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Finanças

Finanças, Sustentabilidade
Quanto custa o risco reputacional ao nosso patrimônio
20 de fevereiro de 2019 at 12:39 0

A vida nos prega peças inesperadas e o desastre de Brumadinho nos lembra que não existe segurança total nos mundos dos negócios. 

À parte o aspecto moral das vidas perdidas e de quem é a culpa do desastre ambiental, fica mais uma vez claro de que o risco patrimonial dos investidores sempre estará presente, mesmo apostando em empresas gigantes e de aparente solidez e a principal razão é nossa capacidade de avaliarmos o risco implícito do negócio na sua amplitude maior.

Mal acabamos de sair da grande crise corporativa da Petrobras, em que a empresa foi usada para fins políticos e foi palco de um esquema de bilhões de reais em corrupção para alguns privilegiados e apenas agora voltou aos preços históricos de 5 anos atrás.

A Petrobras passou por uma faxina nas áreas de governança e compliance– procedimento necessário após o escândalo. A nova diretoria tem muitos anos de explicação em inúmeros processos que mancharam a reputação da empresa e acumula a função de limpar toda a sujeira exposta e apagar da nossa memória o fato de ser a campeã do vexame nacional.

Outra grande companhia que foi durante muitos anos um orgulho nacional, possui atualmente o capital misto e ainda recebe influência governamental (via BNDES e PREVI) é a Vale S.A. 

A companhia não sairá ilesa desse desastre ambiental e estrutural dos projetos das barragens, principalmente pela reincidência. Está comprovado que o controle preventivo falhou e a falta de sistemas funcionais e alarme e evacuação de pessoas comprometeu inúmeras vidas. Empresas do porte da Vale tem recursos necessários e capacidade tecnológica para, no mínimo, não deixar acontecer a pane no alarme.

Em casos semelhantes, o risco de imagem é incalculável. Os prejuízos financeiros e jurídicos para os acionistas tornam-se gigantes e comprometem a reputação de uma das maiores empresas da Bolsa de Valores, inclusive em razão do incomensurável prejuízo ambiental. 

A grande questão é: como os investidores no futuro poderão mitigar este tipo de risco e perdas bilionárias?

Antes de 2014, alguém poderia prever que seria exposto um sistema de corrução na Petrobras nos níveis em que foram descobertos? Acredito que não. Talvez alguns mais próximos imaginariam, mas o mercado não é formado de poucos. A grande maioria, como eu, apostaria muito na solidez da empresa. Alguém poderia imaginar que poderíamos ter outro desastre como o de Mariana? Também acredito que não. A percepção coletiva natural é que depois de um grande erro ou catástrofe, as empresas teriam agido para evitar tais desastres e prejuízos.

Cada vez mais tenho a percepção que vamos conviver mais próximos aos novos perigos de investimento de capital, e que deixam marcas que vão muito além dos prejuízos financeiros, jurídicos e reputacionais para todos envolvidos e não envolvidos: os prejuízos para humanidade. 

Essa é uma discussão interminável e antiga. A grande novidade é a importância e o peso do chamado “risco reputacional” em qualquer situação ou contexto de crise. Esse risco aumentou consideravelmente o poder de destruição e impacto nas companhias.  

Reputação Monitorada: nos dias de hoje, a reputação das pessoas e das corporações passa a ser o grande diferencial nos mundos dos negócios.

Alguns casos recentes no Brasil e no mundo mostraram claramente o potencial e o efeito devastador para os investidores: Petrobras, Facebook , Carrefour (em razão da ação de um segurança que levou a morte um animal de ruas), Extra (onde um segurança matou um rapaz nas dependências de uma unidade), BTG Pactual (quando da prisão do CEO), JBS,  Odebrecht e agora Vale. Esses são apenas um exemplo de como muitas companhias perderam valores do seu market capitalem um piscar de olhos. É espantosa a velocidade da destruição de riqueza em função dos gigantismos dos fatores associados a reputação. 

No campo da carreira pessoal e corporativa, a destruição de imagem também está presente em razão da construção do tribunal nas redes sociais, de culpabilidade imediata e execução sumária. Dois casos recentes confirmam essa teoria, do jornalista William Waack e agora Donata Meireles. 

O risco reputacional irá interferir cada vez mais na vida de pessoas públicas e poucas tem habilidade ou estão preparadas para ter uma atuação perto do ideal, com objetivo de conter a disseminação de notícias fora do contexto.

As redes sociais já se tornaram um dos grandes desafios do presente e a velocidade da informação é enorme. Na falta de administração adequada, o que tende a aumentar o risco que envolve a imagem, é preciso ter bastante sangue frio. O atual governador de São Paulo, João Doria, conseguiu reverter o quadro de uma fakenewsàs vésperas da eleição. Donata e Waack não tiveram apoio institucional das suas organizações para assumir uma situação de divulgação de imagens deturpadas de seu verdadeiro sentido.

