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Política
Welcome to 2019
2 de janeiro de 2019 at 12:15 0

Seja bem vindo a 2019.


Acredito que todos nós brasileiros que realmente elegeram o candidato da mudança, Jair Bolsonaro - tanto por motivações ideológicas ou também através do voto útil como foi meu caso - estão mais alinhados ao estilo de vida do povo brasileiro do que veio sendo proposto pelos partidos de esquerda em geral aos longo destes 12 anos de poder.

Já esta muito claro que estas mudanças deverão acontecer em uma forma mais ampla que o esperado.

A começar pela revitalização do Itamarati que ao longo deste governo foi posto como um coadjuvante na questão de politica externa, tendo que passar por vários vexames internacionais principalmente no governo Dilma Rousseff. Esta, especialista em gafes externas.

Acordos estranhos com países duvidosos e oportunistas, sem uma mínima governança, como no caso de Cuba através do convênio “mais médicos” - em que se utilizou de um momento de crise de saúde para se importar médicos cubanos que serviram simplesmente aos interesses tanto do PT, como de um governo que respeita zero os direitos humanos como Cuba. O processo de remuneração dos mais médicos nunca foi explicado porque dois terços dos recursos do governo brasileiro ficava retido em Cuba, sabe se lá por quê. De 3 mil dólares , os médicos só recebiam 1 mil US. Totalmente descabido.

Para mim ficou claro de como as coisas poderão mudar agora. O Presidente de toda nação, sem esquerda ou direita, que já demonstra a sua capacidade e vontade de fazer mudanças efetivas, mostrando que dará uma guinada de 180 graus em relação a nova política externa, se alinhando a principais países que historicamente tem convergência de política e de estilo de vida. Por que? Cuba, Venezuela, Equador, Irã e outras aproximações sem nenhuma assemelhações ideológica com o povo Brasileiro.

Basta ver que agora no êxodo de imigrantes venezuelanos, a solidariedade não foi de nenhuma identificação, e sim os expulsaram porta a fora do país. Por que os ditos partidos de esquerda não cuidaram ou assistiram de alguma forma esta população de imigrantes carentes e famintos de solidariedade? Possivelmente para não chamar atenção para a forma como são tratados os milhões de Venezuelanos por um regime que foi amplamente reconhecido pelo governo petista.

Em relação à escolha de países com maiores convergências ideológicas - como Estados Unidos e Israel, assim como tantos outros alinhados com o pensamento democrático - Bolsonaro tem dado sinalizações claras de “Welcome”.

Diferentemente do que foi amplamente publicado pela mídia - em que mostrava um Bolsonaro alinhado com um regime militar - e que se publicou muita informação duvidosa de uma possível volta à um regime não democrático, a ideia foi, sem duvida, se esvaziando pelas ações e sinalizações do novo presidente.

O BNDES foi usado inúmeras vezes para demostrar seu apreço e apoio a todos aqueles países com cunho ideológico de esquerda e marcado pela opressão. Com apoio financeiro a estes países, nunca entendemos a razão objetiva e politica de porquê se fazia tanta questão de dar dinheiro a eles, já que são tão diferentes da nossa verdadeira vocação democrática. Agora, depois dos escândalos da Lava-Jato, compreendemos a verdadeira razão destes empenhos.

Muitos artistas e músicos famosos se apoiam na ideia de que você pode ser democrático e de partido de esquerda, de partidos políticos que vendem este conceito social e comunista. Eu pessoalmente não consigo entender como o comunismo seria “democrático”, até porque não é e nunca foi. As pessoas precisam ler mais a história sobre os lideres do sistema partidário comunista, ou mesmo ver filmes de história biografica dos fundadores do partido comunista.

Sempre tiveram como âncora a revolução, não necessariamente pacífica, como mostra a história da Rússia e China que foram os grandes fundadores do partido comunista no mundo.

Não se tem na história da humanidade o tamanho do morticínio que estes dois países comunistas causaram à sua população. Trotskistas, Lenin, Stálin e Mao Tstung dizimaram milhões da população de seus países em nome de suas ideologias partidárias. Basta ler a biografia dos três.

Mas o que isto tem a ver com a gente aqui no Brasil? Na realidade, há um simbolismo maior do que imaginamos.

O conceito vulgarmente de direita ou esquerda usado na eleição recente trouxe de volta esta termologia que talvez estivesse relativamente esquecida por nós, e principalmente por uma nova geração que não tem dado muita atenção o que significa de fato, mas que, ao final, foi o que fez a diferença entre os candidatos. A esquerda chamada light, pão com cocada, são normalmente usadas de uma forma enganosa e que de certa forma confunde o cidadão de boa fé. Em um exemplo muito claro, podemos ver que as demandas sociais dos chamados “sem terra” sempre foram estimuladas e amplamente amparadas pelos mesmos partidos de esquerda e usadas como um instrumento de barganha. O MST é um movimento apoiado pela esquerda e com ocupações não democráticas, inspirado nos conceitos Marxistas. “O povo é o poder”, diferente do viés democrático de que o povo elegeo poder.

Mas esta eleição reacendeu o conceito, pois o candidato Bolsonaro levantou a bandeira da direita e nos fez lembrar de onde vem a esquerda.

Muitas pessoas me perguntam como eu acho que vai ser o governo do nosso próximo presidente. Eu simplesmente nunca me prendi a promessas de campanha de nenhum candidato, e sim aos sinais que me são dados - tanto pela própria mídia ou por informações de redes sociais. E, sinceramente, estou surpreso positivamente, até porque, como muitos, nunca fui Bolsonarista mas acabei admirando sua forma de lidar com o controverso, e com um racional bastante diferente do que a mídia vinha caracterizando em varias situações  que geraram muita controvérsia e confusão de opiniões, além de deixarem muitas dúvidas do real posicionamento do novo presidente - como casos envolvendo xenofobia, se posicionar contra os índios, pobres e outros casos polêmicos, até mesmo a respeito de ser a favor da ditadura militar.

