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Política

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Welcome to 2019
2 de janeiro de 2019 at 12:15 0

Seja bem vindo a 2019.


Acredito que todos nós brasileiros que realmente elegeram o candidato da mudança, Jair Bolsonaro - tanto por motivações ideológicas ou também através do voto útil como foi meu caso - estão mais alinhados ao estilo de vida do povo brasileiro do que veio sendo proposto pelos partidos de esquerda em geral aos longo destes 12 anos de poder.

Já esta muito claro que estas mudanças deverão acontecer em uma forma mais ampla que o esperado.

A começar pela revitalização do Itamarati que ao longo deste governo foi posto como um coadjuvante na questão de politica externa, tendo que passar por vários vexames internacionais principalmente no governo Dilma Rousseff. Esta, especialista em gafes externas.

Acordos estranhos com países duvidosos e oportunistas, sem uma mínima governança, como no caso de Cuba através do convênio “mais médicos” - em que se utilizou de um momento de crise de saúde para se importar médicos cubanos que serviram simplesmente aos interesses tanto do PT, como de um governo que respeita zero os direitos humanos como Cuba. O processo de remuneração dos mais médicos nunca foi explicado porque dois terços dos recursos do governo brasileiro ficava retido em Cuba, sabe se lá por quê. De 3 mil dólares , os médicos só recebiam 1 mil US. Totalmente descabido.

Para mim ficou claro de como as coisas poderão mudar agora. O Presidente de toda nação, sem esquerda ou direita, que já demonstra a sua capacidade e vontade de fazer mudanças efetivas, mostrando que dará uma guinada de 180 graus em relação a nova política externa, se alinhando a principais países que historicamente tem convergência de política e de estilo de vida. Por que? Cuba, Venezuela, Equador, Irã e outras aproximações sem nenhuma assemelhações ideológica com o povo Brasileiro.

Basta ver que agora no êxodo de imigrantes venezuelanos, a solidariedade não foi de nenhuma identificação, e sim os expulsaram porta a fora do país. Por que os ditos partidos de esquerda não cuidaram ou assistiram de alguma forma esta população de imigrantes carentes e famintos de solidariedade? Possivelmente para não chamar atenção para a forma como são tratados os milhões de Venezuelanos por um regime que foi amplamente reconhecido pelo governo petista.

Em relação à escolha de países com maiores convergências ideológicas - como Estados Unidos e Israel, assim como tantos outros alinhados com o pensamento democrático - Bolsonaro tem dado sinalizações claras de “Welcome”.

Diferentemente do que foi amplamente publicado pela mídia - em que mostrava um Bolsonaro alinhado com um regime militar - e que se publicou muita informação duvidosa de uma possível volta à um regime não democrático, a ideia foi, sem duvida, se esvaziando pelas ações e sinalizações do novo presidente.

O BNDES foi usado inúmeras vezes para demostrar seu apreço e apoio a todos aqueles países com cunho ideológico de esquerda e marcado pela opressão. Com apoio financeiro a estes países, nunca entendemos a razão objetiva e politica de porquê se fazia tanta questão de dar dinheiro a eles, já que são tão diferentes da nossa verdadeira vocação democrática. Agora, depois dos escândalos da Lava-Jato, compreendemos a verdadeira razão destes empenhos.

Muitos artistas e músicos famosos se apoiam na ideia de que você pode ser democrático e de partido de esquerda, de partidos políticos que vendem este conceito social e comunista. Eu pessoalmente não consigo entender como o comunismo seria “democrático”, até porque não é e nunca foi. As pessoas precisam ler mais a história sobre os lideres do sistema partidário comunista, ou mesmo ver filmes de história biografica dos fundadores do partido comunista.

Sempre tiveram como âncora a revolução, não necessariamente pacífica, como mostra a história da Rússia e China que foram os grandes fundadores do partido comunista no mundo.

Não se tem na história da humanidade o tamanho do morticínio que estes dois países comunistas causaram à sua população. Trotskistas, Lenin, Stálin e Mao Tstung dizimaram milhões da população de seus países em nome de suas ideologias partidárias. Basta ler a biografia dos três.

Mas o que isto tem a ver com a gente aqui no Brasil? Na realidade, há um simbolismo maior do que imaginamos.

O conceito vulgarmente de direita ou esquerda usado na eleição recente trouxe de volta esta termologia que talvez estivesse relativamente esquecida por nós, e principalmente por uma nova geração que não tem dado muita atenção o que significa de fato, mas que, ao final, foi o que fez a diferença entre os candidatos. A esquerda chamada light, pão com cocada, são normalmente usadas de uma forma enganosa e que de certa forma confunde o cidadão de boa fé. Em um exemplo muito claro, podemos ver que as demandas sociais dos chamados “sem terra” sempre foram estimuladas e amplamente amparadas pelos mesmos partidos de esquerda e usadas como um instrumento de barganha. O MST é um movimento apoiado pela esquerda e com ocupações não democráticas, inspirado nos conceitos Marxistas. “O povo é o poder”, diferente do viés democrático de que o povo elegeo poder.

Mas esta eleição reacendeu o conceito, pois o candidato Bolsonaro levantou a bandeira da direita e nos fez lembrar de onde vem a esquerda.

Muitas pessoas me perguntam como eu acho que vai ser o governo do nosso próximo presidente. Eu simplesmente nunca me prendi a promessas de campanha de nenhum candidato, e sim aos sinais que me são dados - tanto pela própria mídia ou por informações de redes sociais. E, sinceramente, estou surpreso positivamente, até porque, como muitos, nunca fui Bolsonarista mas acabei admirando sua forma de lidar com o controverso, e com um racional bastante diferente do que a mídia vinha caracterizando em varias situações  que geraram muita controvérsia e confusão de opiniões, além de deixarem muitas dúvidas do real posicionamento do novo presidente - como casos envolvendo xenofobia, se posicionar contra os índios, pobres e outros casos polêmicos, até mesmo a respeito de ser a favor da ditadura militar.

Ninguém trilha um caminho de governo ditatorial fazendo convite para países democráticos e desconvidando países como Venezuela e Cuba, que não se alinham na democracia. São os mesmo sinais que a posse do governo Dilma deu no sentido inverso, basta ver a fotografia da posse. Assim, confesso que reavaliei o meu posicionamento em relação ao novo governo e considero que podemos, sim, ter um ciclo econômico bastante favorável ainda que o governo tenha grandes dificuldades em relação ao legislativo. Mas como dizemos: isto faz parte do pacote.
Alguns pontos que observei que considerei bastante positivos e me deixam mais otimista:

- Posicionamento bastante claro em relação à aproximação com países com amplo histórico democrático, que são por natureza de livre comércio e de maior liberdade à iniciativa privada. A tecnologia hoje deverá ser cada vez mais proxima do comércio mundial, sem necessariamente precisarem estar em blocos. Já é possível visitar feiras no mundo inteiro virtualmente e essa tendência irá aumentar cada vez mais, assim como outras ferramentas institucionais.

