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Política

O dia 13 de março e o impacto no mercado financeiro

15 de março de 2016 0

 13 de março

Não se pode ignorar os fatos ocorridos e o sucesso do protesto de 13 de março. Foi um movimento histórico, que pesará fortemente nas próximas decisões políticas e econômicas. A aposta do mercado no impeachment vai pesar consideravelmente no aumento da volatilidade, impulsionando ainda mais a bolsa e até a possível queda do dólar. Já as incertezas aumentam: a maior fragilidade do governo, a falta de confiança e credibilidade agora ratificados pelos resultados das manifestações de 13 de março e a reboque a saída ainda informal do PMDB da base, complicam mais ainda o quadro e fortalecem a crise política.

Não tem nada certo sobre o futuro do governo atual, pois não se pode mais prever o que virá das delações premiadas. A Lava Jato já incorporada no contexto nacional como símbolo anti-corrupção não parará por aí e será o principal protagonista no cenário nacional, influenciando as decisões políticas e econômicas.

Dentro deste contexto conturbado, o mercado tende a premiar cada movimento político que leve a uma solução de curto prazo deste impasse, precificando a bolsa para baixo e também fazendo o inverso com cada indefinição, como estamos vendo acontecer.

As ruas falaram desta vez em alto e bom som, não deixando dúvidas sobre o que queremos e não queremos. Desta vez está claro que a maioria quer. A oposição que tenta capitalizar o momento também acaba penalizada pela dúvida que deixou em se comportar como sendo apenas oposição, contando com o apoio popular e não por convicção própria. Fica a percepção de oportunismo para parte da população.

O momento para o PSDB é bom, mas deixa muitas dúvidas quanto sua capacidade agir no momento certo e, assim, vai abrindo janelas para outros personagens. Hoje arriscaria dizer que o único candidato que teria unanimidade numa eleição hipotética seria o juiz Sérgio Moro, pois foi aclamado pelos quatro cantos do país. Sensacional, não?

Normalmente não gosto de falar de política, mas está difícil não ter opinião e as ruas mostram que, do pobre ao rico, sem diferença de classe, todos foram para as manifestações, pois o pobre está sentindo na carne o problema do desemprego e a inflação. Já o rico tem a maior percepção da falta de confiança no país, que tira a capacidade de investir e acaba pensando que a solução é “ir para Miami”.

Imaginando que o governo vai reagir, até mesmo porque não tem outra opção, resta saber se ficará entrincheirado no seu, agora limitado, reduto de militantes organizados ou partirá para uma jogada mais audaciosa, como a de trazer o Lula para algum ministério. Sem dúvida que essa seria uma jogada bem arriscada, contrariamente ao que pensam os Petistas que ainda acreditam que o governo tem salvação. Principalmente agora, sem poder contar com o principal protagonista da base governista, que é o PMDB. E, definitivamente, depois de 13 de março a saída do PMDB se consolidará, a não ser que haja alguma mudança radical como uma saída negociada da presidente, através de alternância do governo via vice-presidente.

Trazer Lula para o ministério pode gerar muitas interpretações e, sem dúvida, todas serão negativas. Em que ponto isso poderá salvar o barco? Depois que o Titanic bateu no Iceberg seu comandante demorou um tempo precioso até entender que não havia mais como evitar o naufrágio. Esse tempo poderia ter salvado muito mais vidas. Parece que 13 de março é o Iceberg.

Assim, o mercado deverá surfar numa onda que não sabemos ainda aonde irá chegar pois, tecnicamente, os problemas – com ou sem impeachment – não se resolverão facilmente. Mas, sem dúvida, a confiança e a credibilidade geram condições necessárias para que a economia volte a crescer com as expectativas inflacionárias em patamares aceitáveis.

Temperatura Máxima será o próximo capítulo.

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