Basta uma frase fora do contexto, uma foto ou um documento para destruir sumariamente vidas e empresas. Não existe lógica para esses eventos, classe social, sexo ou religião, mas sempre é possível encontrar a motivação, quando investigados. Quem se lembra do caso da mulher assassinada quando a esposa de seu amante, ao descobrir o caso, decidiu atacar sua reputação acusando-a de pedofilia nas redes sociais? Ela foi morta por linchamento, na rua de sua casa e por seus vizinhos, ao terem acesso a fotos montadas e fora do contexto. Essas fotos foram criadas exatamente com esse objetivo: incitar o ódio e o julgamento coletivo.  

E como evitar fakenewsou lidar com uma situação de risco reputacional?  Além de prevenir, a resposta é principalmente a forma e a rapidez na ação, segundo as especialistas Claudia Martinez e Sheila Lustoza da SISAK Gestão de Risco Reputacional. É necessário agir com precisão e administrar situações de crise, sejam elas mentirosas e difamatórias (Donata, João Doria e outros), bem como oriundas de fatos reais.

“Não existe uma receita única, sempre é possível evitar e sempre é possível conter ou diminuir os efeitos de uma crise - o importante é estar preparado” Claudia Martinez 

Com a entrada da Lei de Proteção de Dados, o risco corporativo tenderá a aumentar substancialmente. As redes sociais e grandes corporações que guardam registros pessoais serão passíveis de processos em caso de divulgação de dados não autorizados ou mesmo negligenciados. As multas são grandes e este processo inicia também de uma nova era corporativa. Empresas ou operações digitais, como aplicativos e outros, terão que se adaptar à nova legislação que deverá começar a valer em breve. 

Enfim o mundo mudou e está mudando cada vez mais rápido. Com certeza o risco reputacional corporativo pessoal terá cada vez mais peso em relação às suas consequências, uma vez que seus dirigentes e conselheiros deverão ficar cada vez mais expostos perante a lei e redes sociais.

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Finanças, Tecnologia
Blockchain – A quebra de paradigma dos meios de pagamentos
4 de dezembro de 2018 at 18:42 0

Já passados quase 10 anos desde a criação da criptomoeda bitcoin, o mercado de moedas digitais começa a amadurecer sua percepção de como o sistema poderá se beneficiar desta inovação tecnológica chamada blockchain 

Já́ foram lançadas muitas centenas de projetos aos longos destes anos, chamados White Papers, que descrevem qual o objetivo da captação e qual seu propósito estratégico. Assim como através dos ICOs - sigla que define a oferta de tokens para o mercado de consumidores, que na sua grande maioria é formada por um público de jovens visionários sem tanto questionamento sobre eventual lastro de uma criptomoeda. Este normalmente é o questionamento mais frequente de quem se depara com o assunto dado a falta de um paralelo para o novo contexto.

A realidade é que não há lastro e sim uma estrutura tecnológica inovadora que depende de credibilidade dada busca e interesse de todos por meios de transação com maior agilidade, acessibilidade, aceitação e segurança. 

Esta nova tecnologia se baseia em criptografia e foi assim que se derivou e criou novas oportunidades para muitas startups. Muitas delas aventureiras atraídas pelo lucro fácil, porém outras com projetos estruturados mais consistentes e que vêm trabalhando no longo prazo para consolidar seu projeto e benefícios econômicos. 

Cada vez mais, o conceito dos projetos versus investimentos em criptomoeda deverão ter sinais mais claros de fundamentos econômicos e, consequentemente, gerar maior credibilidade para o setor.

Com a maturidade do bitcoin, no ano de 2017 a moeda começou a ser reconhecida nos mercados com a entrada nos Futuros da Bolsa de Chicago e, consequentemente, como uma nova realidade.

Os preços do ativo, que teria ao longo de praticamente 8 anos sendo controlado e manipulado por alguns grandes investidores, passaram a conviver com esta nova realidade através dos Futuros. Abriu-se as portas para os Hedge Funds, que através destes mercados passaram a poder operar em fundos especializados e agressivos, que até então estavam controlados por alguns poucos players, agora muito mais vulneráveis aos fluxos de capitais e de arbitragens gerados por mercados mais organizados e com players mais preparados. 

 Após a abertura dos mercados futuros na bolsa de Chicago, passou-se dos exacerbados lucros para os fortes e prejuízo para os mais fracos, pois os tubarões de mercado quando encontraram  uma brecha para fundamentar a queda, desestabilizaram o mercado que se encontrava nesta ocasião beirando os U$20 mil e empurraram o mercado para uma tendência baixista levando o bitcoin abaixo de 6 mil dólares. 

Portanto, houve também uma possível mudança de  mãos das criptomoedas, para algumas grandes instituições  que controlam o mercado futuro  através das arbitragens e futuros

A partir deste evento da entrada do bitcoin no mercado futuro, diria que o mercado de criptomoedas alcançou uma nova dimensão, esse foi o começo da institucionalização destes  ativos.

Assim o movimento de regulamentação também começa a tomar corpo. Mas a ausência ainda dos órgãos reguladores em diferentes países, fazem com que a autorregulação acabe predominando no momento presente.

 O blockchain vem se desenvolvendo como uma ferramenta de usabilidade poderosa para diversas áreas, inclusive governamental que está bem atenta a estes movimentos, não só preocupado com a lavagem de dinheiro, como também estudam a regulamentação e viabilidade para uma maior utilização do blockchain e da própria criptomoeda.