- Acordos bilaterais de comércio são uma realidade pois as negociações em blocos regionais, especificamente do Mercosul, em que não se consegue atender aos interesses de uma região como um todo pelas diferenças e momentos econômico de cada país como Brasil e Argentina.

- Politica de defesa de todo cidadão de bem para ter o direito de se defender poderá inibir um pouco mais a criminalidade que assola o país e hoje se tornou um dos maiores e principais problemas nacionais.

- Direitos iguais a todos os cidadãos, independente de quotas de raça, cor, origem indígena (ou não), sexo ou orientação sexual, só gera distorções em relação a outros que também consideram injustiçados por não ter os mesmos privilégios.

Assim, com certeza, teremos um início marcante e diferente por posições ideológicas bem distintas do que convivemos ao longo da última década.

E diferentemente de que alguns pensam, as diferenças e valores são relevantes, tão grandes quanto o tamanho do estado que cada um sonha. À direita um estado de menor influência na nossa vida, e à esquerda com maior influência do estado a começar pelo tamanho e relevância do poder público.

Enfim, somos agora de direita e espero que continuemos a ser um país mais democrático, votado democraticamente pela maioria.

Welcome to 2019.

Vamos comemorar a entrada de ano com bastante otimismo e apostando em um futuro melhor. É o que desejo a todos os brasileiros.

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Política
Entre o desejo e a realidade
23 de agosto de 2018 at 11:07 0

Entramos a campanha eleitoral agora em Agosto, com os candidatos 90% definidos e a dura realidade de uma eleição sem cara e sem cor. Não é uma eleição vermelha ou amarela, nem azul ou verde, temos uma verdadeira salada mista. Coligações improváveis ou mesmo tradicionais por pura conveniência eleitoral. Nesse último caso, o cenário mudou pouco.

Parece que a vontade e desejo de uma grande mudança de tudo que temos visto em política nos últimos anos é predominante. Talvez porque o sentimento da grande maioria é de que existe falta de opções políticas de renovação com um conceito mais ético, principalmente fora dos padrões do atual de governo e do anterior . As últimas pesquisas mostram que o desejo de mudança tem atraído uma parte considerável dos eleitores, principalmente quando vemos o candidato do nanico partido de Bolsonaro representar este sentimento na sua essência. Sem dúvida a intenção de voto em Bolsonaro é o mais puro e claro sinal desta vontade de mudar. A diferença entre o desejo e a realidade é sempre cruel e existe um paradoxo entre ambos. A nossa infeliz realidade é que o Brasil criou um sistema, tanto político quanto social e estrutural que funciona com grande ineficiência em quase todas áreas: saúde, educação e segurança pública.

A chamada “O país que quero” que a rede Globo fez por todo Brasil em rede nacional explica um pouco deste sentimento e todos desejos pretendidos são sempre no mesmo tom. “Eu desejo um país que não tenha corrupção e tenhamos políticos honestos. Desejo que os hospitais tenham um atendimento mínimo e humanizado para a população. Desejo que tenhamos uma melhor distribuição de renda. Desejo que tenhamos um mínimo de segurança aceitável dentro dos padrões social”.

O cerne da questão é que não encontramos um político que preencha todas as nossas aspirações. Que não pratique o tão conhecido “toma lá, dá cá” e tenha capacidade administrativa e gerencial para montar uma equipe de alto nível e de altos padrões éticos. Ainda é importante não retroceder em situações já superadas, tanto no campo econômico quanto no campo político e trabalhista. Retomar esses debates não favorece o país e pode representar perdas que irão demorar décadas para serem recuperadas, bem como arriscar a baixa inflação e juros baixos. Já tivemos essa experiência em alguns estados e o Rio de Janeiro é o exemplo mais evidente do que estamos falando. Na última eleição para prefeito, Marcelo Crivella foi o vencedor e o resultado ficou muito pior que se imaginava com o Rio entregue à total inoperância da máquina. É o velho ditado se concretizando: está ruim, mas pode ficar muito pior. Sob o governo de Sérgio Cabral e Crivella, o Rio voltou uma década em muitas áreas, principalmente na questão da segurança pública e, no caso do Crivella, a volta do comércio sem lei nas ruas.

É por isto que devemos atentar e evitar escolhas embasadas mais pelo descontentamento do que na busca da virtude do candidato.

Vamos aos candidatos.

Desejo que Bolsonaro acabe com a criminalidade desenfreada, investindo e priorizando a polícia e o programa de ressocialização carcerária. A pergunta correta é: como fazer e de que forma priorizar o pouco orçamento disponível? Ao candidato Geraldo Alckmin, perguntaria como vamos finalizar as centenas de obras de infraestrutura que estão inacabadas e geram um enorme prejuízo para o país? Vimos no passado a criação de programas e liberação de recursos com a promessa da criação de novos empregos. A realidade foi a perda de recursos públicos por falta e empenho governamental e de bancos federais.

São perguntas objetivas que não podem ter respostas vagas. Servem para avaliar a melhor a estratégia e a convicção de realizar do candidato, sem perder de vista seus desejos e a realidade do cenário político brasileiro.

Cada vez mais, está se diminuindo o tempo e o espaço para promessas simplesmente populistas: vou acabar com a fome no país, vou dar moradia decente para os nossos cidadãos, vou resolver e vou fazer. O povo hoje já tem muito mais capacidade de avaliar as promessas. Temos quase um celular por habitante e isto gera informação. Estes dois exemplos são a essência do título deste artigo. Entre o desejo e a realidade. Poderíamos perguntar a todos os outros candidatos que tem o mesmo discurso o que eles desejam. A dura realidade, entretanto, é que possivelmente teremos uma alta renovação do Congresso Nacional, segundo as pesquisas e nesse ponto começa o maior problema do novo Executivo que será eleito este ano. Não existe governabilidade sem a bênção do legislativo. A história mostra que governar sem o apoio do centro, no caso PMDB, é pura ficção, haja visto o que aconteceu com os ex-presidentes Collor e Dilma que, órfãos de apoio na Câmara, foram retirados dos cargos via impeachment principalmente por contrariar os desejos do Congresso. O mesmo acontece agora com o atual presidente, que chegou a ensaiar a reforma da Previdência e foi dado um sonoro não a ele pelo Legislativo.

Se realmente queremos mudança, o foco deve ser na base legislativa, pois é de lá que irão acontecer as principais mudanças. Acredito fielmente que a figura de um Don Quixote e seu escudeiro não mudarão efetivamente nada, por maior que seja o desejo de todos. É necessário um governo mais forte e com mais coligações partidárias para aprovar profundas reformas.