Ninguém trilha um caminho de governo ditatorial fazendo convite para países democráticos e desconvidando países como Venezuela e Cuba, que não se alinham na democracia. São os mesmo sinais que a posse do governo Dilma deu no sentido inverso, basta ver a fotografia da posse. Assim, confesso que reavaliei o meu posicionamento em relação ao novo governo e considero que podemos, sim, ter um ciclo econômico bastante favorável ainda que o governo tenha grandes dificuldades em relação ao legislativo. Mas como dizemos: isto faz parte do pacote.
Alguns pontos que observei que considerei bastante positivos e me deixam mais otimista:

- Posicionamento bastante claro em relação à aproximação com países com amplo histórico democrático, que são por natureza de livre comércio e de maior liberdade à iniciativa privada. A tecnologia hoje deverá ser cada vez mais proxima do comércio mundial, sem necessariamente precisarem estar em blocos. Já é possível visitar feiras no mundo inteiro virtualmente e essa tendência irá aumentar cada vez mais, assim como outras ferramentas institucionais.

- Acordos bilaterais de comércio são uma realidade pois as negociações em blocos regionais, especificamente do Mercosul, em que não se consegue atender aos interesses de uma região como um todo pelas diferenças e momentos econômico de cada país como Brasil e Argentina.

- Politica de defesa de todo cidadão de bem para ter o direito de se defender poderá inibir um pouco mais a criminalidade que assola o país e hoje se tornou um dos maiores e principais problemas nacionais.

- Direitos iguais a todos os cidadãos, independente de quotas de raça, cor, origem indígena (ou não), sexo ou orientação sexual, só gera distorções em relação a outros que também consideram injustiçados por não ter os mesmos privilégios.

Assim, com certeza, teremos um início marcante e diferente por posições ideológicas bem distintas do que convivemos ao longo da última década.

E diferentemente de que alguns pensam, as diferenças e valores são relevantes, tão grandes quanto o tamanho do estado que cada um sonha. À direita um estado de menor influência na nossa vida, e à esquerda com maior influência do estado a começar pelo tamanho e relevância do poder público.

Enfim, somos agora de direita e espero que continuemos a ser um país mais democrático, votado democraticamente pela maioria.

Welcome to 2019.

Vamos comemorar a entrada de ano com bastante otimismo e apostando em um futuro melhor. É o que desejo a todos os brasileiros.

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Política
Entre o desejo e a realidade
23 de agosto de 2018 at 11:07 0

Entramos a campanha eleitoral agora em Agosto, com os candidatos 90% definidos e a dura realidade de uma eleição sem cara e sem cor. Não é uma eleição vermelha ou amarela, nem azul ou verde, temos uma verdadeira salada mista. Coligações improváveis ou mesmo tradicionais por pura conveniência eleitoral. Nesse último caso, o cenário mudou pouco.

Parece que a vontade e desejo de uma grande mudança de tudo que temos visto em política nos últimos anos é predominante. Talvez porque o sentimento da grande maioria é de que existe falta de opções políticas de renovação com um conceito mais ético, principalmente fora dos padrões do atual de governo e do anterior . As últimas pesquisas mostram que o desejo de mudança tem atraído uma parte considerável dos eleitores, principalmente quando vemos o candidato do nanico partido de Bolsonaro representar este sentimento na sua essência. Sem dúvida a intenção de voto em Bolsonaro é o mais puro e claro sinal desta vontade de mudar. A diferença entre o desejo e a realidade é sempre cruel e existe um paradoxo entre ambos. A nossa infeliz realidade é que o Brasil criou um sistema, tanto político quanto social e estrutural que funciona com grande ineficiência em quase todas áreas: saúde, educação e segurança pública.

A chamada “O país que quero” que a rede Globo fez por todo Brasil em rede nacional explica um pouco deste sentimento e todos desejos pretendidos são sempre no mesmo tom. “Eu desejo um país que não tenha corrupção e tenhamos políticos honestos. Desejo que os hospitais tenham um atendimento mínimo e humanizado para a população. Desejo que tenhamos uma melhor distribuição de renda. Desejo que tenhamos um mínimo de segurança aceitável dentro dos padrões social”.

O cerne da questão é que não encontramos um político que preencha todas as nossas aspirações. Que não pratique o tão conhecido “toma lá, dá cá” e tenha capacidade administrativa e gerencial para montar uma equipe de alto nível e de altos padrões éticos. Ainda é importante não retroceder em situações já superadas, tanto no campo econômico quanto no campo político e trabalhista. Retomar esses debates não favorece o país e pode representar perdas que irão demorar décadas para serem recuperadas, bem como arriscar a baixa inflação e juros baixos. Já tivemos essa experiência em alguns estados e o Rio de Janeiro é o exemplo mais evidente do que estamos falando. Na última eleição para prefeito, Marcelo Crivella foi o vencedor e o resultado ficou muito pior que se imaginava com o Rio entregue à total inoperância da máquina. É o velho ditado se concretizando: está ruim, mas pode ficar muito pior. Sob o governo de Sérgio Cabral e Crivella, o Rio voltou uma década em muitas áreas, principalmente na questão da segurança pública e, no caso do Crivella, a volta do comércio sem lei nas ruas.

É por isto que devemos atentar e evitar escolhas embasadas mais pelo descontentamento do que na busca da virtude do candidato.

Vamos aos candidatos.

