, Câmbio, Finanças, Investimentos, Juros, Política
Inflação x Empresas
3 de novembro de 2015 at 17:44 0

inflação

Os jornais de hoje mais uma vez trazem a o cenário de como a crise política está afetando a economia brasileira. Segundo alguns especialistas, essa crise política afeta mais os mercados do que a crise econômica em si, já que a desconfiança se traduz em inflação no patamar de 10% e a taxa de câmbio no absurdo patamar de R$ 4,00.

Sobre a inflação as estimativas continuam a piorar, de acordo com o boletim Focus, do Banco Central (BC). O IPCA este ano subiu de 9,85% para 9,91%. Para 2016, avançou de 6,22% para 6,29%. O Banco Central prevê manter as taxas de juros estáveis em 14,25 pelo menos até julho/2016, apesar da alta da inflação. Já o mercado tem visto esses números como otimistas, acreditamos em uma alta maior do que a estimada pelo governo.

Por causa da inflação e da alta do dólar, muitas empresas estão extremamente endividadas e, para não quebrarem ou evitarem demissões, estão negociando rolagem nos pagamentos dos compromissos firmados com os bancos e o perdão no descumprimento de algumas cláusulas contratuais. As instituições financeiras, por sua vez, estão fazendo de tudo para evitar a inadimplência.

Já o preço do dólar é uma oportunidade para que investidores estrangeiros apostem no mercado nacional. Concordo com as opiniões de que o Brasil está muito barato, em termos de mercado, e investir agora no Brasil é ter a possibilidade de retorno muito alta.

As startups brasileiras de tecnologia, por exemplo, perderam em 4 vezes o poder de compra, entretanto o investimento em dólar está em apenas 1 quarto do que costumava ser. Acredito que os investidores que têm condições de aplicar no mercado brasileiro devem vir, dentro dos próprios critérios estabelecidos, pois quando a crise política se resolver, certamente todos nos beneficiaremos.

 
Leia mais