Acreditar que presidentes controlam corrupção é acreditar em história da carochinha e, se fosse assim, o PT teria conseguido controlar alguma coisa neste sentido. As instituições são autocontroladas por meio de normativos independentes, como vem acontecendo agora através das instituições democráticas. Por isto me causa estranheza tanta gente culta enaltecendo determinados candidatos que seriam “da mudança”. Faço a pergunta: mudança de quê?

Espero que tenham razão, pois este também é meu desejo, mas, como disse no início, pode ser mais desejo do que realidade este profundo desejo de mudança.

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Política
Back to the game
27 de julho de 2018 at 13:26 0

Faltando pouco mais de dois meses para as eleições, começa de fato a corrida eleitoral e nunca existiu tanta indefinição em relação a quem serão os candidatos. Tendo em vista que, tradicionalmente, a maioria das disputas eleitorais se dava entre dois ou três maiores partidos no caso o PSDB, PT e PMDB e agora nós acompanhamos uma inversão dos papéis. 

Estamos diante de uma grande mudança do contexto eleitoral. A Operação Lava a Jato, principalmente, transformou o mundo político em antes e depois e juntamente com o primeiro ano da nova lei de financiamento de campanhas e da Lei da Ficha Limpa já estão impactando a eleição deste ano. Se tornou mais difícil fazer campanhas pelo modo antigo e convencional.

Inicialmente, alguns pré-candidatos tinham pretensões e se posicionarem como tal, porém acabaram se retraindo após avaliar até que ponto é vantajosa a exposição de mídia, além dos desgastes emocional e financeiro. O nível de exigência passou a ser maior em relação a alguns valores, que até então foram esquecidos pelos eleitores. 

O fato de termos um novo modelo de financiamento de campanhas torna, de certa forma, as eleições um pouco mais igualitárias, apesar da divisão do bolo ser proporcional ao tamanho do partido. Isso é bem demonstrado quando existem candidatos de partidos pequenos liderando as pesquisas, apesar de que o verdadeiro teste de fogo terá início juntamente com o horário eleitoral na TV. Não restam dúvidas que a propaganda eleitoral sempre teve forte impacto, porém acredito que será menor nessas eleições, com exceção das classes C e D que ainda sofrem influência mais abrangente da TV tradicional. 

No campo das mídias digitais os candidatos estão, potencialmente, no mesmo patamar de competitividade. As redes sociais, inclusive o WhatsApp, continuam mostrando cada vez mais sua relevância e influência com o eleitor. Sem dúvida, a união entre a mídia tradicional e as mídias digitais será o grande diferencial nessa eleição.

A eleição começou agora de fato, com o posicionamento de alguns partidos. O chamado “Centrão” já se coloca em relação a alguns partidos especialmente em função do seu histórico político, já que o grupo congrega várias vertentes e apoiar um candidato controverso pode não ser uma boa estratégia política. No caso, a melhor opção é o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB-SP). 

Tenho feito uma aposta pessoal na melhora do desempenho de Alckmin pois, como já falei algumas vezes no blog, ele é um dos únicos que realmente tem um lastro de governo durante 12 anos, sendo recentes os últimos 8 anos. Além disso, é o único que tem números consistentes para mostrar, pois São Paulo vem tendo um desempenho econômico e social bem acima de média de outros estados.

Com o tempo de televisão altamente favorável, algo em torno de 40% de todo o espaço, e com o apoio do Centrão, a candidatura de Alckmin deverá alavancar uma camada eleitoral de indecisos e até mesmo de eleitores próprios que estavam titubeando com a própria indecisão do PSDB em cair de cabeça na sua candidatura. Acredito que o grupo tentará atrair este nicho de eleitores que estavam indecisos e que começaram a desacreditar que ele pode ser um candidato competitivo.

O título “Back to the game” encarna esta realidade com a consolidação da aliança destes partidos com o PSDB.

Do outro lado ainda teremos que avaliar a maior incógnita da eleição que será o PT e Lula e seu possível candidato que parece que tende ser mais o Haddad ex-prefeito de São Paulo. 

O PT ainda não se refez enquanto partido, mas não se enganem que o rei não está morto. Está sim nocauteado, mas ainda está vivo e respira bem. Conhecendo a forma como o PT age, acredito que deixará para o último minuto a divulgação do nome do seu candidato, sempre pensando de forma estratégica para não queimar o cartucho e não serem atacados pelos concorrentes. 

Analisar o que vem pela frente não é um trabalho fácil para os cientistas políticos. Lula sabe que não pode errar de novo como aconteceu no caso da indicação da Dilma, sem dúvida um dos maiores desastres estratégicos da atualidade. Ele e seu partido pagaram um alto preço por essa escolha e ao tentar transformar a sua prisão em um fato político, como tentou há pouco com uma liminar de soltura. O lance do PT tende a ser único e estratégico, pois poderá mudar o resultado conforme a cooptação dos seus eleitores em torno do candidato indicado pelo partido e Lula.

Já o candidato Bolsonaro segue na sua toada, desbravando um campo aberto praticamente sem obstáculos. Ao lançar-se candidato enquanto a maioria dos outros partidos ainda tentava consolidar apoios ou decidir se lançavam candidato próprio, manteve-se em uma liderança, de certa forma, folgada. A corrida começa efetivamente em agosto e acredito que Bolsonaro bateu no teto das pesquisas ou próximo a ele. Não vejo crescimento maior do que o atual, porque agora nós vamos viver um pouco mais dos conteúdos do programa de governo. 

O discurso de Bolsonaro é eclético, ora comprometido com promessas de um novo momento sem corrupção para o Brasil e ora com discurso sobre compromissos econômicos de boa gestão, dependendo da audiência. Com exceção do programa do economista Paulo Guedes, que trouxe racionalidade econômica ao candidato, não dá para acreditar muito quando se olha seu histórico. Bolsonaro tem apenas a experiência de 15 anos de ter sido Deputado Federal na sua vida política e conseguiu atrair a atenção dos eleitores pela suas críticas e posicionamento muitas vezes polêmico. Se mostrando corajoso com as palavras, ele atrai um grande público por seu carisma, mas sem dúvida terá contra si o fato de nunca ter realizado nada como administrador ou mesmo gestor, especialmente em um possível segundo turno. 

Já Ciro Gomes mantém o seu forte ritmo de trabalho, fazendo-se ser lembrado por seu discurso polêmico principalmente na área econômica, apesar de ser o candidato que menos alegria irá dar aos agentes econômicos em geral. Tenta convencer com seu discurso embolado um eleitorado desiludido politicamente, que se posiciona muito a esquerda e às vezes quer fazer acordo com o Centrão. Difícil de entender, mas sabe que tem chances reais de ir ao segundo turno, além de saber fazer política. Longe de ser descartado como um dos protagonistas principais.