Desejo que Bolsonaro acabe com a criminalidade desenfreada, investindo e priorizando a polícia e o programa de ressocialização carcerária. A pergunta correta é: como fazer e de que forma priorizar o pouco orçamento disponível? Ao candidato Geraldo Alckmin, perguntaria como vamos finalizar as centenas de obras de infraestrutura que estão inacabadas e geram um enorme prejuízo para o país? Vimos no passado a criação de programas e liberação de recursos com a promessa da criação de novos empregos. A realidade foi a perda de recursos públicos por falta e empenho governamental e de bancos federais.

São perguntas objetivas que não podem ter respostas vagas. Servem para avaliar a melhor a estratégia e a convicção de realizar do candidato, sem perder de vista seus desejos e a realidade do cenário político brasileiro.

Cada vez mais, está se diminuindo o tempo e o espaço para promessas simplesmente populistas: vou acabar com a fome no país, vou dar moradia decente para os nossos cidadãos, vou resolver e vou fazer. O povo hoje já tem muito mais capacidade de avaliar as promessas. Temos quase um celular por habitante e isto gera informação. Estes dois exemplos são a essência do título deste artigo. Entre o desejo e a realidade. Poderíamos perguntar a todos os outros candidatos que tem o mesmo discurso o que eles desejam. A dura realidade, entretanto, é que possivelmente teremos uma alta renovação do Congresso Nacional, segundo as pesquisas e nesse ponto começa o maior problema do novo Executivo que será eleito este ano. Não existe governabilidade sem a bênção do legislativo. A história mostra que governar sem o apoio do centro, no caso PMDB, é pura ficção, haja visto o que aconteceu com os ex-presidentes Collor e Dilma que, órfãos de apoio na Câmara, foram retirados dos cargos via impeachment principalmente por contrariar os desejos do Congresso. O mesmo acontece agora com o atual presidente, que chegou a ensaiar a reforma da Previdência e foi dado um sonoro não a ele pelo Legislativo.

Se realmente queremos mudança, o foco deve ser na base legislativa, pois é de lá que irão acontecer as principais mudanças. Acredito fielmente que a figura de um Don Quixote e seu escudeiro não mudarão efetivamente nada, por maior que seja o desejo de todos. É necessário um governo mais forte e com mais coligações partidárias para aprovar profundas reformas.

Acreditar que presidentes controlam corrupção é acreditar em história da carochinha e, se fosse assim, o PT teria conseguido controlar alguma coisa neste sentido. As instituições são autocontroladas por meio de normativos independentes, como vem acontecendo agora através das instituições democráticas. Por isto me causa estranheza tanta gente culta enaltecendo determinados candidatos que seriam “da mudança”. Faço a pergunta: mudança de quê?

Espero que tenham razão, pois este também é meu desejo, mas, como disse no início, pode ser mais desejo do que realidade este profundo desejo de mudança.

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Câmbio, Política
Os mercados antecipam as eleições?
27 de junho de 2018 at 11:32 0

Sem dúvida a greve dos caminhoneiros antecipou o calendário eleitoral. Tanto a bolsa quanto os juros futuros e o câmbio incorporaram os fatores externos advindos da mudança de postura da economia americana. O aumento de juros e o protecionismo da economia americana fez com que fosse interrompida a calmaria que vinha perdurando nas economias emergentes em geral.

Além disso, essa mesma greve evidenciou a realidade e a fragilidade do governo atual que, para se livrar de um incômodo pontual, acomodou a situação e deixou a sensação de que estávamos muito mais vulneráveis do que imaginávamos.

O principal detonador da crise de confiança do mercado foi a demissão do Presidente da Petrobras, Pedro Parente, em função da falta de alinhamento com o discurso do governo de não estar mais vulnerável ao intervencionismo do preço de combustíveis. O governo, entretanto, por meio de decreto, acabou baixando o preço do óleo diesel. Pedro Parente saiu.

Com os mercados extremamente voláteis e seis meses eleitorais pela frente, fica a indagação dos mercados sobre o que esperar da diretriz econômica. Não há sequer um perfil aproximado do possível novo presidente, com exceção dos candidatos de centro, que não parecem ser os favoritos da população conforme as pesquisas recentes.

Aparentemente o gerenciamento dessa crise de confiança coube ao Banco Central. Instalada desde antes da Copa do Mundo, restou ao BC conduzir essa difícil e complicada transição eleitoral, evitando a solidificação do caos e pânico aditivados pelo grau de incerteza agora instalado.

Os mais experientes, como eu e outros da minha geração, já viveram várias crises cambiais. Sabemos como elas começam e os distúrbios gerados à vida cotidiana. A instabilidade do cenário, além de gerar uma grande incerteza na economia e nos negócios em geral, detona o índice de confiança, fundamental para os investimentos.

Nosso câmbio já vinha sendo precificado sem grandes interferências do BC, porém a onda de desvalorização dos mercados emergentes fez necessária a adição de todas as variáveis de risco político.

Em sua última reunião, o FED americano sinalizou uma alta gradual de juros, inviabilizando uma trégua cambial no curto prazo. Essa medida já contamina a curva de juros futuros, criando uma expectativa inflacionária a ser avaliada. Já aqui no Brasil, a decisão do COPOM no último dia 19 não surpreendeu quem acreditava no discurso de meta inflacionária do presidente do BC. O foco continua sendo o target inflacionário, o que não impactaria a trajetória de juros pelos distúrbios no câmbio, deixando de atrair capital especulativo e, consequentemente, diminuindo prêmio de risco do câmbio.

Há um velho ditado do mercado que diz: “a bolsa machuca, os juros aleijam e o câmbio mata”. A sabedoria das gerações passadas se mostrou novamente realidade.