Fazendo um paradoxo com o Uber que quebrou paradigma de meio de transporte, as criptomoedas e a utilização da tecnologia do blockchain são nova realidade que existirá de uma forma ou de outra.

Como regular este mercado, será o maior desafio para todos. Cada país está fazendo à sua maneira. Alguns já entenderam os inúmeros benefícios do potencial descentralizados de ter uma segunda opção e trabalham para mitigar os riscos, como em qualquer mercado.

Mas como regular ou mesmo proibir este novo contexto?

 Acredito que muitos países irão caminhar pela regulação controlada pela via indireta através das Exchanges ou OTCs que fazem o ambiente de conversão das criptomoedas  em outras criptomoedas   como também nas moedas fiduciárias.

O lado bom e saudável da história é a possibilidade de termos uma outra via de meio de pagamento. Hoje a realidade do mundo atual é simplesmente o predomínio de uma principal moeda, que é o dólar, pois o EURO  volta e meia tem controvérsias sobre a sua sobrevivência que é questionada dentro dos próprios países Europeus que participam e abriram mão da sua moeda e agora têm que conviver com o dilema de seguir uma política monetária única, mas com tantas diferenças étnicas.

O mundo caminha para acabar com o papel moeda e já é uma realidade que a moeda fiduciária na sua maior parte seja fungível através de transferências eletrônicas (TEDs e sistemas de compensação), assim como, cada vez mais, através dos meios de pagamento de cartões de crédito, que em breve também deixarão de existir sendo substituídos por sistemas similares a Apple Pay , Paypal , QR Code e muitos outros.

A criptomoeda será a terceira via de pagamento e cada vez mais tenderá a se popularizar principalmente no público jovem, que pensa de forma mais sofisticada e contestadora entre os meios de pagamentos tradicionais em relação aos inúmeros custos (taxas,  fee’s) cobrados nos processos de intermediação bancaria.

É através do blockchain que se constroem a estrutura de uma criptomoeda, cujos blocos possibilitam consequentemente a mineração, que nada mais é que uma forma simplista de remuneração financeira do sistema e de ampliação da rede em que o minerador recebe um pequeno pedaço da cripto. De fato, tudo isso é bem sofisticado, mas de transparente e segura transação e essa é a principal atração para esse mercado.  

Por que podemos acreditar que este mercado fala com o futuro dos meios de pagamentos? As moedas fiduciárias como EURO, Dólar e Reais tenderiam a ser substituídas?

A primeira resposta seria: não!

-  As criptomoedas chegam como meio alternativo, mas não substitutivo. Elas podem gerar eficiência de pagamento, sim. Incluindo, democratizando acesso, inclusive para pessoas não bancarizadas. 

A segunda resposta seria:  também, não!

 As criptomoedas tem o papel de estimular o meio circulante de pagamento diretos como já́ é através do peer to peer, sem inflacionar, pois a sua grande maioria tem emissão preestabelecido e com menor custos do que meios de pagamento tradicional.

Diria que a tecnologia do blockchain e das criptomoedas irão passar por inúmeros desafios   ainda, mas não podemos negar que essa já é uma realidade contemporânea,  assim como a inteligência artificial e robótica.

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Finanças, Política
Os mercados e as eleições – Parte 2
6 de junho de 2018 at 10:53 0

Falei em meu último artigo sobre a volta da volatilidade aos mercados. Esperávamos um viés de baixa na bolsa, causado pelo momento externo americano e a situação eleitoral brasileira. Os preços não refletem a realidade do cenário externo e isso teria rescaldo em nossa economia.

Só que tudo foi antecipado pela greve dos caminhoneiros. É necessário cautela e poucos movimentos direcionais, pois a chance de se errar agora é maior. A cautela é necessária pois a volatilidade atrai o capital de maior teor especulativo, principalmente junto aos grandes players, ou quem tem apetite para assistir e digerir prejuízos com maior naturalidade.

Os maiores vencedores serão aqueles que mantiverem posição neutra, isto é, com operações com componente de maior hedge ou mesmo com limites de perdas controladas pela maior liquidez de ativos. Por sinal, a liquidez também cobrará um preço e um bom médico financeiro recomendaria cautela com a segunda e a terceira linha de bolsa. Em momentos de estresse a liquidez desaparece.

Para não me repetir, sugiro a leitura dos meus artigos anteriores em que faço a relação entre economia e política. Eles mostrarão como as tendências de mercado serão dadas pelos boletins de pesquisas eleitorais. No campo macroeconômico externo, o principal fator de influência serão os Estados Unidos, já que se fizermos uma análise 360º do mundo veremos que a política Trump continua a ser a grande novidade e atua como trigger do mercado. Quanto mais o presidente americano se movimentar para implementar seu programa de crescimento e melhoria das condições do mercado interno, maior será a pressão do dolad nas moedas locais dos mercados emergentes.

A volatilidade e a volta da concentração do fluxo de investimentos na América são muito ruins. A proteção de capital em ativos menos voláteis e vulneráveis à piora doméstica começa a se tornar estratégica. Como o consumo interno não terá grande crescimento devido à queda do índice de confiança, uma boa alternativa para os investidores em bolsa é a mudança de capital para empresas exportadoras.