Assim como todos, Marina Silva vem trabalhando para o nome de seu vice ajude a dar maior consistência ao seu nome, como aconteceu na época de sua aliança com antigo governador do Recife, Eduardo Campos, e sem dúvida também é uma forte candidata ao segundo turno. Aparenta ser frágil, apesar de não ser e vai precisar de novamente escolher um vice que faça bem o equilíbrio da sua candidatura. 

Fazer uma análise política em momentos de transformação eleitoral brasileiro é quase um exercício lotérico. Cada movimento poderá influenciar os eleitores, que em sua maioria ainda não sabem em que candidato irão votar há apenas dois meses da eleição do primeiro turno.

Enfim, a grande novidade é que Alckmin is “Back to the Game”.

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Câmbio, Política
Entre a realidade e a ficção eleitoral
5 de julho de 2018 at 15:56 0

Estas eleições serão, certamente, as mais imprevisíveis e emocionantes das últimas décadas. Além da imprevisibilidade total, algo raro, outro fator que torna esta eleição única é a importância que deverá ser dada, por cada um dos candidatos, ao projeto econômico de sua coligação. Será neste ponto que será possível fazer a diferença entre a ficção e a realidade de cada campanha.

O perfil e a história de cada um dos candidatos permite uma ideia do que esperar no campo econômico. A intensidade da crise vivida deu aos brasileiros a urgência da saúde financeira do país, e isso dá aos candidatos a certeza que não será qualquer meia dúzia de besteiras econômicas que convencerão o eleitor.

O nome e sobrenome do político não é mais garantia de voto, vide os baixos índices nas pesquisas de alguns deles. Há rejeição pela velha política. As pessoas querem ideias e propostas sólidas, principalmente no plano econômico: como e de que forma o candidato convencerá o eleitorado que sua proposta financeira é uma realidade, e não uma peça de ficção eleitoreira.

Nesta segunda-feira li uma entrevista do economista Paulo Guedes, o principal articulador econômico de Jair Bolsonaro, pré-candidato à presidência que desponta como a opção entre aqueles que buscam uma mudança na postura política, na forma de governar e no fisiologismo habitual dos noticiários.

Paulo Guedes demonstra de forma clara o limite entre o real e o intangível, já que Bolsonaro não assume qualquer risco político ao contrariar a imagem dele feita pelos eleitores, mesmo que isso não pertença ao programa econômico. É preciso ficar claro que um programa econômico é sempre uma obra autoral, pertencente ao mentor financeiro da coligação, e que ele sempre estará longe de ser um compromisso dos candidatos.

A entrevista coloca, na própria fala do mentor de Bolsonaro, uma série de dúvidas que ele mesmo tem em relação à capacidade de Jair Bolsonaro em assumir reformas necessárias e fundamentais para a política fiscal do país. Há também dúvidas quanto ao programa de privatizações, embora Guedes acredite no aval presidencial, caso Bolsonaro seja eleito, para dar cabo às privatizações. Há dúvidas quanto à assunção pública desses compromissos. Parece que não.

Ciro Gomes, apontado pelas pesquisas como alternativa viável, que já vinha acenando ao mercado com uma abordagem econômica mais moderada, deu uma guinada no discurso pró-esquerda, e agora se posiciona não só contra as privatizações, como também a favor de rever aquelas já realizadas, como os leilões da Petrobras. Ciro Gomes fala o que o mercado não quer ouvir, como “limite de gastos em juros é praticamente falar em tabelar”.

Esse é um discurso claramente montado para atrair grupos de eleitores, principalmente aqueles adeptos de um modelo classista com apoio estatal de programas setoriais, e não de modelos econômicos. Estes setores tendem à esquerda e ainda não adotaram nenhum candidato. É esta fatia do eleitorado que Ciro Gomes tenta conquistar.

A terceira opção é Marina Silva, que traz consigo um programa montado para acalmar os mercados, terá como maior desafio convencer os eleitores de maior escolaridade e os especialistas do setor financeiro quanto à viabilidade de seu plano econômico, visto com desconfiança. Muitos acreditam que Marina não tem perfil operacional, o que inviabiliza a implementação do programa econômico. Sendo assim, suas propostas ainda são classificadas como ficção.

Por último temos Geraldo Alckmin, que seria a tendência natural para manutenção de uma política econômica com rumo correto. Alckmin, que tem maior lastro administrativo e trajetória mais consistente, traz consigo Persio Arida, um grande economista com experiências no setor privado e na área pública. Este será o plano econômico com maior aderência à realidade mercadológica.

Por que então as pesquisas, e os eleitores, têm punido tanto Geraldo Alckmin? Acredito em dois fatores: o primeiro é o desgaste político do PSDB e o segundo é a personalização do que o eleitor acabou por rejeitar, que são as coligações partidárias e o toma lá dá cá. Há também a pouca exposição econômica dos méritos de sua administração, principalmente na defesa explicita de um programa reformista mas privatista, uma bandeira pétrea do PSDB. Ao não assumir posições explicitas e compromissos formais, como faz Bolsonaro, seu principal concorrente, Alckmin perde força junto ao eleitorado que busca um presidente que combaterá a criminalidade com tolerância zero.

A questão que fica é: até que pontos os programas econômicos tem capacidade para influenciar e impactar a decisões dos eleitores? Ficará o Brasil à mercê de devaneios econômicos como na era Collor? É certo que os programas econômicos e de governo terão mais atenção à medida que influenciam o cotidiano.

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Câmbio, Política
Os mercados antecipam as eleições?
27 de junho de 2018 at 11:32 0

Sem dúvida a greve dos caminhoneiros antecipou o calendário eleitoral. Tanto a bolsa quanto os juros futuros e o câmbio incorporaram os fatores externos advindos da mudança de postura da economia americana. O aumento de juros e o protecionismo da economia americana fez com que fosse interrompida a calmaria que vinha perdurando nas economias emergentes em geral.

Além disso, essa mesma greve evidenciou a realidade e a fragilidade do governo atual que, para se livrar de um incômodo pontual, acomodou a situação e deixou a sensação de que estávamos muito mais vulneráveis do que imaginávamos.

O principal detonador da crise de confiança do mercado foi a demissão do Presidente da Petrobras, Pedro Parente, em função da falta de alinhamento com o discurso do governo de não estar mais vulnerável ao intervencionismo do preço de combustíveis. O governo, entretanto, por meio de decreto, acabou baixando o preço do óleo diesel. Pedro Parente saiu.

Com os mercados extremamente voláteis e seis meses eleitorais pela frente, fica a indagação dos mercados sobre o que esperar da diretriz econômica. Não há sequer um perfil aproximado do possível novo presidente, com exceção dos candidatos de centro, que não parecem ser os favoritos da população conforme as pesquisas recentes.

Aparentemente o gerenciamento dessa crise de confiança coube ao Banco Central. Instalada desde antes da Copa do Mundo, restou ao BC conduzir essa difícil e complicada transição eleitoral, evitando a solidificação do caos e pânico aditivados pelo grau de incerteza agora instalado.