Para que haja clareza: entregar um governo com a volatilidade econômica controlada é uma tarefa árdua, mas possível. Isso dependerá exclusivamente da perícia do Banco Central em administrar a tensão do mercado, dependendo de como vai operar os grandes momentos de estresse cambial.

O dólar a R$ 4,00 já é uma realidade no curto prazo, mesmo com as intervenções diárias do Banco Central. O grande problema não é o alto valor do dólar em si, já que setores da economia se beneficiam disso, e sim a oscilação em alto grau. A mudança de cotação de R$ 4,00 para R$ 4,50 fragiliza a confiança na política cambial brasileira.

O BC não terá trégua diante da intensidade dos eventos de descontinuidade política. Como ficou demonstrado nas últimas semanas, o mercado antecipou as eleições que estavam marcadas para depois da Copa. Cada pesquisa será refletida no dólar, nos juros e na bolsa. Como o câmbio mexe com toda cadeia econômica do país, a volatilidade exacerbada acaba paralisando a atividade econômica. Nessa situação, os agentes financeiros e a própria cadeia de importadores e exportadores têm dificuldades na formação de preço dos seus produtos. Se o dólar estiver muito volátil, o exportador pode estacionar os recursos no exterior, enquanto o importador adiará o fechamento do câmbio.

Não podemos desconsiderar a sensação de desalinhamento entre os juros internos e os juros americanos. Esse descolamento somado à baixa atratividade de investimentos em títulos soberanos brasileiros tem uma consequência: a curva futura de juros sobe.

A medida governamental de intervenções programadas de SWAP, como a anunciada no último dia 8, torna a política cambial mais ativa e menos reativa. Naquela ocasião, o câmbio despencou 6% em um dia e deu uma forte sinalização de mudança de comportamento. O que poucos notaram, entretanto, foi o fato da intervenção vir colada à oferta de crédito ponte de R$ 50 bilhões do FMI para a Argentina, que já estava sofrendo um ataque a sua moeda.

A realidade é que o preço do dólar não está mais alinhado aos indicadores técnicos e à metodologia de preço justo, mas ao prêmio de risco associado ao imponderável, isto é, àquilo que não enxergamos, principalmente no campo eleitoral. Um cenário otimista a favor do câmbio seria o crescimento dos candidatos de centro, em especial Geraldo Alckmin.

Jogue sua calculadora financeira fora, pois será de pouca utilidade para operar o mercado. O momento atual é de observação e sentimento. Fique atento às pesquisas, pois elas serão o gatilho de alta ou baixa do dólar.

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Política
Será que Deus é mesmo brasileiro?
29 de março de 2018 at 13:00 0

Os tempos mudaram tanto no campo da violência quanto no desenvolvimento do país nas últimas duas décadas. Se fizermos uma análise temporal veremos que a violência aumentou radicalmente, independe do grau de desenvolvimento do país como um todo.

Não há ligação direta entre o desenvolvimento econômico e o desenvolvimento social e urbano. Uma prova disso são os estados, principalmente o Rio de Janeiro, que surfaram uma onda de prosperidade com o petróleo, o mercado de capitais e recentemente com as Olimpíadas. Mesmo com todos esses fatores alavancadores, o que temos visto é uma permanente decadência social e urbana graças à violência.

Atribuir o problema do Rio de Janeiro à crise do petróleo é uma solução pobre. Hoje a Cidade Maravilhosa só ganha de São Paulo na questão dos buracos no asfalto. São Paulo foi toda repaginada, e embora ainda tenha buracos nas ruas, tomou para si o mercado de capitais, a Fórmula 1, além de grandes eventos internacionais como o UFC. Isso acontece porque é mais fácil tampar buracos, como agora o prefeito de SP está dando prioridade, do que resolver a insegurança pública. Todos esses eventos que foram para São Paulo, e que antes ocorriam no Rio de Janeiro, embarcaram na ponte aérea em parte por falta de segurança. E quem perde com isso são os cariocas, que deixam de ganhar esses recursos devido ao êxodo.

Outro fator significativo da insegurança pública é a depreciação do patrimônio imobiliário, tanto dos investidores quanto dos cidadãos em geral. A criminalidade é um verdadeiro “perde perde” econômico.

A política de segurança pública deve sempre levar em conta a melhoria das condições de operação. É preciso investir em uma polícia moderna e eficiente, com equipamentos e estruturas adequadas, e também com uma área de inteligência competente acoplada a este processo. Por que há uma diferença tão grande entre São Paulo e o Rio de Janeiro, que sempre foram considerados os estados mais importantes da nação? Será por que São Paulo não foi atingido economicamente pela Operação Lava Jato, ou por que seus governantes tiveram outras prioridades? A segunda alternativa é a correta.

O papel de todo gestor é priorizar investimento, tanto financeiro quanto humano. A segurança pública é um campo onde podemos ver a importância da priorização correta. Se compararmos com Rio de Janeiro e diversos outros Estados brasileiros, assolados pela violência, temos a impressão que São Paulo é um outro país. Enquanto o Rio de Janeiro investiu R$ 2.469 em inteligência em 2017, ou seja, apenas R$ 0,0003% do orçamento, São Paulo destinou 3% do orçamento para inteligência. Somente como referência, o orçamento de São Paulo no ano passado para a segurança foi de R$ 12,5 bilhões.

