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Finanças

Finanças, Política
Atenção! Consignado é caso de polícia.
18 de julho de 2016 at 16:51 0
Empréstimo consignado

"Bancos suspendem consignado para funcionário público em três estados", diz a chamada de uma reportagem do Jornal Estadão em 16 de julho.

Este modelo de crédito foi criado para ser um dos mais seguros do mercado de crédito pessoal e, por esta razão, se pratica taxas mais baixas do que usualmente são oferecidas no mercado (que vão de 5% até 18% ao mês), girando em torno de 2,3% a  2,7% ao mês.

Por que  esse empréstimo tem uma taxa mais acessível para o tomador?  A resposta seria o baixo risco para os bancos, pois as parcelas são descontadas diretamente em folha de pagamento e, além disso, como mitigador do risco você tem o funcionário público, com maior estabilidade trabalhista.

O que então tem dado errado em uma operação que, em tese, seria considerada (no passado) por quase risco zero por muitas agências de rating? A resposta é simples: a apropriação indébita da prefeitura ou do estado. O estado é responsável fiduciário para fazer o simples repasse do que não lhe pertence, mas se locupleta indevidamente destes valores para custeio geral de suas despesas.

O assunto da reportagem não é novo, nós mesmos aqui no Banco Máxima já tivemos este tipo de crédito com a promessa de que as prefeituras e governos estaduais eram sérios em respeitar os direitos fiduciários dos funcionários. Simplesmente uma balela.

Não funciona assim, pois uma parte das prefeituras e estados deixam os bancos como reféns do sistema, porque não repassam os pagamentos - ou atrasam meses ao seu prazer -, deixando o banco sem alternativa. Se processamos o órgão estado ou prefeitura, os verdadeiros responsáveis pelo desatino de retenção de um direito de cessão fiduciário se escondem na instituição e não na responsabilidade direta das pessoas físicas de serem processadas.

O processo pode durar anos, considerando ainda que os eventos de não repasse acontecem normalmente nas trocas de governos, quando deixam o abacaxi do pagamento e o trâmite judicial para o próximo, como está acontecendo neste momento. Obviamente saímos deste mercado com perdas.

Mas o que me deixa mais inconformado com a situação, é ver que os gestores que praticam este desatino, como se isso fosse normal, não têm noção de como prejudicam e contaminam o sistema como um todo:

  • Os bancos perdem dinheiro com a inadimplência e passam a cobrar taxas mais altas, pelo risco institucional na operação de consignado;
  • O funcionário fica inadimplente e pode ser apontado no Serasa, ficando com o nome sujo, criando um transtorno para novos créditos.

Mais recentemente, nesta última semana tivemos aprovada no Congresso a utilização do FGTS como garantia destes empréstimos. No caso, o empregado é quem dará a garantia, caso o empregador órgão público não repasse o que lhe pertence. Olha que absurdo!

Na realidade o uso do FGTS como garantia é um seguro para o gestor (prefeito ou governador) que, em caso de não cumprir o mandato que lhe foi dado, o próprio funcionário público poderá ter que pagar duas vezes o empréstimo: no caso de o valor não ser repassado pelo órgão público, que o deixará descoberto do seu crédito, além do desconto em folha o Banco poderá sacar diretamente do seu FGTS.

Ficaria mais barato para todos os envolvidos se aprovássemos duras leis de apropriação indébita, como em qualquer país civilizado, onde o cidadão responderia a processos na sua pessoa física, inclusive com alta penalidade financeira. Assim, quem sabe, entenderiam que não podem simplesmente reter o que não lhes pertence.  O pior de tudo é que eles pensam que só os bancos perdem, mas a perda é geral, menos para eles que saem do governo com a mesma cara de pau que entraram.

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Bolsa, Câmbio, Finanças, Investimentos, Política
A relação entre EUA, Europa e Brasil nos investimentos
14 de julho de 2016 at 15:59 0
A relação entre EUA, Europa e Brasil nos investimentos

Para quem não é do meio, fica muito difícil acompanhar os acontecimentos mundiais que impactam as moedas, os investimentos, a Bolsa. Então, decidi fazer um paralelo entre esses assuntos que acontecem ao mesmo tempo e que estão criando expectativas no mercado financeiro do mundo todo.

Nos EUA, se aguarda o resultado das eleições presidenciais que acontecem esse ano. A disputa tem sido cheia de polêmicas, inclusive com discursos extremistas. A cada notícia de força entre os adversários, o mercado reage. Há uma expectativa de que se a Hilary vencer, o mercado terá mais conforto. E se o mercado dos EUA estiver confortável, o resto do mundo é afetado positivamente.

Na Europa, o assunto é o Brexit, que causou uma tempestade de incertezas na zona do Euro. As consequências, com as quedas consecutivas da Bolsa, ainda são uma incógnita aos investidores. As incertezas e a volatilidade do mercado podem causar retração da economia europeia, o que causaria consequências negativas no mundo todo.