Os mais experientes, como eu e outros da minha geração, já viveram várias crises cambiais. Sabemos como elas começam e os distúrbios gerados à vida cotidiana. A instabilidade do cenário, além de gerar uma grande incerteza na economia e nos negócios em geral, detona o índice de confiança, fundamental para os investimentos.

Nosso câmbio já vinha sendo precificado sem grandes interferências do BC, porém a onda de desvalorização dos mercados emergentes fez necessária a adição de todas as variáveis de risco político.

Em sua última reunião, o FED americano sinalizou uma alta gradual de juros, inviabilizando uma trégua cambial no curto prazo. Essa medida já contamina a curva de juros futuros, criando uma expectativa inflacionária a ser avaliada. Já aqui no Brasil, a decisão do COPOM no último dia 19 não surpreendeu quem acreditava no discurso de meta inflacionária do presidente do BC. O foco continua sendo o target inflacionário, o que não impactaria a trajetória de juros pelos distúrbios no câmbio, deixando de atrair capital especulativo e, consequentemente, diminuindo prêmio de risco do câmbio.

Há um velho ditado do mercado que diz: “a bolsa machuca, os juros aleijam e o câmbio mata”. A sabedoria das gerações passadas se mostrou novamente realidade.

Para que haja clareza: entregar um governo com a volatilidade econômica controlada é uma tarefa árdua, mas possível. Isso dependerá exclusivamente da perícia do Banco Central em administrar a tensão do mercado, dependendo de como vai operar os grandes momentos de estresse cambial.

O dólar a R$ 4,00 já é uma realidade no curto prazo, mesmo com as intervenções diárias do Banco Central. O grande problema não é o alto valor do dólar em si, já que setores da economia se beneficiam disso, e sim a oscilação em alto grau. A mudança de cotação de R$ 4,00 para R$ 4,50 fragiliza a confiança na política cambial brasileira.

O BC não terá trégua diante da intensidade dos eventos de descontinuidade política. Como ficou demonstrado nas últimas semanas, o mercado antecipou as eleições que estavam marcadas para depois da Copa. Cada pesquisa será refletida no dólar, nos juros e na bolsa. Como o câmbio mexe com toda cadeia econômica do país, a volatilidade exacerbada acaba paralisando a atividade econômica. Nessa situação, os agentes financeiros e a própria cadeia de importadores e exportadores têm dificuldades na formação de preço dos seus produtos. Se o dólar estiver muito volátil, o exportador pode estacionar os recursos no exterior, enquanto o importador adiará o fechamento do câmbio.

Não podemos desconsiderar a sensação de desalinhamento entre os juros internos e os juros americanos. Esse descolamento somado à baixa atratividade de investimentos em títulos soberanos brasileiros tem uma consequência: a curva futura de juros sobe.

A medida governamental de intervenções programadas de SWAP, como a anunciada no último dia 8, torna a política cambial mais ativa e menos reativa. Naquela ocasião, o câmbio despencou 6% em um dia e deu uma forte sinalização de mudança de comportamento. O que poucos notaram, entretanto, foi o fato da intervenção vir colada à oferta de crédito ponte de R$ 50 bilhões do FMI para a Argentina, que já estava sofrendo um ataque a sua moeda.

A realidade é que o preço do dólar não está mais alinhado aos indicadores técnicos e à metodologia de preço justo, mas ao prêmio de risco associado ao imponderável, isto é, àquilo que não enxergamos, principalmente no campo eleitoral. Um cenário otimista a favor do câmbio seria o crescimento dos candidatos de centro, em especial Geraldo Alckmin.

Jogue sua calculadora financeira fora, pois será de pouca utilidade para operar o mercado. O momento atual é de observação e sentimento. Fique atento às pesquisas, pois elas serão o gatilho de alta ou baixa do dólar.

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Finanças, Política
Os mercados e as eleições – Parte 2
6 de junho de 2018 at 10:53 0

Falei em meu último artigo sobre a volta da volatilidade aos mercados. Esperávamos um viés de baixa na bolsa, causado pelo momento externo americano e a situação eleitoral brasileira. Os preços não refletem a realidade do cenário externo e isso teria rescaldo em nossa economia.

Só que tudo foi antecipado pela greve dos caminhoneiros. É necessário cautela e poucos movimentos direcionais, pois a chance de se errar agora é maior. A cautela é necessária pois a volatilidade atrai o capital de maior teor especulativo, principalmente junto aos grandes players, ou quem tem apetite para assistir e digerir prejuízos com maior naturalidade.

Os maiores vencedores serão aqueles que mantiverem posição neutra, isto é, com operações com componente de maior hedge ou mesmo com limites de perdas controladas pela maior liquidez de ativos. Por sinal, a liquidez também cobrará um preço e um bom médico financeiro recomendaria cautela com a segunda e a terceira linha de bolsa. Em momentos de estresse a liquidez desaparece.

Para não me repetir, sugiro a leitura dos meus artigos anteriores em que faço a relação entre economia e política. Eles mostrarão como as tendências de mercado serão dadas pelos boletins de pesquisas eleitorais. No campo macroeconômico externo, o principal fator de influência serão os Estados Unidos, já que se fizermos uma análise 360º do mundo veremos que a política Trump continua a ser a grande novidade e atua como trigger do mercado. Quanto mais o presidente americano se movimentar para implementar seu programa de crescimento e melhoria das condições do mercado interno, maior será a pressão do dolad nas moedas locais dos mercados emergentes.

A volatilidade e a volta da concentração do fluxo de investimentos na América são muito ruins. A proteção de capital em ativos menos voláteis e vulneráveis à piora doméstica começa a se tornar estratégica. Como o consumo interno não terá grande crescimento devido à queda do índice de confiança, uma boa alternativa para os investidores em bolsa é a mudança de capital para empresas exportadoras.

O câmbio deverá seguir pressionado até que a situação eleitoral brasileira se mostre mais clara. Uma super desvalorização é improvável, mas a incerteza poderá funcionar como combustível para piora do cenário interno.

Pontos de atenção:

  • O governo é frágil e demonstrou isso cedendo às demandas feitas pelos caminhoneiros;
  • Fluxo cambial desfavorável e com política intervencionista, que controla os fluxos desfavoráveis e aumentam o pessimismo;
  • A situação econômica ruim é boa para os candidatos de extrema esquerda e extrema direita, conforme exposto em meu último artigo;
  • Interrupção no ciclo de baixa do juros e possível viés de alta;

O cenário internacional também deve contribuir com a turbulência brasileira. A zona do Euro terá a Itália como novo protagonista nos noticiários, já que as eleições acenderão novamente a questão da política econômica ortodoxa, com controle do déficit e manutenção de estabilidade em detrimento do chamado bem-estar social. Isso fará com o que debate sobre a saída de alguns países da zona do Euro reacenda. A Grécia é sempre uma lembrança.