O câmbio deverá seguir pressionado até que a situação eleitoral brasileira se mostre mais clara. Uma super desvalorização é improvável, mas a incerteza poderá funcionar como combustível para piora do cenário interno.

Pontos de atenção:

  • O governo é frágil e demonstrou isso cedendo às demandas feitas pelos caminhoneiros;
  • Fluxo cambial desfavorável e com política intervencionista, que controla os fluxos desfavoráveis e aumentam o pessimismo;
  • A situação econômica ruim é boa para os candidatos de extrema esquerda e extrema direita, conforme exposto em meu último artigo;
  • Interrupção no ciclo de baixa do juros e possível viés de alta;

O cenário internacional também deve contribuir com a turbulência brasileira. A zona do Euro terá a Itália como novo protagonista nos noticiários, já que as eleições acenderão novamente a questão da política econômica ortodoxa, com controle do déficit e manutenção de estabilidade em detrimento do chamado bem-estar social. Isso fará com o que debate sobre a saída de alguns países da zona do Euro reacenda. A Grécia é sempre uma lembrança.

Tivemos grandes avanços econômicos, dentre eles a reforma trabalhista, mesmo com um presidente campeão da impopularidade e com pouca margem de manobra. A situação política traz o ceticismo quanto à viabilidade das reformas mesmo após as eleições, afinal o desgaste da classe política dará ao futuro presidente pouca margem de manobra para implementar as reformas estruturais que o país precisa.

O Brasil deverá crescer 2% este ano, já que o ano político econômico acabará este mês. O segundo semestre estará reservado à Copa do Mundo e eleições.

Apesar de todas essas questões, o cenário brasileiro ainda é positivo e as conquistas deste governo em relação ao controle da inflação e ao juro baixo são inegáveis.

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Finanças, Política
Os mercados e a eleição presidencial brasileira
14 de maio de 2018 at 16:00 0

Os mercados dão sinais claros que os tempos fáceis acabaram. Daqui para frente o grau de incerteza tende a aumentar consideravelmente, o que elevará a volatilidade consequentemente.

Pressionado por vários motivos e variáveis que poderão impactar em seu preço, o dólar americano já deu a cara de como vai começar a se comportar. A cotação do dólar oscila por diversos motivos, como as variáveis externas que fogem ao controle brasileiro. É o que está acontecendo atualmente já que a política de Donald Trump tem afetado as economias emergentes.

Uma das promessas de Donald Trump foi valorizar a indústria americana. Com isso, políticas protecionistas foram implantadas nos EUA, o que certamente tem contribuído para o aquecimento da economia norte-americana. Pesa também a redução de impostos corporativos com maior controle da inflação, o que consequentemente gera maior expectativa no aumento da taxa de juro americana. Estes fatores por si só já têm capacidade de apreciar o dólar, consequentemente desvalorizando as moedas emergentes.

Uma das economias que têm sofrido com isso é a argentina, nem tanto pelo efeito externo, mas pela anemia de sua economia, combalida desde os anos 2000. Ajustes fiscais e econômicos foram feitos na Argentina, mas muito ainda precisa ser feito para que os hermanos consigam sair da armadilha inflacionária. Para se ter uma ideia, a expectativa de inflação oficial foi revista de 15% para quase 25% a.a, e a taxa de juros que aqui no Brasil está em 6,25% foi a 40% na Argentina.

Diferentemente do Brasil, a Argentina não possui uma grande reserva cambial que sirva de firewall aos ataques especulativos. Isso fez com que os argentinos pedissem um empréstimo de mais de US$ 30 bilhões ao FMI, contrariando uma promessa de campanha do presidente Mauricio Macri. Além da Argentina, Turquia, Rússia e Brasil agora sofrem com a desvalorização de suas moedas em um efeito que se estenderá por todos os emergentes. O grau de impacto deverá variar de acordo com a confiança externa e a solidez de cada nação. 

O mercado está otimista em relação ao Brasil, e isso me preocupa. Embora com taxa de juro historicamente baixa e inflação no piso, não podemos imaginar um cenário onde o Brasil volte a surfar em céu de brigadeiro, como foi durante a crise global de 2008. Qualquer análise deve sempre levar em conta o cenário interno, mais especificamente o eleitoral, que certamente impactará a economia a depender do eleito e da base partidária que o acompanhará.

Dentre os candidatos viáveis, podemos traçar as seguintes hipóteses:

Uma vitória da centro-direita com Alckmin, Álvaro Dias, Flávio Rocha ou Henrique Meirelles trará poucas mudanças na política econômica. Neste caso teremos uma manutenção do cenário financeiro, com dólar abaixo dos parâmetros já antes da eleição e juros no patamar atual. Isso se deve à crença do mercado na manutenção das reformas econômicas, o que segurará o dólar estável, juro baixo e bolsa em alta.

Caso a centro-esquerda vença com Ciro Gomes, um candidato do PT ou Marina Silva, que se posiciona um pouco mais ao centro, teremos maior indefinição econômica. A tendência pela suspensão das reformas e incerteza de cenários pressionará o dólar que, com a taxa de juro indefinida, fará com que a bolsa entre em queda.