Já no Brasil, a expectativa é a consolidação do impeachment. O mercado tem reagido positivamente às posições do governo Temer e sua equipe econômica, com reais expectativas de recuperação, mesmo sabendo que é um processo lento e difícil. A incerteza que paralisa é a dúvida se a presidente afastada retorna ou não ao comando do país.

Como podemos observar, a política afeta a economia em todos esses cenários. E, em qualquer dos ambientes, o que precisamos para que voltem os investimentos é de solução, conclusão, definição. A partir da definição de todos esses assuntos é que começaremos a ver os resultados.

Ao Brasil interessa tanto a estabilidade interna quanto externa, pois isso tem reflexo direto nas exportações. Em um país com câmbio elevado como agora, a exportação é uma ferramenta importantíssima para captação de recursos e equilíbrio da balança comercial.

Para se ter ideia, só nas duas primeiras semanas de julho, a balança comercial teve um superávit de US$ 1,48 bilhões (fonte: MDIC). As exportações têm tido uma média diária de mais de 800 milhões de dólares, o que significa aumento de 2,9% em relação a 2015. Já as importações tiveram um recuo de 17,2%.

Hoje tivemos a notícia de que o PIB de maio teve um tombo em relação ao mês anterior. A queda do PIB em relação ao ano passado é de 3,8%, caracterizando a forte recessão: desemprego, inadimplência, queda de consumo e produção. E, como nosso mercado interno não está aquecido, nossas indústrias têm se mobilizado para atender o mercado externo. A estabilidade americana e europeia são essenciais para continuarmos vendendo e, consequentemente, administrando a crise e trabalhando para reconstruir a nação.

Como podemos ver, no mercado de investimentos não há independência. Os três assuntos são relevantes para a relação de fluxo de capitais no Brasil.

Resumindo, a eleição de Donald Trump significa para os EUA o mesmo impacto que o Brexit tem para os europeus e a volta de Dilma para o Brasil. Espero que não tenhamos uma pororoca tríplice, seria uma catástrofe. Que Deus nos abençoe. Amém!

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Finanças, Investimentos, Política
A nova meta fiscal e os bons ventos
8 de julho de 2016 at 15:58 0

meta fiscal

Ontem o mercado passou o dia na expectativa do anúncio da nova meta fiscal para 2017. Entre tantos acontecimentos, incluindo a renúncia do Eduardo Cunha da presidência da Câmara, tivemos enfim uma notícia animadora.

A equipe econômica do governo fixou a meta em um déficit de R$ 143 bi, que dependerá de um esforço grande para ser atingida. O simples fato dela ser menor que os R$ 170 bi de 2016 já nos causa um bom presságio de que as providências necessárias estão sendo tomadas.

O Ministro anunciou austeridade. A possibilidade de venda de ativos, concessões e outorgas, mais uma economia verdadeira nos gastos públicos traz ao mercado a confiança de que estamos no caminho da recuperação.

O déficit anunciado ainda é preocupante, porém se continuássemos no caminho do governo da presidente afastada, o déficit poderia chegar a R$ 270 bi.

Hoje uma outra notícia animadora foi a desaceleração da inflação, que começa a ir no caminho da meta estimada.

Portanto, se o governo continuar tendo vitórias sobre o núcleo político do Congresso, teremos a aprovação do Projeto de Lei Orçamentária em agosto. O receio de que fossem criados novos tributos ainda assombra a atividade econômica, mas o bom senso demonstrado pelo Ministro e sua equipe nos dá confiança de que não seremos taxados com novos tributos sem necessidade.

Avaliando a realidade e contando que o Congresso, debaixo dos olhos da população atenta, aprove as medidas necessárias, fecho esse artigo com a fala do Ministro Meirelles que é positiva e aponta que o Brasil está realmente na tendência do crescimento real:

“Estamos trabalhando para que possamos gerar um pequeno superávit em 2019. Existe a expectativa que, com a evolução desse quadro extremamente favorável das despesas do setor público e da evolução da confiança e do crescimento, acredito que é provável que já possamos mostrar o país com um superávit no ano de 2019”.

É mais importante que o mercado veja esse quadro de forma positiva, a fim de seguirmos nesta trajetória e recuperarmos o nosso país.

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Finanças, Investimentos, Política
Sair da União Europeia pode ser bom para Inglaterra e Reino Unido?
27 de junho de 2016 at 15:29 0

União Europeia

Não há como questionar o impacto gerado pela grande incerteza da saída da Inglaterra do Mercado europeu. Regras em comum com os países pertencentes a este mercado, como maior agilidade entre comércio e principalmente idas e vindas dos próprios imigrantes em toda Europa, ainda vão mudar. Os mercados reagiram desabando o valor das moedas, com alta volatilidade, sendo que o principal ganhador foi o dólar, que se valorizou mais em relação à Libra, que despencou.

Me lembro uma certa vez, ha mais ao menos 10 anos atrás numa conversa rápida com um motorista Londrino, que ele já se queixava sobre a situação da invasão de imigrantes. Ele dizia que a cidade não mais pertencia ao cidadão Londrino, pois a comunidade árabe já chegava em peso, comprando bastante ativos e negócios através, principalmente, dos petrodólares jorrados nas economias fora do eixo do Oriente Médio.