Tivemos grandes avanços econômicos, dentre eles a reforma trabalhista, mesmo com um presidente campeão da impopularidade e com pouca margem de manobra. A situação política traz o ceticismo quanto à viabilidade das reformas mesmo após as eleições, afinal o desgaste da classe política dará ao futuro presidente pouca margem de manobra para implementar as reformas estruturais que o país precisa.

O Brasil deverá crescer 2% este ano, já que o ano político econômico acabará este mês. O segundo semestre estará reservado à Copa do Mundo e eleições.

Apesar de todas essas questões, o cenário brasileiro ainda é positivo e as conquistas deste governo em relação ao controle da inflação e ao juro baixo são inegáveis.

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Finanças, Política
Os mercados e a eleição presidencial brasileira
14 de maio de 2018 at 16:00 0

Os mercados dão sinais claros que os tempos fáceis acabaram. Daqui para frente o grau de incerteza tende a aumentar consideravelmente, o que elevará a volatilidade consequentemente.

Pressionado por vários motivos e variáveis que poderão impactar em seu preço, o dólar americano já deu a cara de como vai começar a se comportar. A cotação do dólar oscila por diversos motivos, como as variáveis externas que fogem ao controle brasileiro. É o que está acontecendo atualmente já que a política de Donald Trump tem afetado as economias emergentes.

Uma das promessas de Donald Trump foi valorizar a indústria americana. Com isso, políticas protecionistas foram implantadas nos EUA, o que certamente tem contribuído para o aquecimento da economia norte-americana. Pesa também a redução de impostos corporativos com maior controle da inflação, o que consequentemente gera maior expectativa no aumento da taxa de juro americana. Estes fatores por si só já têm capacidade de apreciar o dólar, consequentemente desvalorizando as moedas emergentes.

Uma das economias que têm sofrido com isso é a argentina, nem tanto pelo efeito externo, mas pela anemia de sua economia, combalida desde os anos 2000. Ajustes fiscais e econômicos foram feitos na Argentina, mas muito ainda precisa ser feito para que os hermanos consigam sair da armadilha inflacionária. Para se ter uma ideia, a expectativa de inflação oficial foi revista de 15% para quase 25% a.a, e a taxa de juros que aqui no Brasil está em 6,25% foi a 40% na Argentina.

Diferentemente do Brasil, a Argentina não possui uma grande reserva cambial que sirva de firewall aos ataques especulativos. Isso fez com que os argentinos pedissem um empréstimo de mais de US$ 30 bilhões ao FMI, contrariando uma promessa de campanha do presidente Mauricio Macri. Além da Argentina, Turquia, Rússia e Brasil agora sofrem com a desvalorização de suas moedas em um efeito que se estenderá por todos os emergentes. O grau de impacto deverá variar de acordo com a confiança externa e a solidez de cada nação. 

O mercado está otimista em relação ao Brasil, e isso me preocupa. Embora com taxa de juro historicamente baixa e inflação no piso, não podemos imaginar um cenário onde o Brasil volte a surfar em céu de brigadeiro, como foi durante a crise global de 2008. Qualquer análise deve sempre levar em conta o cenário interno, mais especificamente o eleitoral, que certamente impactará a economia a depender do eleito e da base partidária que o acompanhará.

Dentre os candidatos viáveis, podemos traçar as seguintes hipóteses:

Uma vitória da centro-direita com Alckmin, Álvaro Dias, Flávio Rocha ou Henrique Meirelles trará poucas mudanças na política econômica. Neste caso teremos uma manutenção do cenário financeiro, com dólar abaixo dos parâmetros já antes da eleição e juros no patamar atual. Isso se deve à crença do mercado na manutenção das reformas econômicas, o que segurará o dólar estável, juro baixo e bolsa em alta.

Caso a centro-esquerda vença com Ciro Gomes, um candidato do PT ou Marina Silva, que se posiciona um pouco mais ao centro, teremos maior indefinição econômica. A tendência pela suspensão das reformas e incerteza de cenários pressionará o dólar que, com a taxa de juro indefinida, fará com que a bolsa entre em queda.

Candidato de extrema-direita líder das pesquisas atuais, Jair Bolsonaro fará os mercados reagirem com bastante volatilidade em caso de vitória. Tudo dependerá da equipe econômica escolhida por ele e qual base eleitoral sustentará seu governo na Câmara e no Senado. Assim como Ciro Gomes, Bolsonaro será questionado pelo mercado por suas políticas na economia e na área social. Neste caso, o dólar deverá extrapolar os preços habituais e o juro deverá subir ligeiramente, em uma tentativa de segurar a especulação no dólar.

Levando todas essas alternativas em consideração, caso tivesse que decidir hoje por um curso de ação eu ficaria fora da bolsa, neutro na questão do juro, ou levemente comprado, e com maior posicionamento no dólar. Não é possível avaliar um cenário de curto prazo com grandes ou pequenos ganhos na compra em bolsa ou juros.

Há pouco para se ganhar e muito para se perder, apesar dos fundamentos financeiros do Brasil ainda estarem estáveis.

E lembre-se do velho ditado, eu sou você amanhã, hermano.

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Política
O baralho eleitoral do Brasil e o cenário possível durante eleições
23 de abril de 2018 at 17:21 0

Uma eleição é como um jogo de baralho. No certame presidencial brasileiro deste ano, a partida será jogada com diversos "decks" de cartas. O quadro eleitoral é incerto graças às complicações jurídicas vividas pelos partidos, pela nova legislação eleitoral e o número de candidatos novos, que oxigenam a disputa.

Do ponto de vista econômico, as novas regras de financiamento de campanha trazem mudanças importantes. Além da imposição de um limite de gastos às campanhas, há também restrição de quem pode fazer as doações e até como as campanhas de televisão podem ser feitas. 

A coisa complica também quando se olha o lado humano. A inviabilização de candidatos tradicionais e consolidados, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e os senadores Aécio Neves e José Serra, abre caminho para a entrada de novos atores à cena. São candidatos que representam uma multitude de espectros políticos, da esquerda à extrema-direita. Essa pluralidade de candidatos torna a eleição mais complexa, já que haverá muita mudança de intenção de votos entre candidatos do mesmo espectro político.

Tendo em vista este cenário, podemos empregar uma análise lógica. Não considerarei a candidatura de Lula, já que a tendência é que ele permaneça inelegível, o que torna a análise mais complexa, já que caso Lula concorresse, seria natural que todos os candidatos se alinhassem contra ele. Sem o ex-presidente o confronto será de todos contra todos. E isso adiciona um novo conjunto de cartas ao baralho.

Existem duas grandes forças em disputa: de um lado a esquerda e centro, e do outro a direita. 