É um erro investir em Museu da Música, Museu do Mar, e outros mega projetos, se o cidadão não pode se deslocar tranquilamente. A política de segurança pública do Rio é tão descuidada que dá pena de ver a aparelhagem da corporação. Policiais precisam de favores de empresários para abastecer e reparar viaturas, senão faltam veículos para policiar as ruas. Notícias recentes mostram que 50% dos carros da polícia não estão em circulação por falta de peças. As delegacias estão em estado de piedade. Como é que podemos pedir recuperação de roubo, solução de latrocínio, se as delegacias não conseguem sequer registrar um Boletim de Ocorrência?

Chegamos a uma situação extrema com a intervenção do governo federal. Se o Exército conseguir impor a lei, trazendo a ordem pública de volta a condições mínimas e razoáveis, pode ser que pela primeira vez em décadas o Rio tenha a chance arrumar toda esta bagunça. O interventor precisa de apoio da sociedade, não de falsos políticos que pregam que a intervenção que falhará por não ser uma política continuada. Nosso principal problema é institucional. A maioria dos políticos sempre conviveram muito bem com a população desassistida, todos adeptos da política de melhora de qualidade de vida dos mais carentes através de benefícios públicos. O que eles não enxergam é que o Programa Bolsa Família não cria valor de emprego e segurança, apenas crédito em conta. A cidade está hoje sitiada por bandidos, então como não ser favorável à intervenção do exército. Qual a outra opção? Quem lida com estado de sítio são as Forças Armadas, não as forças policiais.

A discussão do problema evoluiu para os métodos de intervenção, como a estratégia de cadastramento do morador da favela. Os falsos defensores dos vulneráveis usam o discurso dos Direitos Humanos igualitários para sugerir discriminação contra o pobre, ou o cidadão que mora em uma região de favela. Não podemos cair nessa balela que atinge traços até mesmo midiáticos. Sem utilizar técnicas novas, principalmente as tecnológicas, iremos andar em círculo.  Nós chegamos a um ponto onde centenas de pessoas morrem por bala perdida. A única vítima desse discurso limitante que tenta criminalizar a intervenção e a tentativa de se fazer alguma coisa é a população que morre no meio do tiroteio.

Monitoramento e serviços de inteligência sempre terão papel primordial. O OSS e o serviço de inteligência britânico foram essenciais para a vitória na Segunda Guerra Mundial. O que o Rio vive hoje é uma operação de guerra e não um caso de polícia, como muitos políticos tentam nos convencer. Nossas autoridades deveriam ir além e recorrer a outros países com experiência similar. Israel sobrevive em uma área de conflito permanente graças à tecnologia avançada para combater e eliminar inimigos infiltrados nos grandes centros populacionais, e a Colômbia trava há décadas uma guerra contra um inimigo paramilitar que chegou a dominar completamente grandes cidades.

O desenvolvimento é incompatível com os índices de criminalidade que temos nas principais cidades do país. O Brasil de hoje precisa de bons administradores que saibam o que priorizar. Nas próximas eleições devemos desconfiar do carismático presidenciável, e nos preocuparmos em eleger quem fizer e administrar bem, e que tenha um passado que corrobore este fato.

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Política
CLT 2.0: governo mais perto da reforma trabalhista
14 de junho de 2017 at 16:19 0
Na última semana foi aprovado no Senado o texto da reforma trabalhista, que traz a discussão sobre o futuro do Brasil a um novo patamar. Não é a primeira vez que falo que as mudanças na legislação trabalhista e previdenciária tem o potencial de melhorar a economia e promover a confiança necessária para atrair investimentos, especialmente estrangeiros. Os críticos da reforma acreditam que ela tem o poder de retirar os direitos dos trabalhadores sem necessariamente gerar empregos, porém acredito que o crescimento econômico obtido com a flexibilização das regras pode facilitar e acelerar a criação de novos postos de trabalho. Segundo o IBGE, temos hoje 14 milhões de desempregados e se a experiência nos ensina algo é que o aumento da demanda de consumo é o principal gerador de empregos. Com regras rígidas como a atual, mesmo que o ambiente econômico melhore, os empresários ainda receiam contratar. A legislação deve acompanhar a mudança dos tempos. Com a evolução da tecnologia algumas profissões se modificaram totalmente e não é uma lei, criada quando computadores eram ainda peças de ficção científica, que irá mudar isso. Os países desenvolvidos trabalham todos esses fatores para garantir empregabilidade, desde que haja acordo entre as partes. Durante as mais de oito horas de debate na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado foram discutidos todos os itens do texto. O texto foi aprovado integralmente, com quatro sugestões de alteração referentes à regulamentação de trabalho intermitente, decisões por acordo coletivo em relação à jornada de trabalho e veto nos itens que tratam de período de descanso antes da hora extra e trabalho insalubre executado por gestantes. O texto ainda passa pelas comissões de Assuntos Sociais (CAS) e Constituição e Justiça (CCJ) antes de ir a Plenário. Na quarta-feira a Ibovespa fechou em alta de 0,81% e o dólar a R$ 3,27. Ainda não é a reação que todos esperam, mas já demonstra que o mercado tende a reagir positivamente conforme o assunto avança. Sair de uma crise econômica demanda esforços contínuos e a geração de empregos é uma parte importante, pois no momento o consumo e o crédito estão em baixa. Talvez o resultado não seja o esperado no curto prazo, já que a crise que atravessamos tem forte componente político e neste caso o cenário não é previsível e nem favorável. O governo de Temer mostra que ainda consegue respirar, mesmo diante dos problemas das últimas semanas. A votação da Reforma Trabalhista mostra que ainda consegue articular as medidas que garantem a volta dos investidores. Isso é um ponto positivo para as expectativas de melhora dos brasileiros e mais trabalho do que mostrou a última pessoa que ocupou o Planalto antes dele.
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Política
Economia reage, inflação cai e PIB cresce. Fim da crise à vista?
16 de maio de 2017 at 17:58 0

Economia reage, inflação cai e PIB cresce. Fim da crise à vista?