Juntamente à invasão imigrante nos anos sequentes por cidadãos de todas as nações, Londres se tornou a segunda capital mundial financeira, ficando atrás apenas de New York.

O que fez o cidadão Britânico votar a favor do Brexit, apesar de todo aviso de caos, de salto no escuro, perda de valor dos negócios, saída dos mercados consolidados pelo bloco europeu? Como podem ser tão malucos, virando as costas para a globalização e integralização?

Acredito que a principal motivação que resultou na decisão dividida sobre a saída foi a percepção do resgate da nação de volta para os Britânicos, principalmente agora que a imigração Síria comprometeu ainda mais os países integrados ao mercado comum europeu, se valendo de motivações humanitárias.

A imigração está no centro desta decisão. Não estou certo se trata-se de nacionalismo, mas é fato que a proteção migratória deixou os países Europeus sem controle das fronteiras imigratórias,  com estes fluxos advindo cada vez mais de países em crise.

Recentemente a União Europeia teve de fazer importantes concessões para a Turquia e seu presidente, cobrando uma conta cara - de bilhões, para controlar o abrir e fechar da torneira migratória dos Sírios aos países europeus. Acredito que este sentimento de perda de controle migratório foi um dos fatores que mais influenciaram a decisão dos cidadãos de saírem da Comunidade Integrada Europeia.

Sem dúvida que as incertezas ainda deverão perdurar algum tempo, porém acho que a Inglaterra vai mais ganhar do que perder no futuro, pois além de ser - juntamente com a Alemanha - o maior contribuinte do Fundo Comunitário (em torno de 6 bilhões de Libras por ano), vai deixar a conta e os problemas do bloco nas mãos dos germânicos, franceses e holandeses. Eles terão que suportar a despesa como maiores contribuintes, juntamente com países de menor calibre.

Acredito até que a Inglaterra poderá fazer acordos bilaterais em melhores condições do que os atuais, principalmente agrícolas. Até porque ninguém deixará de fazer negócio com a Inglaterra. Apesar de a MCE não facilitar inicialmente a vida do UK nestes acordos, pois não quer esse movimento seja visto como uma boa saída para os demais, ainda veremos duras negociações de saída do bloco nos próximos dois anos.

E ainda, no polo passivo, terão de administrar a volta de uma possível discussão dos países anexados que fazem parte do Reino - a Escócia e Irlanda - que tenderão a ter alguma reação. Partidos populistas e separatistas poderão ressurgir com o tema da independência. Este será o grande custo e a maior dor de cabeça para os Ingleses, que não terão vida fácil após essa decisão do Brexit.

O ponto em  discussão agora não é se os ingleses ganharão, mas quanto o MCE (Mercado Consumidor Europeu) perderá com a turbulência e queda de estabilidade, pois o Euro já vinha sendo deixado para trás desde a crise Grega. O pensamento e questionamento será como sair do bloco e qual o futuro existencial do Euro.

Este ponto sobre o futuro do Euro sempre poderá abalar e acabar trazendo uma crise sem precedentes aos países europeus, desencadeada pela incerteza dos mercados. Este é o grande temor dos dirigentes dos países, como Alemanha e França, pois são os maiores fiadores do bloco. Eles terão de suportar e bancar a maior aposta na credibilidade e confiança da estabilidade da moeda, pois agora a porta está escancarada para abertura de novos pebliscitos nos países insatisfeito. Essa reação será estimulada, principalmente, pelo baixo índice do crescimento, além  do risco de desemprego que a população, principalmente de maior idade, poderá sofrer com com o problema migratório.

Assim, o ponto central da preocupação agora não serão os mercados de trader de comércio exterior, mas a discussão sobre o risco de alguns destes países do bloco também resolver testar o plebiscito, como foi o caso da Grécia sobre a permanência no Euro. Isso certamente é o que vai assombrar os mercados.

Para mim, a Libra voltará a se valorizar perante ao Euro e, ao longo do tempo, o dólar se fortalecerá ainda mais. Quanto aos fluxos de investimento, o Brasil também ganhará posições caso consigamos voltar à estabilidade econômica e política, pois a vulnerabilidade do Euro poderá  tirar a atratividade dos mercados europeus, deixando poucas opções para tanto fluxo financeiro.

Acho também que o Brasil reavaliará o Mercosul, que não decolou até hoje. Caso o impeachment corra dentro da previsibilidade, poderemos ter boa perspectiva de refazermos um novo desenho de comércio exterior.

A conclusão agora é de que a incerteza vai predominar nos mercados e o grau de volatilidade tende a aumentar, o que não é bom para ninguém. Recomendo prudência e atenção aos próximos acontecimentos.