Candidato de extrema-direita líder das pesquisas atuais, Jair Bolsonaro fará os mercados reagirem com bastante volatilidade em caso de vitória. Tudo dependerá da equipe econômica escolhida por ele e qual base eleitoral sustentará seu governo na Câmara e no Senado. Assim como Ciro Gomes, Bolsonaro será questionado pelo mercado por suas políticas na economia e na área social. Neste caso, o dólar deverá extrapolar os preços habituais e o juro deverá subir ligeiramente, em uma tentativa de segurar a especulação no dólar.

Levando todas essas alternativas em consideração, caso tivesse que decidir hoje por um curso de ação eu ficaria fora da bolsa, neutro na questão do juro, ou levemente comprado, e com maior posicionamento no dólar. Não é possível avaliar um cenário de curto prazo com grandes ou pequenos ganhos na compra em bolsa ou juros.

Há pouco para se ganhar e muito para se perder, apesar dos fundamentos financeiros do Brasil ainda estarem estáveis.

E lembre-se do velho ditado, eu sou você amanhã, hermano.

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Finanças, Juros, Política
Inflação e Deflação – Impactos na economia do país
15 de março de 2017 at 12:43 0
O desejo de todos os brasileiros de que a inflação diminuísse veio melhor que o esperado, com o anúncio de que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor) de fevereiro ficou em 0,33%, a menor taxa em 17 anos, e trouxe o acumulado dos últimos 12 meses para 4,76%, ou seja, a inflação está a caminho da meta. Os dados foram divulgados pelo IBGE na semana passada. O consumidor aos poucos sente a melhora nos preços e o impacto no custo de vida. A alta nos gastos com educação, apesar de corresponderem a cerca de 70% da taxa geral do mês, são os menores desde 2010. A alimentação teve deflação de 0,45%, bem como transporte aéreo (12,29%) e vestuário (0,13%). O último Boletim Focus reduziu ainda mais a estimativa da inflação para 2017, agora na faixa dos 4,19%. Talvez esse seja o empurrão que falta para que o Comitê de Política Monetária – COPOM, baixe os juros de maneira mais agressiva para influenciar mais significativamente a economia, barateando o crédito e incentivando a produção e o consumo. A expectativa para o ano é que a SELIC fique em 9,52%, mesmo com a última reunião não tendo o corte esperado, mantendo a taxa em 12,25%. É preciso aguardar, pois sabemos que em economia nada é gravado em pedra. Se analisados individualmente, esses indicadores podem não fazer sentido para grande parte da população, porém nos ajudam a formar uma visão mais ampla do cenário. Por exemplo, no final de fevereiro o IBGE divulgou que a taxa de desemprego é de 12,6%, a maior desde 2012, e todos sabemos que sem dinheiro, as pessoas consomem menos, fazem menos compras no crediário e colocam pé no freio dos financiamentos. É um ciclo vicioso: o custo de vida ainda está alto, com juros exorbitantes, desemprego e muita dificuldade de recolocação profissional. Tudo isso gera a falta de consumo de produtos e serviços e fazem com que empresas demitam os funcionários que, por sua vez, também deixarão de consumir, mesmo com preços baixos e promoções – que são os valores em queda registrados pelo IPCA. É deflação. A tão esperada deflação é algo que, se não acontecer, tende a causar problemas tão ou mais graves que a inflação altíssima que estamos enfrentando. Parece estranho afirmar isso, mas a oscilação nos preços é apenas a ponta de um sistema que produz bens, oferece serviços e depende do consumo para sobreviver. Ainda há muito trabalho a ser feito, as variáveis para contenção da crise mudam diariamente e garantir emprego e renda para uma população do tamanho da nossa não é tarefa simples. Mais uma vez a bola está na arena política, com as discussões sobre a Reforma da Previdência e a contenção dos gastos do governo. Seguimos observando.
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Finanças, Política
Os efeitos positivos da PEC 241 na economia
14 de outubro de 2016 at 17:24 0

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A PEC que limita os gastos públicos no teto da inflação e sua aprovação foi, sem dúvida, a notícia mais recorrente nos últimos dias. A discussão sobre assunto tomou grandes proporções uma vez que praticamente todos os setores do governo e da economia se posicionaram contra ou a favor e atraíram a atenção para o assunto até mesmo de pessoas que não dominam a matéria econômica.

É preciso ter um olhar macro sobre a situação. A relevância da PEC do Teto, como foi apelidada, reside em fortalecer a percepção dos investidores de que o Brasil é capaz de conter seus gastos e não ficar à deriva, em rota de colisão com um dívida pública incontrolável.

Divulgar informações fora do contexto faz com que a opinião pública tenha uma compreensão equivocada dos fatos, especialmente no que diz respeito ao comprometimento dos investimentos sociais, como saúde e educação. Antes de mais nada é preciso ter em mente que o orçamento brasileiro é muito amplo e é possível remanejar as prioridades em setores tão relevantes e que merecem atenção especial, como estes.