O anúncio de que o IBC-Br teve uma alta de 1,12% nos três primeiros meses do ano foi motivo de comemoração para economistas. Esse indicador é construído pelo Banco Central e funciona como uma tentativa do Governo de antecipar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, já adiantando algumas decisões, especialmente em relação às taxas de juros. Confirma o que falei há algum tempo sobre a importância dos indicadores tanto na tomada de decisões quanto para acompanhar a saúde econômica brasileira.

A grande estrela do resultado positivo do IBC-Br é a safra recorde de grãos já que o levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), prevê que a safra 2016/2017 deve chegar a 230 milhões de toneladas. É um crescimento de 24,3% em relação ao período anterior e significa uma incrível movimentação econômica com geração de empregos diretos e indiretos e movimentação de várias cadeias produtivas.

Embora o resultado seja positivo, afinal significa que o país está no rumo certo, não é realista esperar um crescimento expressivo diante de tantos meses de crise. Nos últimos anos o Brasil sofreu perdas consideráveis de credibilidade: um longo processo de impeachment, a queda do grau de investimento e consequente fuga de capital.

Michel Temer e sua equipe fizeram um esforço considerável no sentido de aprovar medidas percebidas como impopulares, porém muito necessárias para a recuperação do país. A aprovação da PEC do Teto provou aos investidores que o Brasil tem a intenção em conter seus gastos públicos e, como resultado, a Moody’s alterou o rating brasileiro de negativo para estável. A própria agência afirma que a continuidade e implementação consistente dessas políticas pode afetar positivamente futuras classificações.

Uma das grandes vitórias é o controle da inflação, grande trauma para os brasileiros. Isso significa que um governo que mantém os preços sob controle e garante renda e poder de compra consegue a confiança da população. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril ficou em 4,08%, o menor para o mês desde o início do Plano Real, em 1994. As categorias que puxaram esse número para baixo, dessa vez, foram os combustíveis, energia elétrica e habitação.

Estamos apenas no começo de um longo caminho na retomada do crescimento. As reformas Previdenciária e Trabalhista estão a poucos meses de serem aprovadas e estamos a pouco mais de um ano de um processo eleitoral que não apenas promete ser um dos mais acirrados das últimas décadas, mas irá garantir a continuidade dos ganhos dos últimos meses ou colocar tudo a perder.

Como diz o ditado, esforço e trabalho duro oferecem suas recompensas. A economia brasileira agradece.

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Outros assuntos, Política
Brasil e Estados Unidos: o desafio da governabilidade
8 de abril de 2017 at 18:40 0
2017-04-08

Trump e Temer passam por momentos políticos conturbados, criados principalmente pela agressividade do processo eleitoral que envolveu a chegada de ambos ao poder. Por aqui tivemos um penoso e demorado processo de impeachment, agravado por denúncias e investigações que escancaram a corrupção estrutural em nosso país. O impeachment foi necessário para que se desentravassem as pautas e trouxesse de volta a confiança dos mercados, entretanto deixou sua marca. A reputação de nossas instituições está enfraquecida diante da opinião pública e, apesar dos investidores verem com bons olhos as mudanças que estão sendo implementadas, a insegurança da população em relação à parcela política brasileira é real e comentada diariamente nas ruas, e isso respinga no governo Temer.

Já ao norte do Equador, os Estados Unidos passaram por uma das eleições mais controversas dos últimos tempos. Além das prévias agitadas, com acusações de espionagem russa e sabotagem eleitoral, a ida às urnas também deixou o país com os nervos à flor da pele. Com a economia oscilando, ainda resquício da crise de 2007, os americanos apostaram na figura polêmica de Donald Trump em detrimento de Hillary Clinton. Em uma eleição disputada e vendida como uma luta do novo contra o velho, a promessa do empresário em “Make America Great Again!” conquistou os votos e garantiu a vitória em um dos sistemas eleitorais mais complexos do mundo. Com esses contextos em mente, era de se esperar que a governabilidade de Temer, acusado de golpe, fosse pior que a de Trump, que se tornou o presidente com a vitória nas urnas. Entretanto, como todos bem sabemos, as águas da política nunca são tão claras, e as marés nunca se repetem a ponto de permitir previsões com alguma precisão. Virtual desconhecido da população em geral, Michel Temer é renomado na política pelo perfil articulador e conciliador. A prova disso foi o fato de ter bem-sucedido na tarefa de unificar o PMDB, algo que nem mesmo FHC e Lula conseguiram. Além deste feito, Temer trouxe os demais partidos para sua base, obtendo assim vitórias desde que assumiu a Presidência da República ano passado. Aprovou a PEC dos Gastos e avançou as discussões sobre a Reforma da Previdência e Política. Também montou uma equipe econômica que conseguiu domar a inflação, aliviando o bolso da população, o que é sempre bem recebido pelo mercado. Nem todas essas vitórias, entretanto, são capazes de domar as ruas que, em sua maioria, rejeita o seu governo. A situação é exatamente inversa no hemisfério norte. Fossem palavras, Trump seria o antônimo de Temer. O presidente americano é adepto de um estilo polêmico, já conhecido através do reality show O Aprendiz, algo que seduziu boa parte do eleitorado, mas que faz com que o presidente colecione desafetos até mesmo dentro do próprio grupo político. Em um governo composto basicamente por dois partidos, o Republicano e o Democrata, ter domínio do próprio quintal é requisito obrigatório para governabilidade. Faltaram a Trump votos republicanos suficientes até para aprovar o nome de um Secretário e, ao invés de conciliar, Trump manteve o estilo. Sua última derrota foi a retirada de pauta do projeto que visava substituir o Obamacare pelo chamado Trumpcare. Mais uma vez faltavam votos dentro do próprio Partido Republicano, o que levou o governo a retirar o texto de votação. A implosão da pauta coloca em cheque a imagem projetada pelo presidente americano durante a campanha, de que sua experiência empresarial seria uma vantagem quando em mesas de negociação política. Sua próxima incursão é a reforma tributária e, a julgar pela experiência até agora, Trump pode não alcançar o resultado desejado. É importante lembrar que Barack Obama governou sem ter maioria no Congresso, e mesmo assim aprovou o Obamacare. Governabilidade é uma conquista diária, onde Brasil e Estados Unidos tem muito a aprender um com o outro. É importante lembrar sempre que um governo que não conta com apoio das ruas, não persiste, e um presidente que é apoiado pelas ruas mas não tem os votos necessários para fazer valer sua vontade, não existe. Negociação é um jogo de ganha-ganha e, em política, faz bem a todos lembrar que, não importa o modelo e o estilo de governo, quem tem que ganhar é sempre a população. Só assim um governo pode não só existir, mas também persistir.
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Outros assuntos, Política
Modernizar para sobreviver: o dilema do Brasil
27 de março de 2017 at 15:35 0