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Finanças, Investimentos, Juros, Política
A situação atual do mercado imobiliário no Brasil
20 de junho de 2016 at 15:48 0
mercado imobiliário Com a crise econômica e política assolapando em cheio o segmento imobiliário, o setor passa por uma profunda e tenebrosa recessão, sendo que a falta linha de crédito e os juros aos patamares atuais deixam o setor em "stand by". A curva atual dos juros inibe os empreendedores e incorporadores de investir em novos projetos. Crédito e juros a patamares saudáveis são fatores que andam juntos e eu diria que estes dois fatores são sócios diretos na descontinuidade do processo de crescimento do setor imobiliário. Custo projeto + custo do juros+ margem do projeto = preço de venda (com prazo e juros) oferecido ao consumidor final. Quando esta equação não se encaixa, fica muito difícil o mercado funcionar a pleno vapor. Incorporadores e empreendedores do setor estão com muita dificuldade para equacionar os juros e o crédito ofertados pelos principais agentes econômicos. Como pano de fundo temos como grande responsável pela situação atual do setor a alta participação da Caixa Econômica Federal, que detém o maior market share do segmento de crédito. O crédito foi largamente utilizado como uma das alavancas de programa de sustentação política e econômica, principalmente no projeto 'Minha casa minha vida" que foi um dos pilares de sustentação social do PT. Grande parte deste crédito é responsável pelo problema atual da Caixa Econômica, pois os juros ofertados - principalmente às classes C e D, acabam sendo subsidiados. Além disso, a alta inadimplência fez com que a Caixa neste cenário de altas taxas de juros tivesse um déficit operacional entre a captação e a aplicação dos recursos. A alta dos juros impactando diretamente o custo de toda cadeia, desde do incorporador ao tomador final do crédito, fez com que o sistema irrigado pela caderneta de poupança perdesse a atratividade junto a outros investimentos, pois o rendimento oferecido é muito baixo - principalmente junto a títulos do tesouro, LCI, CDB. Assim, os déficits entre passivos e ativos foram gerados. Hoje temos um descasamento entre caderneta de poupança e saques na ordem 60 bilhões, fazendo com que a Caixa tivesse de cobrir a diferença de fluxo negativo através de outras fontes de recursos como CDB e LCI. Como consequência destes descasamentos houve retração da oferta do crédito, tanto às construtoras e incorporadoras, como ao consumidor final de imóvel. Os grandes Bancos, sem dúvida, responsabilizam a alta dos juros pela crise do setor. Pela diminuição da demanda do crédito por parte do comprador de imóvel, com medo da crise econômica, tivemos uma desaceleração no consumo bastante relevante. Como consequência, uma onda de devolução de imóveis sangrou ainda mais o caixa das incorporadoras. O efeito foi duplo: a devolução dos recursos dos mutuários e o pagamento da dívida do empreendimento, deixando em dificuldade a grande maioria das construturas e incorporadoras em um cenário  econômico bastante complicado pela crise política e econômica que se misturam neste contexto. Se feitos adequadamente, os ajustes e impactos no segmento vão levar ainda alguns anos para reorganizar toda a cadeia dentro do setor imobiliário. Primeiro, precisaremos da volta dos juros a um patamar saudável para que o segmento reaja e, a reboque, o crédito voltará a ser ofertado de acordo com a demanda que deverá crescer e ser acompanhada da volta da confiança na economia. O setor privado voltará com maior reticência, mas a tendência será de uma retomada com maior qualidade na escolha do banco de terreno e dos projetos. Se realmente estivermos no fundo do poço, o que muitos acreditam, acho que em 3 anos a retomada plena poderá ser constatada, caso comecemos agora com um governo e equipe econômica que possam trabalhar sem sustos políticos e escândalos da Lava Jato. Caso não seja possível, podemos pensar em prazos para retomada de 3 a 5 anos. Enfim, nada é previsível. Sob o aspecto positivo, a regulação da alienação fiduciária facilitou a nivelação das garantias e trouxe uma gama de investidores no setor pela garantia de legislação em relação à retomada do ativo em caso de inadimplência. Isso fez com que o setor seja ainda um dos mais procurados por investidores, principalmente estrangeiros, que têm apetite em investir com prazos de mais de 10 anos no segmento imobiliário através de fundos, pois apesar da crise eles sabem que todo mercado imobiliário, historicamente, encontra seu piso de oferta e procura. Além disso, o nosso mercado imobiliário teve um curto período de alta alavancagem do setor (não mais de 7 anos) e ainda por ser um mercado patrimonialista, não é tão alavancado como nos países desenvolvidos. O tombo poderia ser maior, como foi nos EUA quando milhares de pessoas ficaram sem residência pelo alto índice de alavancagem via "Home Equity", mais conhecido aqui como empréstimo pessoal usando a casa própria como garantia. Aqui, esse mercado ainda é incipiente. A vida não está fácil para o setor, mas ainda não é dos piores cenários. Da mesma forma que voltamos para trás economicamente, o antigo e velho conceito de valor e investimento em ativo real continuará nossa mentes. Um bom ensinamento diz: "Hedge bom em tempo de crise é comprar ativo barato, pois se você compra barato terá duas oportunidades: vender barato e vender caro".
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Bolsa, Câmbio, Finanças, Investimentos, Juros, Política
O país parado à espera do rito do impeachment
13 de junho de 2016 at 13:43 0
rito do impeachment

A situação política e econômica parecia estar definida, aparentemente. Mas uma série de acontecimentos mantém o governo interino como refém do rito do impeachment. As novas gravações e delações, agora contra o PMDB e o PSDB, colocam as definições e decisões em um campo minado a fim de não contrariar a base, pois o placar está apertado no Senado.