Acredito que o maior trunfo que a PEC 241 pode proporcionar neste momento é recuperar a confiança dos mercados em geral. Esta confiança traz de volta os investimentos, tanto nacionais quanto estrangeiros, além de um maior entendimento sobre o governo do Presidente Michel Temer, que aparenta ter por base e ponto central o compromisso político com a economia, fazendo as coisas voltarem ao rumo, ou seja, fazendo uma gestão financeira e econômica responsável. Não resta outro caminho para a consolidação de seu governo e aceitação popular. Não será uma campanha de marketing ou reposicionamento de imagem que fará com que a população esqueça o desgaste sofrido pela atual administração durante processo de impeachment.

O grande desafio ainda será mostrar ao país que um mínimo de organização fiscal sera benéfica para todos, inclusive para ampliar os benefícios sociais que são demandados pela população. Superar esta etapa será decisivo no sucesso ou não dessas reformas.

Com aprovação desta PEC o caminho está aberto para a redução de juros. A volta gradativa dos juros a patamares aceitáveis beneficia todos os setores econômicos e, em especial, a produção de modo geral e o mercado imobiliário, que se beneficiam e voltam a ter condições mínimas de juros compatível com a curva do setor.

O movimento natural de uma melhora econômica passa primeiramente pelo mercado de capitais, que antecipa os movimentos futuros da economia real. Poderemos ver nos próximos meses uma recuperação real nas atividades produtivas.

O ministro da economia Henrique Meirelles, assim como o presidente, sabem que tudo começa com o ajuste nos gastos e apostaram pesado na aprovação da PEC 241. Aparentemente, ao obter sucesso nesta jogada, abriu-se caminho para que outros desafios econômicos e políticos estejam brevemente na agenda das reformas, sendo que a mais relevante será a da Previdência Social - sem dúvida um outro enorme desafio.

Duas questões também em pauta se destacaram pela sua importância no período. Dada a relevância da Petrobrás para o país, a aprovação do fim da participação compulsória da empresa na exploração do pré-sal dá oportunidade para que outros players do setor façam esses investimentos. O valor de mercado das ações praticamente triplicou e voltou ao patamar de 220 bilhões, muito em função da percepção de uma gestão mais transparente e mais independente, já que todos sabem da importância social da empresa e esta também sabe que tem contas a prestar aos acionistas.

Também a  possível mudança na lei de repatriação de Recursos (PL 2.617/15) fazendo correções mais inteligentes e possivelmente arrecadando mais, deve entrar em breve na pauta do Congresso. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, fez um esforço no sentido de que todos possam se aproveitar do beneficio de ter uma arrecadação mais robusta e que beneficie toda sociedade, uma vez que essa medida proporciona a possibilidade de diminuir a necessidade de aumentar impostos. Concretamente esta é a única variável de curto prazo que pode ser traduzida em arrecadação direta no curtíssimo prazo.

Não se trata de justiça social, mas sim efeito caixa, já que temos um déficit gigante. Simplesmente poderemos diminuir, com esta conta, o que pode chegar a ser R$ 15 bi a R$50 bi, dependendo da segurança jurídica que dará aos beneficiados. Caso se concretize, ajudará a resolver problemas dos estados da União e melhorar a nossa conta corrente.

Acredito que temos uma janela aberta, que nos traz esperança de podermos voltar a crescer mesmo que timidamente e com os enormes desafios e adversidades a serem superados.

A PEC 241 não é a solução no presente, mas sem dúvida é a solução para o futuro do país nos próximos 20 anos.

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Finanças
Indicadores econômicos na tomada de decisões
12 de setembro de 2016 at 18:08 0
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Em economia temos indicadores para tudo. Pessoas trabalhando, bens produzidos, moeda circulante, exportação, importação, taxas de juros, dívida pública, operações de crédito, volume de vendas no varejo. Pense em um assunto e provavelmente teremos um indicador econômico, oficial ou não, para demonstrar a saúde desse setor – seguramente também com "série histórica" para efeito comparativo. O acompanhamento de indicadores econômicos é parte fundamental para o sucesso no mundo dos negócios. Enquanto para a maioria da população são apenas números e letras aleatórios, para os empreendedores o fato de acompanhar esses dados pode ser a diferença entre o sucesso e a falência. Com acesso à divulgação desses indicadores conseguimos, também, traçar um panorama da saúde econômica brasileira. Os indicadores já conhecidos dos meses de julho e agosto deste ano, por exemplo, reforçam a percepção de que o terceiro trimestre de 2016 deve ser mais um período de acomodação da economia. À primeira vista e para quem não entende muito do jargão econômico parece uma notícia ruim, mas assim como a sociedade brasileira, o mercado também está se adaptando ao novo governo. Prova disso é que o Indicador de Investimento da Indústria, elaborado pela Fundação Getúlio Vargas, subiu 7,9 pontos em relação ao mesmo período de 2015. Isso significa que o investidor ainda não tem certeza de onde e como vai aplicar o capital, mas já começa a vislumbrar um cenário menos negativo para seus negócios. O Indicador de Preços ao Consumidor Amplo, IPCA, considerado o medidor da inflação no país, mostra que já houve desaceleração entre julho e agosto, apesar de ainda ser a mais alta para o mês, desde 2007. O IPCA é importante, pois calcula tudo que pagamos no dia a dia: supermercado, escola, transporte. Conseguimos até, através do IPCA, calcular o impacto que as Olimpíadas tiveram no nosso bolso e ver claramente que o preço da alimentação, bebidas e hospedagem no Rio de Janeiro teve forte impacto nos números da inflação do país inteiro. Como disse anteriormente, os brasileiros e o mercado ainda estão se adaptando ao novo governo. Ainda sentiremos durante anos o impacto dos quase 14 anos de governo do PT sobre nossa economia. E não são poucos meses de uma nova política econômica que irão corrigir mais de uma década de decisões mal planejadas. Uma coisa é certa, a cada dia que passa estamos com mais acesso à informação e menos sujeitos a sermos pegos desprevenidos. A utilização destes indicadores como suporte na tomada de decisões é importante para o investidor e, especialmente, para nortear o governo na direção de um país mais próspero para todos nós.
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Finanças, Investimentos
Índice de confiança é o fator da virada
4 de agosto de 2016 at 17:43 0