Na centro-esquerda o destaque é Geraldo Alckmin, que oferece ao eleitor um currículo eleitoral com 14 anos de mandato como governador de São Paulo. A complexidade do maior estado da federação, e também a riqueza dele, dão solidez à campanha no quesito realizações e conquistas. Destaca-se a questão da segurança pública, como abordei no artigo anterior, a realização de obras e a administração do orçamento. Em comparação com os outros estados, São Paulo se saiu bem na crise econômica de 2014. Alckmin já disputou o cargo em 2006, o que lhe trará recall. Além disso, ele terá dois candidatos ao governo em São Paulo puxando voto para sua candidatura: Márcio França e João Dória. 

Apesar desses pontos a favor, Alckmin ainda não decolou nas pesquisas. Pesa também o aumento da rejeição ao partido devido às acusações contra Aécio Neves, embora Alckmin tenha passado ileso pela Lava-Jato.

Os demais candidatos do bloco que à esquerda ainda não decolaram, estão atualmente tentando tornar suas candidaturas viáveis. Entre eles encontram-se personalidades sem cunho partidário, mas com poder de conquista em segmentos diversos da sociedade, como o ex-ministro Joaquim Barbosa e o empresário Flávio Rocha. Ciro Gomes e Marina Silva, por exemplo, ainda não se posicionaram nacionalmente como candidatos. Além disso, a presença de dois candidatos de renome na esquerda pode acabar esvaziando as urnas dos dois.

A grande incógnita será a postura do Partido dos Trabalhadores nesta eleição. Jacques Wagner e Fernando Haddad, dois nomes ventilados pelo partido, não conseguem sequer atrair o voto do ex-presidente Lula. Com seu principal candidato inviabilizado, o PT terá como missão manter o cacife eleitoral da legenda, essencial na negociação de alianças. As cartas nos naipes do primeiro bloco, de esquerda e centro, estão se movimentando tentando abocanhar parte do eleitorado petista, órfão de um candidato viável.

No lado à direita do campo, Jair Bolsonaro enfrenta um problema oposto ao de Geraldo Alckmin. Sobra ao deputado carisma e intenção de voto, mas falta conteúdo administrativo e de gestão, já que Bolsonaro nunca ocupou nenhum cargo executivo. A inexistência de bandeiras é um dos principais problemas de Bolsonaro, que perde credibilidade eleitoral junto ao eleitor com maior índice de escolaridade e renda, parte importante do voto avesso à esquerda. 

Com a prisão de Lula e a entrada de novos candidatos no jogo, o candidato do PSL tem como maior desafio a consolidação do voto que, aparentemente, já é seu. Mesmo com todos esses poréns, Bolsonaro já é um candidato viável e estabelecido, ao contrário de boa parte dos pré-candidatos que aventaram candidatura. No pior dos cenários, Jair Bolsonaro é forte candidato ao segundo turno, algo ainda distante a grande parte dos outros candidatos.

Contra tudo e contra todos, entretanto, restam as “Fake News”, que devem dominar o cenário graças à leniência da legislação brasileira, que falha em coibir e punir veículos que divulgam notícias falsas, caluniosas ou tendenciosas. Jair Bolsonaro, por ser polêmico, deve ser uma possível vítima desse expediente, além de outros candidatos que se aventurem por temas mais polêmicos.

O candidato que se posicionar ao centro terá vantagem na disputa, basta para isso uma melhora no da economia. O número chave é 2,5% de crescimento do PIB. A história e as estatísticas mostram que o discurso do centro ganha adesão com melhor ambiente econômico, enquanto a direita e a esquerda dependem de um cenário econômico ruim para ganhar força. São os votos da mudança e, se está bom para todos, a mudança deixa de ser atrativa.

A partida de baralho está apenas começando, e quanto mais tentamos enxergar a mesa, mais embaralhadas e confusas ficarão as cartas. É preciso esperar que as cartas sejam jogadas, dentro e fora do baralho, para que possamos ver, de antemão, qual surpresa nos aguarda nesta eleição.

Será um verdadeiro jogo de cartas.

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Política
Será que Deus é mesmo brasileiro?
29 de março de 2018 at 13:00 0

Os tempos mudaram tanto no campo da violência quanto no desenvolvimento do país nas últimas duas décadas. Se fizermos uma análise temporal veremos que a violência aumentou radicalmente, independe do grau de desenvolvimento do país como um todo.

Não há ligação direta entre o desenvolvimento econômico e o desenvolvimento social e urbano. Uma prova disso são os estados, principalmente o Rio de Janeiro, que surfaram uma onda de prosperidade com o petróleo, o mercado de capitais e recentemente com as Olimpíadas. Mesmo com todos esses fatores alavancadores, o que temos visto é uma permanente decadência social e urbana graças à violência.

Atribuir o problema do Rio de Janeiro à crise do petróleo é uma solução pobre. Hoje a Cidade Maravilhosa só ganha de São Paulo na questão dos buracos no asfalto. São Paulo foi toda repaginada, e embora ainda tenha buracos nas ruas, tomou para si o mercado de capitais, a Fórmula 1, além de grandes eventos internacionais como o UFC. Isso acontece porque é mais fácil tampar buracos, como agora o prefeito de SP está dando prioridade, do que resolver a insegurança pública. Todos esses eventos que foram para São Paulo, e que antes ocorriam no Rio de Janeiro, embarcaram na ponte aérea em parte por falta de segurança. E quem perde com isso são os cariocas, que deixam de ganhar esses recursos devido ao êxodo.

Outro fator significativo da insegurança pública é a depreciação do patrimônio imobiliário, tanto dos investidores quanto dos cidadãos em geral. A criminalidade é um verdadeiro “perde perde” econômico.

A política de segurança pública deve sempre levar em conta a melhoria das condições de operação. É preciso investir em uma polícia moderna e eficiente, com equipamentos e estruturas adequadas, e também com uma área de inteligência competente acoplada a este processo. Por que há uma diferença tão grande entre São Paulo e o Rio de Janeiro, que sempre foram considerados os estados mais importantes da nação? Será por que São Paulo não foi atingido economicamente pela Operação Lava Jato, ou por que seus governantes tiveram outras prioridades? A segunda alternativa é a correta.

O papel de todo gestor é priorizar investimento, tanto financeiro quanto humano. A segurança pública é um campo onde podemos ver a importância da priorização correta. Se compararmos com Rio de Janeiro e diversos outros Estados brasileiros, assolados pela violência, temos a impressão que São Paulo é um outro país. Enquanto o Rio de Janeiro investiu R$ 2.469 em inteligência em 2017, ou seja, apenas R$ 0,0003% do orçamento, São Paulo destinou 3% do orçamento para inteligência. Somente como referência, o orçamento de São Paulo no ano passado para a segurança foi de R$ 12,5 bilhões.