Imaginamos que enquanto enquanto persistir a dúvida do rito se efetivar, o balcão de barganhas no Senado vai ganhando corpo e impactando a confiança das pessoas, principalmente investidores.

Apesar da baixa probabilidade, caso ocorra a não definição do governo Temer e volta da Dilma, fica a dúvida de como seria um "day after" da governabilidade neste cenário. Seria impactante para todos, com as cenas política e econômica totalmente imprevisíveis. Haveria uma grande possibilidade de nova eleição. Mas será que o país aguentaria trocas de ministérios novamente? Um grande caos.

A crise econômica chegou e formou consistência. Nas ruas basta observar os shoppings, restaurantes, bares, estradas e o medo do desemprego que começa a rondar todas atividades afetadas pelo baixo consumo. Não é sem razão que o governo já percebeu que precisa fechar este assunto do impeachment, pois as medidas econômicas mais duras acabam sendo adiadas em função da fragilidade política e da vulnerabilidade do atual governo em ter de agradar a todos partidos de apoio.

Do outro lado, persiste uma expectativa de apoio relativo da população que gritou "fora PT" mas não deu carta branca ao novo governo, pois a bandeira principal foi o "chega de corrupção”. Quanto mais o atual presidente cede aos partidos, mais frágil fica a governabilidade perante o povo brasileiro.

Após a última reunião do Copom mantendo a taxa de juros nos patamares atuais e a inflação ainda resiliente, mesmo com a brutal queda de consumo, a indexação se mantém viva e pode adiar a queda dos juros tão aguardada. Mas a curva futura, que é um eixo principal de um BC com credibilidade junto ao mercado, já poderá dar ao  governo Temer um cenário de maior expectativa otimista - muito mais pela escolha da equipe econômica, com a liderança do Meirelles.  As expectativas inflacionárias futuras advirão com fortalecimento da confiança e credibilidade delegada à condução da política monetária sem interferências de viés partidário na economia.

Isto é o que o mercado entendeu e é o voto que o presidente atual recebeu com as taxas futuras vindo para patamares mais aceitáveis. O  primeiro speech do novo presidente do BC mostrou que o dólar reagiu para baixo, com a sinalização da volta da flutuação cambial. Com menos intervenção por parte do BC, sem dúvida o dólar poderá ser um aliado em ajudar a trazer a inflação a patamares aceitáveis.

Apesar desta seleção de quadros altamente qualificados na área econômica, vamos ter de conviver com uma grande incerteza até a finalização do rito do impeachment. O andamento e os últimos acontecimentos da Lava Jato, nos deram mostras de que vem muito mais por aí, pois ainda faltam delações importantes como a do próprio Marcelo Odebrecht e do tesoureiro do PT.

Só se ganha a guerra quando esta termina, sempre foi assim e o Presidente atual Michel Temer sabe disso.

Acredito assim que, apesar da complexidade atual do cenário econômico e político, devemos trabalhar com um viés otimista e nos mantermos atentos aos eventos que poderão influir na consolidação do rito ou não. Não podemos perder a confiança na nossa capacidade de reagir, tanto nos negócios como na nossa vida pessoal. Como diz a velha sabedoria, caminhar em tempos difíceis fortalece a alma, e devemos sempre estar caminhando. É isso que aconteceu nas grandes crises mundiais: sobreviver para poder prosperar.

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Finanças, Política
Melhoram as previsões para a economia brasileira
6 de junho de 2016 at 17:48 0

Previsões para a economia brasileira

O Boletim Focus desta segunda-feira muda um pouco as perspectivas para a economia brasileira. Apesar de ainda contarmos com a inflação, os preços e os juros tendem a baixar, segundo as análises apresentadas.

As famílias brasileiras somente sentirão os efeitos de melhora, caso as previsões se concretizem, ao longo de 2017.

Enquanto isso, a nossa situação política ainda poderá nos surpreender muitas vezes positiva ou negativamente. Afinal, a nova gestão econômica do governo federal foca no investimento estrangeiro, tentando recuperar a confiança e a fatia que perdemos. O otimismo no momento está nas nossas exportações, que seguem fortes em algumas áreas como, por exemplo, a agropecuária.

A sociedade brasileira e todo mercado mundial aguardam as ações do governo para fazer os ajustes necessários. Apesar de o boletim Focus de hoje melhorar as perspectivas para até 2017, um aumento de carga tributária seria muito mal recebido por todos.

É necessário que o governo aperte mais ainda os cintos das contas públicas, que haja uma revisão verdadeira e congelamento de despesas, senão o que vai sobrar são as medidas impopulares, que causarão comoção e protestos. Isso certamente nos fará voltar à montanha-russa da desconfiança.