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Como temos visto cotidianamente e ao nosso redor, já é possível constatar a melhora de humor do mercado financeiro, apesar da contínua piora de alguns indicadores, como o próprio desemprego, além do déficit das contas públicas e da queda brutal da arrecadação. O índice de confiança primeiramente aflora em alguns segmentos, geralmente nos que indicam o fundo do poço da crise econômica e consequentemente dão o sinal da possível virada econômica.

O gráfico a seguir, publicado pelo Valor, mostra o quanto nosso índice de confiança caiu, ultrapassando 2008, quando tivemos uma crise mundial sem precedentes.

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O índice de confiança, nos dias de hoje, é mais representativo e significativo economicamente uma vez que faz a leitura potencial do grau de avaliação no consumo e nos investimentos. A confiança representa para o trabalhador assalariado e prestadores de serviços com baixa ou média renda o "stop and go" para o consumo em geral. Já para os empreendedores, representa a decisão de investir ou não no mercado de capitais, principalmente nos negócios.

Depois que o lastro da moeda foi extinto, o que dá sustentação é a credibilidade que vem casada com a confiança nos agentes econômicos e governos. Por isso a Zona do Euro, por exemplo, tem regras rígidas para que demonstrem um mínimo de credibilidade fiscal, como manter os principais indicadores, déficits e orçamento fiscal em níveis adequados.

No Brasil podemos dizer que a virada do índice de confiança vem, sem dúvida, acoplado a uma solução política minimamente confiável. O governo da Presidenta Dilma carecia muito de credibilidade e de processos de gestão, principalmente diante da preferência por ocupar os quadros de primeiro e segundo escalão com base na fidelidade partidária ao PT, em detrimento do mérito, competência e experiência. Pudemos ver, em primeira mão, onde esse critério de escolha nos levou. Sem dúvida o Presidente interino Michel Temer sabe que a única forma de conquistar a confiança da população é demonstrando uma gestão eficiente. Para isso, colocar pessoas competentes nestes postos estratégicos demonstra claramente a direção correta - e a reversão da tendência do índice de confiança mostra isso.

 De modo geral, diria que algumas situações nos permitem observar o cenário macro com certo otimismo. Veja essas possibilidades:

 1)    A Europa vive um momento confuso e o Brexit pode trazer desdobramentos complexos. Os Estados Unidos estão passando por um emocionante período eleitoral e o resultado pode criar situações semelhantes ao Brexit. Trilhões de euros e dólares, no momento aplicados a juros negativos ou muito baixos, de zero a 1%, de alguma forma tendem a procurar high yeld e acredito que algum fluxo de capital virá para os países emergentes, inclusive o Brasil. Caso o impeachment de Dilma se confirme no Senado, a expectativa é que o nosso país seja um forte candidato a receber uma boa parte deste capital.

 2)    O aumento do índice de confiança deve gerar melhoria no consumo e demanda por serviços. Principalmente no varejo, o impacto dos juros não é tão significativo nos crediários - que tradicionalmente já têm taxas muito altas, mas a confiança gera coragem no consumidor que está empregado e/ou detinha alguma poupança (mesmo estes não conseguiam ver nenhuma luz no fim do túnel).

 3)    Diferentemente do varejo, onde poderemos sentir uma melhora considerável e com relativa rapidez, o setor imobiliário poderá ser o último a voltar a crescer com força. O segmento de imóveis é diretamente ligado às taxas de juros oficiais, que só deverão cair aos razoáveis patamares dos 10% no final de 2017. Por outro lado o setor sempre atrai capital de investimentos asset para adquirir ativos ainda depreciados. Como o estoque está bastante grande, as incorporadoras poderão ter uma possível folga de liquidez na venda desses ativos.

Confiança é e será um ativo de grande valia para o novo governo, entretanto essa confiança não durará para sempre se não houver real percepção de mudança. É preciso que aconteçam demonstrações efetivas de reformas fiscal-orçamentárias tanto no Congresso como no Executivo, tão logo passe a votação do impeachment e se confirme o novo presidente do Brasil. Seguimos observando com esperanças.