É um erro investir em Museu da Música, Museu do Mar, e outros mega projetos, se o cidadão não pode se deslocar tranquilamente. A política de segurança pública do Rio é tão descuidada que dá pena de ver a aparelhagem da corporação. Policiais precisam de favores de empresários para abastecer e reparar viaturas, senão faltam veículos para policiar as ruas. Notícias recentes mostram que 50% dos carros da polícia não estão em circulação por falta de peças. As delegacias estão em estado de piedade. Como é que podemos pedir recuperação de roubo, solução de latrocínio, se as delegacias não conseguem sequer registrar um Boletim de Ocorrência?

Chegamos a uma situação extrema com a intervenção do governo federal. Se o Exército conseguir impor a lei, trazendo a ordem pública de volta a condições mínimas e razoáveis, pode ser que pela primeira vez em décadas o Rio tenha a chance arrumar toda esta bagunça. O interventor precisa de apoio da sociedade, não de falsos políticos que pregam que a intervenção que falhará por não ser uma política continuada. Nosso principal problema é institucional. A maioria dos políticos sempre conviveram muito bem com a população desassistida, todos adeptos da política de melhora de qualidade de vida dos mais carentes através de benefícios públicos. O que eles não enxergam é que o Programa Bolsa Família não cria valor de emprego e segurança, apenas crédito em conta. A cidade está hoje sitiada por bandidos, então como não ser favorável à intervenção do exército. Qual a outra opção? Quem lida com estado de sítio são as Forças Armadas, não as forças policiais.

A discussão do problema evoluiu para os métodos de intervenção, como a estratégia de cadastramento do morador da favela. Os falsos defensores dos vulneráveis usam o discurso dos Direitos Humanos igualitários para sugerir discriminação contra o pobre, ou o cidadão que mora em uma região de favela. Não podemos cair nessa balela que atinge traços até mesmo midiáticos. Sem utilizar técnicas novas, principalmente as tecnológicas, iremos andar em círculo.  Nós chegamos a um ponto onde centenas de pessoas morrem por bala perdida. A única vítima desse discurso limitante que tenta criminalizar a intervenção e a tentativa de se fazer alguma coisa é a população que morre no meio do tiroteio.

Monitoramento e serviços de inteligência sempre terão papel primordial. O OSS e o serviço de inteligência britânico foram essenciais para a vitória na Segunda Guerra Mundial. O que o Rio vive hoje é uma operação de guerra e não um caso de polícia, como muitos políticos tentam nos convencer. Nossas autoridades deveriam ir além e recorrer a outros países com experiência similar. Israel sobrevive em uma área de conflito permanente graças à tecnologia avançada para combater e eliminar inimigos infiltrados nos grandes centros populacionais, e a Colômbia trava há décadas uma guerra contra um inimigo paramilitar que chegou a dominar completamente grandes cidades.

O desenvolvimento é incompatível com os índices de criminalidade que temos nas principais cidades do país. O Brasil de hoje precisa de bons administradores que saibam o que priorizar. Nas próximas eleições devemos desconfiar do carismático presidenciável, e nos preocuparmos em eleger quem fizer e administrar bem, e que tenha um passado que corrobore este fato.

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Política
Putin x Trump: A segunda Guerra Fria da economia
4 de julho de 2017 at 15:29 0

O período da Guerra Fria marcou um capítulo interessante na história da humanidade. Estados Unidos de um lado, União Soviética do outro, mas não apenas em termos ideológicos. Apenas a título de curiosidade, algumas das maiores produções do cinema americano se basearam na rivalidade entre as duas grandes potências da época.

Hoje, entretanto, o assunto não é cinema, mas a delicada relação que os dois países mantem ao longo do tempo. De um lado a Rússia - considerada herdeira da extinta União Soviética e com todos os problemas decorrentes dos anos passados sob o manto do comunismo, e Estados Unidos - ainda considerado o país maior potência mundial, porém lutando para manter a posição com as economias com os olhos voltados cada vez mais para o Oriente. Noticiários e periódicos parecem estar replicando as manchetes dos anos 60, 70 e 80 com notícias de espionagem, posicionamentos opostos dos presidentes dos dois países sobre conflitos armados, apoio a ativistas e outras ações que levaram alguns especialistas a declarar que estamos vivendo um novo período de Guerra Fria. Faltou apenas mencionar que ambos os países concordam em algo essencial neste momento de globalização: os negócios. Segundo a Câmara de Comércio entre Rússia e Estados Unidos, cerca de 10.000 empresas de diversos segmentos geram mais de 3 milhões de empregos, totalizando aproximadamente US$ 25 bi em importações e exportações entre os dois países. Aqui no Brasil, a cooperação entre os dois países é prevista em US$ 10 bi ao ano tanto em cooperação técnica nas áreas de energia e agrícola, principalmente. Com tanto potencial econômico envolvido, não é de se estranhar que o empresário Donald Trump quisesse investir no país. Suas tentativas de estabelecer negócios na Rússia datam dos anos 80, quando afirmou que nunca ficou tão impressionado com o potencial de uma cidade quanto ficou com Moscou. Todos esses anos de “namoro” com a Rússia estão bem documentados pela imprensa, deste complexos hoteleiros que não vingaram a sócios russos acusados de lavagem de dinheiro, manipulação do mercados de ações e relações com a máfia. As investidas do então empresário ficaram sob um manto de suspeita que tomaram uma proporção ainda maior quando decidiu migrar para a carreira política e se tornou presidente. Há alguns meses a Casa Branca se pronunciou oficialmente sobre a questão, informando que o agora presidente Trump contratou um grupo de advogados para garantir que não existam suspeitas sobre suas conexões com a Russia – os críticos afirmam que isso não seria necessário caso o presidente liberasse o acesso ao seu imposto de renda. A teoria de que o momento atual é fruto do revanchismo russo tem seus adeptos. Há quem defenda a crença de Putin de que a Rússia não teve um tratamento justo durante a perestroika, agravando problemas econômicos e empobrecendo a população. A admissão pela OTAN de países historicamente contrários ao regime comunista imposto por Moscou anteriormente a admissão da Rússia parece ter agravado essa percepção e cada movimento da Otan em territórios e disputas regionais foi recebido como um insulto. Antecessor de Putin, Boris Iéltsin costumava afirmar que as dificuldades do país eram apenas momentâneas não apenas pelo armamento nuclear, mas principalmente pelo forte espírito russo. Putin parece ter carregado consigo esse aprendizado e colocado em prática durante seus dois mandatos. Por um lado, permanece a certeza de que o país não deve abrir mão de seus interesses e que sua opinião não deve ser ignorada. De outro, a convicção de que as revoluções levam o país a instabilidades que diminuem sua importância frente aos negócios mundiais. A única certeza é que, assim como na guerra fria, um confronto direto entre os dois países não irá produzir um vencedor. O medo, dessa vez, é menos uma bomba atômica e sim o colapso da economia e o reordenamento do cenário mundial  
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