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O momento econômico é bastante favorável ao Brasil até porque todas as previsões econômicas continuam sendo otimistas principalmente quanto ao aspecto da inflação que teve como principal vitória a quebra da inércia dos preços administrados, o que mostrava o acerto na persistência em romper este ciclo, tornando factíveis as previsões de queda de juros. Apesar disto, não podemos simplesmente creditar todos os bonos à equipe econômica do governo, pois a retração causada pelo mal gerenciamento das contas públicas deixou o consumidor com uma baixa capacidade de pagamento de suas suas próprias contas, o que faz com que a economia real se torne anêmica e aumente ainda mais o índice de desemprego.

Realmente a confiança esta voltando e uma das causas, sem dúvida é a queda da inflação e a queda anunciada de juros que vai ajudar na retomada da economia. As reformas que estão em pauta como a da Previdência e a Trabalhista, além das discussões sobre a desburocratização e muitas outras. Estas reformas tem tido uma atenção especial das duas casas, tanto do Senado quanto da Câmara do Deputados. Por que agora as reformas passaram a ser tão importantes?

As reformas são o principal fator de melhora de ambiente macroeconômico e, consequentemente, de melhora de expectativas futuras, o que gera um ambiente bastante benigno para os investimentos, tanto locais como estrangeiros. A equação para retomada da economia real passa pela necessidade de voltar a um patamar mínimo de investimentos para que se quebre a inércia gerada pela crise nos vários setores da economia.

Essa agenda agora passou a ser tão importante para os políticos em geral porque a melhora da economia vai influenciar o momento político de 2018. Sem dúvida a maioria dos futuros candidatos à reeleição veem na melhoria da atividade econômica e diminuição do desemprego a boia de salvação do atual governo e de seus mandatos. As pessoas tendem a ser mais tolerantes em um ambiente econômico mais favorável e nossos políticos sabem disso.

Acho que estamos diante de um momento altamente propício a ter efetivos ganhos institucionais com as reformas e gerar uma visibilidade externa positiva em face das reformas propostas. O grande unificador dos maiores partidos em torno de reformas será a continuidade da "Lava a Jato" que joga uma pressão maior na classe como um todo. Fazer essas reformas não deve ser uma medida para retirar o foco de atenção dos escândalos, porém a pressão sobre nossa economia diminui e poderemos entrar mais rápido em um ciclo de melhora. A tendência é que a aprovação do modelo adotado pelo governo Temer aumente e gere bônus para a eleição de 2018, até porque desmonta definitivamente os argumentos petistas de golpe e além disso, tanto PMDB como o PSDB voltariam a ganhar algum fôlego eleitoral para o próximo ano. Sem duvida nenhuma as reformas nunca sairiam por vontade espontânea política, principalmente em um ano que antecede as eleições presidenciais e estaduais.

Reformar leis consolidadas já há mais de meio século é um grande passo, porém o nome já contextualiza a questão, uma vez que tudo na vida precisa de ajustes com o passar do tempo. Nossa casa, empresas e até mesmo os nossos hábitos também demandam mudanças de tempos em tempos, pois sem isto tendemos a ficar literalmente velhos e obsoletos. Em um país como o nosso, em que muitas das legislações – especialmente a previdenciária e a trabalhista -  foram estabelecidas há muito tempo, é preciso se readaptar dentro de uma nova realidade moderna e contemporânea.

No caso da Previdência, o ponto central é a idade mínima de 65 anos. Se compararmos quando foi elaborada a Lei da Aposentadoria, a expectativa de vida da população era outra, talvez uns 20 anos a menos. A contestação de direito adquirido e intocável não faz nenhum sentido sob este ponto de vista. Fazer reformas de verdade, no entanto, mexe com direitos que as pessoas consideram imutáveis e é assim que é apresentada questão por aqueles que são contra a reforma.

É preciso contextualizar o assunto e lutar por uma reforma que possa reconstituir um sistema que seja compatível com dias de hoje, até porque, se não o fizermos, as instituições não serão capazes de suportar as despesas recorrentes causadas pelo envelhecimento da população. Os investimentos serão diretamente proporcionais às reformas que fizermos e são ponto fundamental para que os recursos retornem e comecem a gerar novos empregos, para que nao tenhamos uma geração de filhos pobres com avós e pais ricos - que é o que hoje começa a se desenhar no seio familiar, em que muitas vezes a renda do filho classe media é pior que a dos pais aposentados.