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Finanças, Investimentos, Juros
Dia-a-dia da taxa de juros negativo
2 de agosto de 2016 at 14:26 0

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A dificuldade das pessoas que não são do mercado em compreender o que significa taxa de juros negativa é real, uma vez que somos acostumados a juros exorbitantes e inflação de dois dígitos. As flutuações econômicas que vivemos não nos deu tempo de desenvolver as condições propícias para o sistema de juros negativos, uma realidade em diversos países da zona do euro e no Japão – que nos oferece um dos exemplos mais didáticos do funcionamento da chamada NIRP - taxa de juros negativa, sigla original em inglês.

O último censo no Japão mostrou que a taxa de natalidade diminuiu e o envelhecimento aumentou. Essas informações combinadas demonstram que o país tem dificuldade em aumentar a força de trabalho que paga os gastos públicos com previdência e saúde, além de não ter condições de sustentar as tentativas para reaquecimento da economia. No caso japonês, o Banco Central decidiu cobrar dos bancos comerciais os valores que excedam as reservas legais e os depósitos compulsórios. Teoricamente essa medida aumenta os empréstimos, a circulação de moeda e, consequentemente, a inflação.

O exemplo japonês atinge imediatamente o sistema bancário, mas ainda é necessário ver como isso atinge o correntista. A Suíça é um dos países que vem obtendo sucesso com a adoção dos juros negativos e lá os correntistas do banco BAS, especializado em investimentos sustentáveis e de cunho social, foram avisados que perderiam dinheiro ao deixar as economias na instituição. O que aconteceu no país após o estabelecimento dos juros negativos é que as pessoas começaram a diversificar a forma de guardar o dinheiro, inclusive alugando cofres em bancos a investimentos que tem retorno zero, tudo para não pagar taxas e serviços que compensem os bancos.

As situações vividas pelos moradores de países que utilizam o juro zero parecem surreais para os brasileiros. Desde taxas de apenas 1,1% em transações imobiliárias sem a necessidade de antecipar pagamentos, até receber dinheiro de volta por pagamentos efetuados em hipotecas, são muitos os exemplos. No momento a melhor opção tem sido os empreendimentos imobiliários, o que já chamou a atenção para a criação de uma bolha no setor.

Para o Brasil esta situação poderá ser benéfica pois são muitos trilhões que já estão nestas condições e com certeza parte deste capital poderá chegar até nós. Mesmo que seja uma pequena migalha serão bilhões que poderão desembarcar aqui. Atrás de high yeld, mas primeiro precisamos carimbar o passaporte que começa pela definição do impeachment. Vamos torcer para que o vento sopre na nossa direção.

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Finanças, Investimentos, Política
A Janela de Oportunidade no Brasil
26 de julho de 2016 at 17:59 0
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Diz o ditado que depois da tempestade sempre vem a bonança. Aqui no Brasil ainda não estamos na fase da bonança, mas já podemos ver um horizonte muito promissor. Uma janela de oportunidades que deve ser bem aproveitada por todos.

Apesar dos problemas que ainda enfrentamos, o humor do mercado está mudando e o índice de confiança está subindo cada vez mais. E apesar de não ser uma recuperação real, a percepção dessa confiança traz fluxo de capital externo e melhora a precificação dos ativos, o que pode ser confirmado com as altas consideráveis que alguns setores vem alcançando na Bolsa. Dadas as circunstancias de investimento do ambiente global -  em especial na Europa, com a falta de opções em países de política econômica confiável em razão dos juros negativos e a crise no Oriente Médio - o Brasil oferece mercado não apenas especulativo, mas também para investimento em infraestrutura e setores correlatos.

Uma das vantagens é que ao contrário de outros países que passaram recentemente por crises econômicas, a nossa não foi acompanhada por crise financeira. Passamos por restrição de crédito - dado o alto índice de inadimplência os bancos colocaram o pé no freio e com isso se agravou a crise. O brasileiro também se conteve mais nos chamados gastos “desnecessários”, mas a percepção da confiança já faz com que ele volte a gastar novamente, fazer empréstimos, compras a prazo e investir no sonho da casa própria

Nosso sistema financeiro bem estruturado permite essa recuperação mais rápida. Aqui, a Caixa Econômica Federal resolveu elevar o teto do valor dos imóveis financiáveis e acelerar a aprovação de crédito para pessoas físicas e apenas o esforço em aquecer o setor imobiliário já tem impacto positivo nas previsões do PIB.

A mudança do processo de gestão brasileiro, principalmente com a escolha de dirigentes técnicos para cargos diretivos nas estatais, foi o gatilho para o mercado financeiro repensar investimentos e reestruturação de dívidas do mercado de capitais. A atmosfera otimista se completa aliada ao fato do recém-eleito presidente da Câmara dos Deputados ter um perfil mais equilibrado, conciliador entre os partidos e com conhecimento da matéria financeira.

A visão dos segmentos no mercado é que o governo interino de Michel Temer tem condições de avançar com, inclusive, projetos impopulares como reforma fiscal e da Previdência. Estamos à espera da finalização do rito do impeachment, o que dará o carimbo necessário para que essas medidas saiam do papel. Essa é a senha que falta para que o fluxo de capitais volte com força para os mercados em geral em busca de surfar a nova onda de oportunidade combinada por gestão mais eficiente e conjuntura econômica global. Apenas aí poderemos dizer que estamos definitivamente fora dessa crise.

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