Acredito que os anúncios positivos da última semana, que fizeram o presidente sofrer muita pressão e recuar, deverão ser repensados e retomados.

O Brasil deve fazer o que for necessário para ajustar a nossa economia e voltarmos a crescer. Não é simples, mas é possível, caso sejamos firmes na aprovação das medidas de controle das contas públicas.

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Bolsa, Finanças, Investimentos
Procura-se uma bolsa de startups
31 de maio de 2016 at 12:04 0

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Apesar dos noticiários estarem com a atenção voltada para os acontecimentos políticos e econômicos, o que temos de certeza é que viver e empreender, a vida pessoal e corporativa, continuam a ser o nosso grande desafio. Seja qual for a sociedade, a questão central passa pelo capital, pela renda, pelo emprego e consequentemente pelas grandes corporações e por milhares de pequenos empreendedores de todos segmentos. Se analisarmos o impacto da atuação dos pequenos empresários e startups podemos ver que, sem dúvida, são eles que mais geram emprego, fomentam a competitividade e oxigenam saudavelmente a economia por meio da descentralização de investimentos.

Grandes cartéis deixam a sociedade estruturalmente na mão de poucos. Podemos afirmar que vários segmentos mantém a concentração econômica bastante elevada. A tendência é aumentar cada vez mais essa predisposição, caso não sejamos capazes de revitalizar ou gerar oportunidade para o pequeno empreendedor e o capital de risco, por meio dos venture capital.

Atualmente, apenas pela via de fundos especializados as pequenas e médias empresas, PME, e startups tem acesso ao capital. Esse único sistema de acesso é muito pouco  em relação à demanda de capital por parte de empresários de negócios, principalmente tecnológicos. A política do último governo foi bastante incentivadora para grandes grupos e despejou bilhões de reais nas mãos de poucos, por intermédio de bancos governamentais. Esta má-formação do capital vem desconstruindo uma melhor distribuição de resultados corporativos.

Por mais de 10 anos a Bovespa tenta implementar sem sucesso o mercado de ações para este grupo, o de startups e PME. Apesar de possuir praticamente o monopólio deste mercado, não consegue atrair nem o capital e nem o empresário, devido a complexidade do sistema desejado e entendido como o justo e o correto para os participantes.

Reepensar no SOMA, com algumas pequenas alterações de uma forma a modernizá-lo para que seja um ambiente que facilite a vida dos empreendedores e investidores, com regras simples e sem grandes burocracias, é uma opção para a Bovespa. Empresas de menor porte teriam um mercado em que possam acessar capital de uma forma mais moderna. O Fintech é um dos exemplos de que a desintermediação  bancária já começou, com empréstimos pessoais em cartões de débitos. Outros sites estão começando a simular levantamento de capital por vias diversas como crowdfunding, por exemplo. Sem dúvida que estes modelos serão mais difundidos, pois a demanda de pequenas empresas e principalmente startups de área tecnológica de aplicativos são a nova tendência.

O brasileiro é um povo muito criativo, ele não pode ter somente um sistema bancário de 5 bancos que detenham 80% e só sabe falar a linguagem do juros. Um artigo no Estadão, demonstra que esses mesmos cinco bancos dominam as OPAs no país. Segundo a reportagem, uma das consequências dessa concentração é a elevação do tíquete médio, inviabilizando a entrada de pequenas e médias empresas no mercado financeiro.

A Bovespa poderia fazer bem mais, nesse aspecto. O “I do my best” não parece ser a sua principal preocupação pois, além de não sair dos mesmo 500 mil investidores, ainda se tornou a campeã em fechamento de empresas. A meta de 5 milhões de investidores alardeada no passado ficou para trás. Esses dados demonstram que o fracasso da Bovespa em abrir o mercado de ações para pequenas e médias empresas é incontestável e deveria ser uma lição para quem trabalha com mercado financeiro. Regras complexas afastam os investidores e mantém o mercado congelado.

Acredito que poderíamos ser bem mais do que somos em mercado de ações. Aproveitando o squeeze de crédito que temos e a alta demanda pelas empresas startups de tecnologia, deveríamos reunir investidores de capital de risco em torno da mesa para entender e tentar usar este momento como o começo de uma nova bolsa que está incubada e adormecida dentro da própria  Bovespa. O SOMA um sistema descomplicado e rapidamente teremos as Fintechs da Bolsa, em que a relação de interesse predomina sobre o monopólio de mercado.

Em tempo de crise, o capital também está a procura de oportunidade que devem ser aproveitadas sem grandes burocracias. Um bom começo é dar chance a milhares de empreendedores de ter um centro de negociação com uma instituição de respeito e competente na implantação das negociações. Uma boa semente a ser plantada é usar o clearing da Bovespa e a revitalização do Mercado de Balcão organizado, deixando a semente plantada crescer com a mesma simplicidade dos aplicativos atuais e a predominância tecnológica.