Por fim, o Brasil tem agora uma oportunidade ímpar de se reorganizar com estas reformas e caminhar para termos uma possibilidade real de uma nova década virtuosa.

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Finanças, Juros, Política
Inflação e Deflação – Impactos na economia do país
15 de março de 2017 at 12:43 0
O desejo de todos os brasileiros de que a inflação diminuísse veio melhor que o esperado, com o anúncio de que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor) de fevereiro ficou em 0,33%, a menor taxa em 17 anos, e trouxe o acumulado dos últimos 12 meses para 4,76%, ou seja, a inflação está a caminho da meta. Os dados foram divulgados pelo IBGE na semana passada. O consumidor aos poucos sente a melhora nos preços e o impacto no custo de vida. A alta nos gastos com educação, apesar de corresponderem a cerca de 70% da taxa geral do mês, são os menores desde 2010. A alimentação teve deflação de 0,45%, bem como transporte aéreo (12,29%) e vestuário (0,13%). O último Boletim Focus reduziu ainda mais a estimativa da inflação para 2017, agora na faixa dos 4,19%. Talvez esse seja o empurrão que falta para que o Comitê de Política Monetária – COPOM, baixe os juros de maneira mais agressiva para influenciar mais significativamente a economia, barateando o crédito e incentivando a produção e o consumo. A expectativa para o ano é que a SELIC fique em 9,52%, mesmo com a última reunião não tendo o corte esperado, mantendo a taxa em 12,25%. É preciso aguardar, pois sabemos que em economia nada é gravado em pedra. Se analisados individualmente, esses indicadores podem não fazer sentido para grande parte da população, porém nos ajudam a formar uma visão mais ampla do cenário. Por exemplo, no final de fevereiro o IBGE divulgou que a taxa de desemprego é de 12,6%, a maior desde 2012, e todos sabemos que sem dinheiro, as pessoas consomem menos, fazem menos compras no crediário e colocam pé no freio dos financiamentos. É um ciclo vicioso: o custo de vida ainda está alto, com juros exorbitantes, desemprego e muita dificuldade de recolocação profissional. Tudo isso gera a falta de consumo de produtos e serviços e fazem com que empresas demitam os funcionários que, por sua vez, também deixarão de consumir, mesmo com preços baixos e promoções – que são os valores em queda registrados pelo IPCA. É deflação. A tão esperada deflação é algo que, se não acontecer, tende a causar problemas tão ou mais graves que a inflação altíssima que estamos enfrentando. Parece estranho afirmar isso, mas a oscilação nos preços é apenas a ponta de um sistema que produz bens, oferece serviços e depende do consumo para sobreviver. Ainda há muito trabalho a ser feito, as variáveis para contenção da crise mudam diariamente e garantir emprego e renda para uma população do tamanho da nossa não é tarefa simples. Mais uma vez a bola está na arena política, com as discussões sobre a Reforma da Previdência e a contenção dos gastos do governo. Seguimos observando.
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Investimentos, Política
O que está por trás das mudanças do FGTS
21 de fevereiro de 2017 at 16:15 0

A notícia que o governo liberou o saque de contas inativas do FGTS não foi surpresa, afinal os debates sobre mudanças no fundo vêm ocorrendo há vários meses, atraindo a atenção dos trabalhadores brasileiros. A Medida Provisória 763/2016 liberou o saque das contas inativas vinculadas a contratos vencidos até 31 de dezembro de 2015 e também elevou a rentabilidade por meio da distribuição dos lucros.

Engana-se quem acredita que é apenas um pacote de bondades, como o que temos visto nos últimos anos nos últimos governos. A liberação do saque faz parte de um conjunto de medidas que tem o objetivo de fortalecer a economia brasileira, que ainda patina. Todos sabíamos que a recuperação não seria fácil, mas temos visto um esforço genuíno do governo atual em fazer o Brasil crescer novamente.

A questão do saque do FGTS é um exemplo claro desse esforço, já que a liberação desses valores tem potencial para injetar mais de RS 30 bi na economia. A maior parte desses saques são de valores até um salário mínimo e que, embora pareça pouco, pode ser o suficiente para o pagamento de dívidas que permitam que o trabalhador volte a consumir.

A outra mudança importante é a rentabilidade que o FGTS vai oferecer ao trabalhador, que irá se aproximar de 6% mais a TR, resultado da distribuição dos lucros. É uma mudança importante, já que o fundo vem acumulando perda de rendimento e chega a ter um rendimento pior que a poupança – em 2016, por exemplo, não chegou a recompor a inflação anual.

É importante verificar, como a mudança na regra da remuneração impacta no setor de infraestrutura. O FGTS é utilizado pelo governo para investimentos em obras de infraestrutura básica, saneamento, imobiliários e outros, e nós sabemos que estamos diante de um grave problema de confiança no segmento, com o envolvimento das construtoras na Operação Lava-Jato.

Outra grande mudança no Fundo de Garantia é a liberação dos recursos do trabalhador para a aplicação em imóveis de maior valor, até R$ 1,5 mi. Especialmente nos centros urbanos, essa medida tem uma consequência muito boa, no sentido de ajudar a reduzir os estoques imobiliários. As construtoras, por sua vez, são forçadas a construir novos empreendimentos de alta renda e reabrir os quase 780 mil postos de trabalho encerrados nos últimos anos.

De modo geral, acredito que é uma boa medida recompor o poder de compra dos brasileiros para estimular o consumo e o investimento. O governo espera que o ano de 2017 se encerre melhor que 2016, com mais brasileiros empregados e mais dinheiro circulando. Depois de tanto tempo em recessão, um pequeno respiro é bem-vindo para todos nós.

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