Aí sim poderemos dizer: I do my best!

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Finanças, Política
As medidas econômicas e a crise política
25 de maio de 2016 at 13:53 0

medidas econômicas

Ontem foi um dia importante para a economia brasileira. Após dias de expectativa, a nova equipe econômica anunciou algumas propostas.

O presidente Michel Temer se reuniu com os líderes de partidos aliados e anunciou algumas medidas. Antes de comentar tais medidas, gostaria de atentar para a questão política deste ato. Pedindo união e dando prioridade das informações ao parlamento, está clara a tentativa de melhora no relacionamento político. Ele pede união e é isso mesmo que o país precisa.

Percebemos que há um movimento claro do governo para planejar a recuperação da economia brasileira em longo prazo. A intenção é que estejamos em melhor momento para as eleições de 2018, deixando os cofres mais equilibrados para a nova gestão que virá. Talvez por isso, não houve anúncio de medidas drásticas como grandes cortes ou novos impostos, que possam trazer algum efeito imediato.

O mais significativo para melhorar o saldo, foi o anúncio do pagamento de R$ 100 bilhões da dívida do BNDES com o Tesouro Nacional. Esse pagamento, segundo as contas da equipe, traria uma economia ao TN de R$ 7 bi ao ano. É bom explicarmos que o governo anterior repassou ao BNDES, para um programa chamado “Sustentação do Investimento”, muito mais do que era necessário. Isso causou uma dívida imensa, com o efeito contrário: investimento caiu, em vez de aumentar. O dinheiro ficou parado e o prejuízo era certo. Achei boa essa medida, mas ainda depende de avaliação jurídica.

Não vou citar aqui todas as medidas tomadas pois os jornais nos apresentam detalhadamente. Quero passar aos meus leitores o meu sentimento a respeito dos encaminhamentos dessa nova equipe. Acredito que essa trajetória com planejamento a longo prazo poderá trazer novamente a confiança aos consumidores, às empresas e investidores para que o país volte a funcionar.

Todos sabemos que o Brasil precisa gerar receita em curtíssimo prazo e, para isso, devemos esperar algum pacote que seja duro. Mas a sinalização de irmos pelo caminho das concessões, privatizações e PPPs (investimento privado), parece ser bem racional para uma recuperação de caixa. Passa credibilidade, que foi a nossa maior perda dos últimos anos.

A equipe descreveu propostas e objetivos. Mas a decisão mais importante é a definição do teto para os gastos públicos. A pretensão é que ele nunca cresça acima da inflação anual. Isso por si, já corta as despesas públicas na carne, apesar do desafio maior ser a dificuldade em aprovar no Congresso. Se for aprovado terá um impacto grande, dentro de 3 anos, em até 2 pontos percentuais do PIB. Isso significa em números de hoje um corte de R$ 120 bilhões nas despesas do governo. Essa solução cria uma reação em cadeia: com o país crescendo, a dívida pública tende a diminuir cada vez mais.

Ainda temos a crise Romero Jucá que, sem dúvida, contribui para alvoroçar a oposição esquerdista e petista, tumultuando e agravando a incerteza política. O governo precisa de um novo nome para o Ministério do Planejamento. Já deu para ver que a conciliação dos interesses será o maior desafio do governo Temer, pois está difícil conseguir nomes que não estejam envolvidos na Lava Jato.

Depois da noite tumultuada, que aprovou a nova meta fiscal com rombo de R$ 170 bi nos cofres, o que podemos prever é que a crise política vai continuar em alta temperatura.

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Câmbio, Finanças, Investimentos, Política
Todos podemos ser Venezuela
3 de maio de 2016 at 14:57 0
Venezuela

Tornar-se um exemplo é sempre uma honra e um risco. O Brasil foi, durante anos, exemplo de economia em desenvolvimento acelerado. Hoje, estamos numa crise. Mas meu artigo de hoje fala da Venezuela, como um exemplo a se observar.

A Venezuela é exemplo de caos econômico e social na América Latina. Se fala muito sobre o descontrole monetário venezuelano e também sobre a crise energética e telefônica em nosso vizinho. A distância entre a realidade da Venezuelana e a nossa, dos argentinos, equatorianos e bolivianos é diferente, mas é inegável que todos podem, potencialmente, acordar no pesadelo do presidente Maduro caso uma política populista continue desvalorizando as nossas moedas.

Não quero neste artigo abordar todos os aspectos da crise na Venezuela. Falarei apenas sobre a hiperinflação que desgasta o Bolívar Venezuelano, a moeda em vigência no país desde 1879.

A hiperinflação é, como o próprio nome diz, uma situação inflacionária elevada à enésima potência. A inflação, embora tenha um nome ruim, não é de todo nociva para uma economia. O contrário da inflação é a deflação, que é quando os preços caem, o que faz com que os salários também diminuam. Uma taxa de inflação baixa, de até 5%, é boa para a economia, pois acaba fazendo com que preços e remunerações subam e possam se equilibrar, o que desenvolve a economia. O problema é quando esse pequeno dragão foge do controle e o poder aquisitivo do povo é afetado. Com o aumento consecutivo de preços, o governo acaba recorrendo à impressão de dinheiro para colocar moeda em circulação. Isso acorda uma lei inexorável do capitalismo, que é a da oferta e procura. Quando se tem muito mais dinheiro na rua do que o ideal, o valor real das cédulas diminui. Em ritmo acelerado, essa inflação fora de controle se transforma em hiperinflação, que é quando nem a população e nem o próprio governo conseguem acompanhar o ritmo do aumento dos preços.

No caso da Venezuela, é seguro dizer que a hiperinflação é consequência direta do descontrole absoluto de um sistema financeiro que, focado em fazer política, não protegeu a moeda, que é o maior patrimônio de um país. Uma moeda forte para o Estado é como a reputação para um indivíduo. Nos tempos modernos, o controle do sistema financeiro de um país está ancorado, principalmente, na credibilidade e confiança dos orçamentos públicos. A moeda venezuelana está tão desvalorizada que nem a própria população faz questão de tê-la, preferindo moedas de outros países, mais confiáveis e com câmbio mais seguro.

Com a queda do petróleo que era responsável por 96% de sua economia e sem uma fonte alternativa de receita, o governo da Venezuela recorreu a um financiamento mortal para qualquer governo: ele mesmo. Criou-se então a armadilha do dinheiro gratuito, que é a impressão de novas cédulas. A demanda da Casa da Moeda venezuelana foi tão grande, que as impressoras venezuelanas não possuem mais papel para impressão. Impossibilitada de fazer a irresponsabilidade “in house”, o governo importou trinta aviões 747 carregados com pelo menos cinco bilhões cédulas impressas na Colômbia. Sem dinheiro, a Venezuela pagou pelo serviço esgotando suas reservas internacionais de dólar e de ouro. Finalmente sem caixa e alternativa, a impressão de moedas para o país está parada.

Em 2014 um dólar custava 200 bolívares no mercado paralelo. Em 2015, um dólar custava mais de 1000 bolívares, o que significa uma desvalorização da moeda de mais de 80% em um ano, mas organismos internacionais estimam uma inflação de mais de 700% ao ano. A impressão de notas sem lastro para bancar o dinheiro em circulação é uma das causas desse descontrole. Para se ter ideia, segundo o banco central venezuelano, a quantidade de cédulas de papel que circulam na Venezuela quadruplicaram em um período de 2 anos.

Sem ter como corrigir a inflação de forma técnica, o governo implantou um rígido controle de preços. Ao invés de resolver o problema, o governo obrigou a população adquirir esses bens no mercado negro: desde itens de manutenção de carros, até papel higiênico. Para comprar qualquer coisa, o cidadão tem de andar com pilhas de dinheiro vivo.

Não bastasse esse beco sem saída monetário, o país agora passa por uma crise energética que obrigou a população a um racionamento cruel de energia: as famílias ficam pelo menos 4 horas por dia sem luz. Os serviços públicos agora não funcionam durante 5 dias por semana. A energia é requisito estrutural obrigatório no desenvolvimento e o blackout, além de representar um sério risco humanitário, comprometendo a conservação de alimentos e também a prestação de serviço médico, paralisa comércios e indústrias, o que retrairá ainda mais a economia do país.

Entre a morte de Hugo Chávez e a posse de Maduro, a moeda venezuelana perdeu cerca de 98% do seu valor no mercado paralelo. Engana-se, entretanto, quem acha que isso tudo é culpa do novo presidente. Não, ele herdou uma gestão ruim e continuou seus erros. Com isso, o apoio popular ao governo caiu e, com a queda do apoio, o regime bolivariano está mais rígido e autoritário. Sem um jurídico confiável e com um parlamento beligerante, o clima dentro do país não é propício para investimentos, algo tão necessário para se pensar em recuperação da economia.

A situação venezuelana é o resultado óbvio de um país que tenta reger sua economia por decretos, e não com ações e planejamento. As intervenções no mercado, o controle no câmbio, a limitação da lucratividade, a nacionalização de empresas, e outros fatores, causaram o fechamento de empresas, o desemprego generalizado e a fuga de investidores internacionais. Some a isso tudo os gastos muito além da arrecadação e ao encolhimento da economia em 5,7% em 2015 e 8% este ano, segundo o FMI.

Chávez sonhava em transformar a Venezuela em um exemplo social para a América Latina. As recorrentes violações humanitárias e os erros primários na economia fizeram o contrário. Transformaram uma nação que nadava em petrodólares em o primeiro país do mundo a não ter dinheiro para imprimir dinheiro. Isso é um país com hiperinflação.

Precisamos atentar ao exemplo da Venezuela para sabermos que um país próspero e justo para seus cidadãos depende de uma boa gestão política e econômica, com independência das instituições e transparência para a população. Ninguém quer ser uma Venezuela, mas todos podemos ser se não nos interessarmos em conhecer como funcionam os governos e cobrar deles, no mínimo, responsabilidade na gestão do nosso dinheiro.

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